ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA
O primeiro secretário do comité provincial de Cabinda do MPLA, e também governador da colónia, Mawete João Baptista, exorta os militantes do partido que governa Angola e ocupa Cabinda desde 1975, a manterem-se vigilantes face a eventuais planos de desestabilização da situação política e social.
Mawete João Baptista fez esta exortação durante uma assembleia de militantes, que se debruçou-se sobre: "Relações internacionais à luz da situação no norte de África", "Socialismo democrático como base ideológica do MPLA", "Programa de acção do governo da província de Cabinda", "Fundo de incentivo a investimento em Cabinda (FICA)" e "Enquadramento jurídico dos contratos de investimentos".
Segundo o órgão oficial do regime (Jornal de Angola, Fevereiro de 2010), citando Mawete João Baptista, “a província de Cabinda continua a ser o baluarte da revolução angolana, preponderância assumida desde os tempos da luta de libertação nacional”.
Não sei se eram bem estas as instruções que Mawete João Baptista recebeu de Luanda. Isto porque, segundo o regime que ocupa militarmente Cabinda, é preciso passar a ideia de que é urgente fazer uma limpeza na região
O político angolano, “que falava no acto do lançamento da agenda política do seu partido, recordou que o povo de Cabinda aderiu ao MPLA durante o período de libertação nacional nas matas do Maiombe, servindo de guia, abrigando combatentes, alimentando os guerrilheiros com banana, chikwanga e jingumba".
Os argumentos de Mawete João Baptista reflectem, de facto, uma realidade. É que os cabindas, como os angolanos, foram voluntários devidamente amarrados nas mãos do MPLA apenas por questões de subsistência.
E se Manuel Pedro Pacavira foi reeleito para o Comité Central e do Bureau Político do MPLA, e que foi Ministro da Agricultura e dos Transportes, representante de Angola na ONU, Governador do Kwanza Norte, embaixador em Cuba e na Itália, depois de ter feito a sua formação como colaborador da PIDE (folha 84 do Processo Crime nº 554/66 existente na Torre do Tombo, em Lisboa), é bem possível que alguns cabindas tenham optado voluntrariamente (com uma Kalashnikov encostada às costas) por defender o MPLA.
Mawete João Baptista garanta que os cabindas se identificam com a orientação política do partido. Cabindas que sabem, por amarga experiência própria, que ou seguem o que os donos do regime determinam ou levam um tiro, ficam sem emprego, vão presos.
Já em Maio do ano passado, Mawete João Baptista exortou as entidaddes religiosas no sentido de primarem pelas quastões espirituiais, visando a preparação e elevação da consciência moral e cívica da população.
“Elevação da consciência moral e cívica da população”? Estará Mawete João Baptista a pensar, entre outros, em Raul Tati, Francisco Luemba, Belchior Lanzo Tati, Barnabé Paca Pezo, André Zeferino Puati, José Benjamin Fuca?
O governador da colónia fez esta exortação no encontro com reverendos e pastores de diferente religiões, adiantando que na sua conduta o pastor deve ter o cuidado com as questões que lhe possam trazer contradições, combatendo as tendências discriminatórias, tribais, regionais, bem como a desconfiança que, na sua opinião, enfraquecem a nação.
Nação, como diria o homólogo português (este eleito) de José Eduardo dos Santos, de “Cabinda ao Cunene”?
A única forma de não enfraquecer a nação é falar verdade. E essa, quer queira ou não Mawete João Baptista, José Eduardo dos Santos ou Aníbal Cavaco Silva, diz-nos que Cabinda não é Angola.
Para Mawete João Baptista, as igrejas têm o papel mobilizador visando a promoção da amizade, a união entre os crentes, no seio das famílias, o combate contra a violência, de modo a que as populações possam viver em harmonia.
Será para que possam viver em harmonia que o regime colonial de Angola trata em condições execráveis, entre outros, em Raul Tati, Francisco Luemba, Belchior Lanzo Tati, Barnabé Paca Pezo, Andre Zeferino Puati, José Benjamin Fuca?
Se as mentiras que no reino lusitano são ditas sobre Angola ajudassem a reduzir o défice português, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, estaria bem da vida e não haveria necessidade de nenhum Programa de Estabilidade e Crescimento.
Mas não ajudam. Desde logo porque, da Presidência de República portuguesa ao governo, passando pelo Parlamento e pelos partidos, ninguém sabe o que é, da facto e de jure, Cabinda. Para quase todos, a história de Portugal só começou a ser escrita em Abril de 1974, ou até mais tarde, pelo que – como diz Cavaco Silva – “Angola vai de Cabinda ao Cunene”.
“Portugal é que é o culpado do que acontece em Cabinda. Não nos aceitou, traiu-nos”, diz o padre Congo, referindo-se ao processo de descolonização de Angola que deu de mão beijada e de cócoras o poder ao MPLA e, como se isso não fosse suficiente, rasgou os acordos que tinha asumido com o povo de Cabinda.
*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
O primeiro secretário do comité provincial de Cabinda do MPLA, e também governador da colónia, Mawete João Baptista, exorta os militantes do partido que governa Angola e ocupa Cabinda desde 1975, a manterem-se vigilantes face a eventuais planos de desestabilização da situação política e social.
Mawete João Baptista fez esta exortação durante uma assembleia de militantes, que se debruçou-se sobre: "Relações internacionais à luz da situação no norte de África", "Socialismo democrático como base ideológica do MPLA", "Programa de acção do governo da província de Cabinda", "Fundo de incentivo a investimento em Cabinda (FICA)" e "Enquadramento jurídico dos contratos de investimentos".
Segundo o órgão oficial do regime (Jornal de Angola, Fevereiro de 2010), citando Mawete João Baptista, “a província de Cabinda continua a ser o baluarte da revolução angolana, preponderância assumida desde os tempos da luta de libertação nacional”.
Não sei se eram bem estas as instruções que Mawete João Baptista recebeu de Luanda. Isto porque, segundo o regime que ocupa militarmente Cabinda, é preciso passar a ideia de que é urgente fazer uma limpeza na região
O político angolano, “que falava no acto do lançamento da agenda política do seu partido, recordou que o povo de Cabinda aderiu ao MPLA durante o período de libertação nacional nas matas do Maiombe, servindo de guia, abrigando combatentes, alimentando os guerrilheiros com banana, chikwanga e jingumba".
Os argumentos de Mawete João Baptista reflectem, de facto, uma realidade. É que os cabindas, como os angolanos, foram voluntários devidamente amarrados nas mãos do MPLA apenas por questões de subsistência.
E se Manuel Pedro Pacavira foi reeleito para o Comité Central e do Bureau Político do MPLA, e que foi Ministro da Agricultura e dos Transportes, representante de Angola na ONU, Governador do Kwanza Norte, embaixador em Cuba e na Itália, depois de ter feito a sua formação como colaborador da PIDE (folha 84 do Processo Crime nº 554/66 existente na Torre do Tombo, em Lisboa), é bem possível que alguns cabindas tenham optado voluntrariamente (com uma Kalashnikov encostada às costas) por defender o MPLA.
Mawete João Baptista garanta que os cabindas se identificam com a orientação política do partido. Cabindas que sabem, por amarga experiência própria, que ou seguem o que os donos do regime determinam ou levam um tiro, ficam sem emprego, vão presos.
Já em Maio do ano passado, Mawete João Baptista exortou as entidaddes religiosas no sentido de primarem pelas quastões espirituiais, visando a preparação e elevação da consciência moral e cívica da população.
“Elevação da consciência moral e cívica da população”? Estará Mawete João Baptista a pensar, entre outros, em Raul Tati, Francisco Luemba, Belchior Lanzo Tati, Barnabé Paca Pezo, André Zeferino Puati, José Benjamin Fuca?
O governador da colónia fez esta exortação no encontro com reverendos e pastores de diferente religiões, adiantando que na sua conduta o pastor deve ter o cuidado com as questões que lhe possam trazer contradições, combatendo as tendências discriminatórias, tribais, regionais, bem como a desconfiança que, na sua opinião, enfraquecem a nação.
Nação, como diria o homólogo português (este eleito) de José Eduardo dos Santos, de “Cabinda ao Cunene”?
A única forma de não enfraquecer a nação é falar verdade. E essa, quer queira ou não Mawete João Baptista, José Eduardo dos Santos ou Aníbal Cavaco Silva, diz-nos que Cabinda não é Angola.
Para Mawete João Baptista, as igrejas têm o papel mobilizador visando a promoção da amizade, a união entre os crentes, no seio das famílias, o combate contra a violência, de modo a que as populações possam viver em harmonia.
Será para que possam viver em harmonia que o regime colonial de Angola trata em condições execráveis, entre outros, em Raul Tati, Francisco Luemba, Belchior Lanzo Tati, Barnabé Paca Pezo, Andre Zeferino Puati, José Benjamin Fuca?
Se as mentiras que no reino lusitano são ditas sobre Angola ajudassem a reduzir o défice português, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, estaria bem da vida e não haveria necessidade de nenhum Programa de Estabilidade e Crescimento.
Mas não ajudam. Desde logo porque, da Presidência de República portuguesa ao governo, passando pelo Parlamento e pelos partidos, ninguém sabe o que é, da facto e de jure, Cabinda. Para quase todos, a história de Portugal só começou a ser escrita em Abril de 1974, ou até mais tarde, pelo que – como diz Cavaco Silva – “Angola vai de Cabinda ao Cunene”.
“Portugal é que é o culpado do que acontece em Cabinda. Não nos aceitou, traiu-nos”, diz o padre Congo, referindo-se ao processo de descolonização de Angola que deu de mão beijada e de cócoras o poder ao MPLA e, como se isso não fosse suficiente, rasgou os acordos que tinha asumido com o povo de Cabinda.
*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
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