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Nova Iorque, 19 mar (Lusa) -- A visita ao Brasil do Presidente norte-americano Barack Obama, a partir de hoje, vem relançar as relações bilaterais, depois de um ano "difícil", com diferendos diplomáticos a juntarem-se aos comerciais, afirma o diretor do Instituto Brasil no Wilson Center.
"Criou-se um ressentimento mútuo muito grande. (...) A partir da eleição de Rousseff, houve um esforço para fazer declarações, gestos, reabrir o diálogo num patamar positivo e isso para mim é uma prova muito grande da importância que cada um dos países atribui a esta relação", disse o brasileiro Paulo Sotero em entrevista à Lusa.
O "ano difícil", refere, deveu-se às posições diplomáticas divergentes em relação às crises nas Honduras e no Irão, que se vieram juntar aos mais antigos diferendos comerciais e sobre os subsídios públicos à indústria dos biocombustíveis norte-americana, concorrente da brasileira.
Inédito na longa história das visitas bilaterais, afirma Sotero, é o diálogo entre presidentes do Brasil e Estados Unidos começar com uma viagem deste último a Brasília.
"Pode ser fruto de coincidência, mas é significativo numa altura em que o Brasil aparece na cena global como país relevante na discussão de temas regionais e globais do interesse dos Estados Unidos", afirma.
Sotero considera ainda "interessante" a semelhança "muito forte" entre as agendas domésticas dos dois presidentes, que incluem "melhorar a qualidade de gastos públicos, investir mais e melhor em educação, infraestruturas, inovação, porque os dois países precisam aumentar a competitividade das suas economias".
Este alinhamento, afirma, permite lançar "a cooperação ou joint-ventures", e em particular investimentos bilaterais, ou mesmo noutras regiões.
"Uma das áreas que parece haver grande interesse é em esquemas de cooperação triangular nas Américas, mas também na África lusófona. Empresas brasileiras e americanas têm interesse comercial em Angola e Moçambique e os dois países têm claramente interesse político nisso", diz Sotero.
O clima da visita, afirma, é promissor e Obama, pois goza de grande popularidade no Brasil, será "muito bem recebido".
"É o sucessor de uma figura altamente impopular. Também é o primeiro presidente negro nos Estados Unidos, e o Brasil é uma nação multirracial, vem com a mulher e as duas filhas... aumenta a expetativa de que haverá um acolhimento bastante caloroso".
Um dos assuntos a que os brasileiros estarão particularmente atentos será ao apoio às pretensões de Brasília de ter um lugar permanente no Conselho de Segurança após a reforma em curso, depois de Washington ter feito o mesmo em relação à Índia.
"Existe a expetativa de que, se [Obama] não declarar apoio, no mínimo faça declarações que levem a conversa para essa direção. Já há declarações bastante claras nesse sentido, feitas por [Hillary] Clinton", afirma Sotero.
O diretor do Instituto Brasil afirma que na comunidade diplomática em Washington "começa a haver um consenso" quanto a estender ao Brasil o apoio já garantido à Índia.
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Nova Iorque, 19 mar (Lusa) -- A visita ao Brasil do Presidente norte-americano Barack Obama, a partir de hoje, vem relançar as relações bilaterais, depois de um ano "difícil", com diferendos diplomáticos a juntarem-se aos comerciais, afirma o diretor do Instituto Brasil no Wilson Center.
"Criou-se um ressentimento mútuo muito grande. (...) A partir da eleição de Rousseff, houve um esforço para fazer declarações, gestos, reabrir o diálogo num patamar positivo e isso para mim é uma prova muito grande da importância que cada um dos países atribui a esta relação", disse o brasileiro Paulo Sotero em entrevista à Lusa.
O "ano difícil", refere, deveu-se às posições diplomáticas divergentes em relação às crises nas Honduras e no Irão, que se vieram juntar aos mais antigos diferendos comerciais e sobre os subsídios públicos à indústria dos biocombustíveis norte-americana, concorrente da brasileira.
Inédito na longa história das visitas bilaterais, afirma Sotero, é o diálogo entre presidentes do Brasil e Estados Unidos começar com uma viagem deste último a Brasília.
"Pode ser fruto de coincidência, mas é significativo numa altura em que o Brasil aparece na cena global como país relevante na discussão de temas regionais e globais do interesse dos Estados Unidos", afirma.
Sotero considera ainda "interessante" a semelhança "muito forte" entre as agendas domésticas dos dois presidentes, que incluem "melhorar a qualidade de gastos públicos, investir mais e melhor em educação, infraestruturas, inovação, porque os dois países precisam aumentar a competitividade das suas economias".
Este alinhamento, afirma, permite lançar "a cooperação ou joint-ventures", e em particular investimentos bilaterais, ou mesmo noutras regiões.
"Uma das áreas que parece haver grande interesse é em esquemas de cooperação triangular nas Américas, mas também na África lusófona. Empresas brasileiras e americanas têm interesse comercial em Angola e Moçambique e os dois países têm claramente interesse político nisso", diz Sotero.
O clima da visita, afirma, é promissor e Obama, pois goza de grande popularidade no Brasil, será "muito bem recebido".
"É o sucessor de uma figura altamente impopular. Também é o primeiro presidente negro nos Estados Unidos, e o Brasil é uma nação multirracial, vem com a mulher e as duas filhas... aumenta a expetativa de que haverá um acolhimento bastante caloroso".
Um dos assuntos a que os brasileiros estarão particularmente atentos será ao apoio às pretensões de Brasília de ter um lugar permanente no Conselho de Segurança após a reforma em curso, depois de Washington ter feito o mesmo em relação à Índia.
"Existe a expetativa de que, se [Obama] não declarar apoio, no mínimo faça declarações que levem a conversa para essa direção. Já há declarações bastante claras nesse sentido, feitas por [Hillary] Clinton", afirma Sotero.
O diretor do Instituto Brasil afirma que na comunidade diplomática em Washington "começa a haver um consenso" quanto a estender ao Brasil o apoio já garantido à Índia.
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