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Sem trabalho, dinheiro e comida, Rodrigues Campange, 51 anos, viu a machamba destruída pela seca e a horta arrastada pelas fúrias do Zambeze. Em Tambara, província moçambicana de Manica, para sobreviver do rio aproveita algas e da floresta frutas silvestres e tubérculos.
“Perdi toda a produção devido à estiagem e socorro-me de algas nas margens do rio e maçanica para nos alimentar [com a família]. É uma realidade dura mas é a única maneira de podermos escapar da fome”, diz à agência Lusa.
Rodrigues Campange é um dos cerca de 300 mil moçambicanos que vivem em situação de fome (250 mil no centro e 50 mil no sul), segundo o Programa Mundial para a Alimentação (PAM).
A campanha agrícola 2009/2010 foi um fracasso, devido a efeitos combinados da seca e cheias, no distrito de Tambara, centro de Moçambique. As machambas (hortas) na zona alta são desertos e na zona baixa pantanais.
As poucas culturas junto às zonas ribeirinhas e ilhotas do Zambeze foram com a ira das águas do maior rio do país e a semente lançada à terra no sequeiro “sucumbiu” com as altas temperaturas e a falta das chuvas. São visíveis sinais de má nutrição em adultos e crianças.
Nos celeiros (palhotas de bambu e campim), em lugar do milho, guarda-se agora a maçanica (fruto silvestre) colhida na floresta.
“Tive dias a fio com o estômago vazio por falta de comida”, explica também Francisco Massavala, residente no distrito de Chemba (província de Sofala), região limítrofe com Tambara.
As descargas da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, na província de Tete, pouco comuns na época seca, estão a agravar a situação em Tambara.
O Governo anunciou no princípio do ano que 55 (dos 128) distritos do país passariam fome e reconhece que a situação é complicada. Os esforços para minimizar a crise alimentar apenas abrangem a população mais vulnerável (idosos, doentes, crianças órfãs e deficientes).
“A população perdeu a produção da primeira época devido à seca e a destruição da segunda época está a complicar ainda mais a vida. Neste momento, 7500 famílias precisam de apoio urgente”, explicou Gilberto Canheze, administrador do distrito de Tambara.
“Fora de consumir a alga (em forma de sopa) temos enfrentado bastantes riscos para colhê-las no rio, pois nesta região abundam crocodilos e hipopótamos. Já assistimos a vários ataques, mas sem vítimas”, explica Francisco Massavala, acrescentando: “Ainda insistimos em colher as algas porque é a salvação do momento”.
“Temos assistido impotentes às águas do rio Zambeze, que sempre que chove galgam a zona alta e inundam machambas nas ilhas, mas quase não tiramos proveito do rio, o que faz de Tambara um distrito propenso a fome”, avança Rodrigues Campange.
O governo distrital quer construir 26 represas, para irrigar as machambas na zona alta, mas a falta de fundos está a retardar a concretização. Segundo Gilberto Canheze, a Caritas poderá apoiar a construção de 20 represas e fundos locais a das outras seis.
Além da fome, a população de Tambara debate-se com uma crise de falta de água potável. Quando se abre um poço ou um furo, mesmo à beira do rio, sai água salobra. Até agora não há iniciativas das autoridades para aproveitar a água do Zambeze para o consumo humano.
Sem trabalho, dinheiro e comida, Rodrigues Campange, 51 anos, viu a machamba destruída pela seca e a horta arrastada pelas fúrias do Zambeze. Em Tambara, província moçambicana de Manica, para sobreviver do rio aproveita algas e da floresta frutas silvestres e tubérculos.
“Perdi toda a produção devido à estiagem e socorro-me de algas nas margens do rio e maçanica para nos alimentar [com a família]. É uma realidade dura mas é a única maneira de podermos escapar da fome”, diz à agência Lusa.
Rodrigues Campange é um dos cerca de 300 mil moçambicanos que vivem em situação de fome (250 mil no centro e 50 mil no sul), segundo o Programa Mundial para a Alimentação (PAM).
A campanha agrícola 2009/2010 foi um fracasso, devido a efeitos combinados da seca e cheias, no distrito de Tambara, centro de Moçambique. As machambas (hortas) na zona alta são desertos e na zona baixa pantanais.
As poucas culturas junto às zonas ribeirinhas e ilhotas do Zambeze foram com a ira das águas do maior rio do país e a semente lançada à terra no sequeiro “sucumbiu” com as altas temperaturas e a falta das chuvas. São visíveis sinais de má nutrição em adultos e crianças.
Nos celeiros (palhotas de bambu e campim), em lugar do milho, guarda-se agora a maçanica (fruto silvestre) colhida na floresta.
“Tive dias a fio com o estômago vazio por falta de comida”, explica também Francisco Massavala, residente no distrito de Chemba (província de Sofala), região limítrofe com Tambara.
As descargas da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, na província de Tete, pouco comuns na época seca, estão a agravar a situação em Tambara.
O Governo anunciou no princípio do ano que 55 (dos 128) distritos do país passariam fome e reconhece que a situação é complicada. Os esforços para minimizar a crise alimentar apenas abrangem a população mais vulnerável (idosos, doentes, crianças órfãs e deficientes).
“A população perdeu a produção da primeira época devido à seca e a destruição da segunda época está a complicar ainda mais a vida. Neste momento, 7500 famílias precisam de apoio urgente”, explicou Gilberto Canheze, administrador do distrito de Tambara.
“Fora de consumir a alga (em forma de sopa) temos enfrentado bastantes riscos para colhê-las no rio, pois nesta região abundam crocodilos e hipopótamos. Já assistimos a vários ataques, mas sem vítimas”, explica Francisco Massavala, acrescentando: “Ainda insistimos em colher as algas porque é a salvação do momento”.
“Temos assistido impotentes às águas do rio Zambeze, que sempre que chove galgam a zona alta e inundam machambas nas ilhas, mas quase não tiramos proveito do rio, o que faz de Tambara um distrito propenso a fome”, avança Rodrigues Campange.
O governo distrital quer construir 26 represas, para irrigar as machambas na zona alta, mas a falta de fundos está a retardar a concretização. Segundo Gilberto Canheze, a Caritas poderá apoiar a construção de 20 represas e fundos locais a das outras seis.
Além da fome, a população de Tambara debate-se com uma crise de falta de água potável. Quando se abre um poço ou um furo, mesmo à beira do rio, sai água salobra. Até agora não há iniciativas das autoridades para aproveitar a água do Zambeze para o consumo humano.
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