quinta-feira, 26 de agosto de 2010

LULA E SANHÁ FOGEM À IMPRENSA


Presidentes da Guiné-Bissau e Brasil esquivam-se da imprensa; assessor fala em pedido para Brasil apoiar missão de estabilização

CMC - LUSA

Brasília, 25 ago (Lusa) - Os presidentes brasileiro e guineense esquivaram-se de falar com a imprensa hoje, mas o assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência do Brasil admitiu à Lusa que Malam Bacai Sanhá pediu apoio para uma missão de estabilização no seu país.

"Há alguns países no mundo que, se não tiverem apoio internacional, vão criar grandes problemas futuros para a comunidade internacional. Vou dar um exemplo claro: a Somália. Nós não queremos que se estabeleça na Guiné-Bissau aquilo que alguns denominam um Estado falido", afirmou Marco Aurélio Garcia.

O assessor especial do presidente Lula da Silva disse ainda que o Brasil vai perdoar a dívida da Guiné-Bissau, mas não soube precisar o valor da mesma.

Marco Aurélio Garcia reforçou que o Brasil está disposto a participar com efetivos numa missão de estabilização da Guiné-Bissau, mas ressaltou que isso ainda precisa de "ser visto tecnicamente".

Marco Aurélio Garcia disse que o presidente guineense, Malam Bacai Sanha, informou o governo brasileiro de que já há consenso entre as autoridades guineenses sobre o envio de uma missão de estabilização.

Questionado sobre se o presidente Lula fez diligências para a libertação dos guineenses detidos a 01 de abril, na sequência de um golpe militar, o assessor especial da Presidência respondeu que, durante o período que em que acompanhou a reunião entre os dois líderes, este assunto não foi abordado.

Malam Bacai Sanhá foi recebido por Lula da Silva no Palácio do Itamaraty, ao meio dia.

Após a reunião das duas delegações, os dois chefes de Estado formalizaram acordos de cooperação nas áreas de pescas, agricultura, educação superior, combate à sida e assistência a mulheres vítimas de violência.

Antes do almoço, Lula da Silva fez um breve discurso destacando que o Brasil está empenhado em ajudar o povo da Guiné-Bissau em consolidar a sua democracia e encontrar o caminho da prosperidade.

"O maior desafio para o caminho do desenvolvimento está em superar as nossas próprias fraquezas", disse Lula da Silva, parafraseando Amílcar Cabral, considerado o pai da independência da Guiné-Bissau.

O presidente brasileiro agradeceu ainda a medalha Amílcar Cabral, com que foi condecorado, e destacou que "nunca haverá paz verdadeira enquanto houver fome, desigualdade e desemprego".

Malam Bacai Sanhá reconheceu que a situação política interna da Guiné-Bissau "tem sido caracterizada por uma cíclica onda de instabilidade", que tem preocupado a comunidade internacional.

"É neste sentido que vos afirmo hoje a inabalável disposição de tudo fazer para a instauração no nosso país de um clima de paz, estabilidade, baseado num diálogo e na reconciliação", concluiu.

Após o encontro com Lula, Malam Bacai Sanhá foi recebido no Supremo Tribunal Federal pelo seu presidente, Cezar Peluso. Na quinta feira, o presidente guineense segue para Fortaleza.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

Sem comentários: