São Tomé e Príncipe: Dirigente partidário denuncia "compra descarada" de votos
EDUARDO LOBÃO - LUSA
São Tomé, 28 jul (Lusa) - O vice-presidente do partido do Presidente da República de São Tomé e Príncipe denunciou hoje em São Tomé a "compra descarada" de votos nas eleições do passado domingo, facto que, garantiu, influenciou os resultados.
"A compra descarada, da consciência do eleitorado são-tomense é uma questão com a qual vimos convivendo de há algum tempo a essa parte", denunciou João Costa Alegre, que falava em conferência de imprensa.
"Tenho a certeza que se não fosse isso, o resultado das eleições seria completamente diferente", vincou o dirigente do Movimento Democrático Força da Mudança (MDFM-PL).
No passado domingo, o MLSTP obteve o maior número de votos e de mandatos autárquicos nas eleições locais e regional do Príncipe, tendo o MDFM-PL ficado em quarto lugar, sem ter conseguido eleger qualquer autarca.
Numa projeção de atribuição dos 55 lugares para o novo parlamento, que será eleito nas legislativas do próximo dia 01, o MDFM-PL passaria dos atuais 12 deputados para apenas quatro.
"Há um trabalho a fazer junto da nossa população para que ela começar a votar em consciência. Mas, infelizmente, tendo em conta a miséria extrema a levamos a nossa população, ela quer sobreviver e tenta encontrar todas as formas de sobrevivência", acrescentou.
Instado a dizer se o MDFM-PL vai apresentar queixa do sucedido, Costa Alegre respondeu que "existem órgãos próprios que devem tomar medidas e nada fazem".
"Infelizmente, os políticos da nossa praça aproveitam essa miséria para comprar a consciência das nossas populações", adiantou, assegurando que o MDFM-PL está isento dessa prática de compra de votos.
"Quero dizer, em nome do MDFM-PL, que estamos isentos. Enquanto não houver prova em contrário", destacou.
Na que foi a primeira declaração pública do MDFM-PL, após as autárquicas e regional do passado domingo, João Costa Alegre reconheceu que os resultados do partido ficaram aquém do esperado.
"O resultado que obtivemos não espelha a vontade de mudança ao longo dos anos manifestada pela nossa população", salientou, observando que para as legislativas de domingo aquela estrutura partidária vai trabalhar para "virar a situação".
"Hoje vamos retomar o nosso trabalho e tudo vamos fazer para virarmos a situação", destacando que o MDFM-PL "está habituado a ganhar, mas está preparado para perder".
Questionado a dizer se o resultado eleitoral do MDFM-PL no próximo domingo afectará o futuro político do Presidente da República Fradique de Menezes, João da Costa Alegre escusou qualquer ligação.
"O Presidente continuará a ser Presidente, seja qual for o partido que ganhe estas eleições. Será empossado pelo Presidente da República e está obrigado a trabalhar com o Presidente da República quer queira quer não", respondeu.
"O futuro político do Presidente a Deus pertence. Ninguém saberá o que ele fará depois do dia 03 de setembro (de 2011, quando acaba o segundo e último mandato presidencial)", concluiu.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
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