segunda-feira, 7 de março de 2011

LUATY BEIRÃO CONTA COMO TUDO SE PASSOU HOJE EM LUANDA

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“As pessoas deram conta que incomodam
só por discutirem algo tão singelo como uma manifestação”

Ana Machado – Público – 07 março 2011

“Éramos 17 pessoas, não se passava nada, muito poucos, depois vieram alguns jornalistas. Foi então que a polícia apareceu e disse que não podíamos estar ali, não invocaram razão nenhuma e agiram como se estivéssemos a praticar um crime. Montaram um grande aparato policial para causar impressão”, conta Luaty, que é conhecido em Angola pelo nome artístico de Brigadeiro Mata Fraxkus.

A situação acabou por aquecer quando a polícia encontrou alguns panfletos onde se explicava o que fazer para não desvirtuar uma manifestação pacífica.

“Revistaram-nos não leram os nossos direitos e começaram a gritar. Eu fui algemado e levaram-me para a esquadra à revelia, sem dizerem porquê. Até havia alguns polícias conhecidos por gostarem de distribuir chapada. Mas não se passou nada”, conta sobre o que aconteceu então até ser libertado esta manhã.

Luaty Beirão explica que, apesar da nova constituição apenas dizer que para realizar uma manifestação as autoridades têm de ser alertadas, este tipo de iniciativa nunca é autorizada. “Foi o que se passou com a vigília que tínhamos marcado para ontem à noite”.

E conta que um certo clima de medo se instalou entre as pessoas depois da manifestação pela paz de 5 de Março, organizada pelo MPLA, onde havia um discurso latente sobre evitar a todo o custo o regresso à guerra.

Mas, mesmo sem objectivos cumpridos, Luaty Beirão fala de vitória: “A estratégia do MPLA de descredibilizar a manifestação foi percebida pelas pessoas. Eles não conseguem ter a certeza do real apoio da população. Isso já é um grande passo, as pessoas estão a perder o medo. Sentimos que podemos incomodar. Estamos com pica. Vamos juntar-nos e ver as ideias que surgem. Talvez convocar uma coisa mais concreta, não direccionada ao fim do regime mas aos problemas da saúde ou da educação”.

*Notícia alterada às 13h40 (por Público)
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