ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA
"Quem tentar manifestar-se será neutralizado, porque Angola tem leis e instituições e o bom cidadão cumpre as leis, respeita o país e é patriota."
Quem o disse foi Bento Bento, primeiro secretário provincial de Luanda do MPLA (partido que governa o país desde 1975 e que tem como presidente da República há 32 anos, nunca eleito, José Eduardo dos Santos).
Quem hoje, tal como ontem e infelizmente como amanhã, tratou da neutralização de todos aqueles que queriam, pacificamente, manisfestar-se foram os militares e polícias do regime que, inclusive, levaram para a choldra os jornalistas (não afectos ao regime) que no cumprimento do seu dever faziam a cobertura da manifestação.
Mas que o regime tremeu, isso tremeu. Apesar da passividade criminosa dos mais representativos partidos da oposição, o MPLA temeu e teme que a onça desça ao quintal.
Basta ver que, perante o anúncio da manifestação, o Governo angolano apressou-se a pagar salários em atraso nas Forças Armadas e na Polícia, a fazer promoções em série e a, inclusive, a mandar carradas de alimentos para a casa de milhares de militares.
Basta também ver que, perante uma manifestação pacífica, o regime pôs nas rua e por todo o lado – mesmo em locais onde os angolanos nem sabiam que iria haver manifestação – os militares e a polícia a avisar que qualquel apoio popular aos insurrectos significava o regresso da guerra.
No entanto, por muita força que tenha a máquina repressora do regime angolano (e tem-na), nunca conseguirá fazer esquecer que 70% dos engolanos vivem na miséria, que apenas 38% da população tem acesso a água potável e somente 44% dispõe de saneamento básico.
Nunca fará esquecer que apenas um quarto da população angolana tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade, que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos.
Nunca fará esquecer que a taxa de analfabetos é bastante elevada, especialmente entre as mulheres, uma situação é agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino, que 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos.
Nunca fará esquecer que a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, o cabritismo, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos, que 80% do Produto Interno Bruto é produzido por estrangeiros, que mais de 90% da riqueza nacional privada é subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população, que 70% das exportações angolanas de petróleo tem origem na sua colónia de Cabinda.
Nunca fará esquecer que o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder.
Por tudo isto, a luta continua e a vitória é certa!
*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
Ler também no Alto Hama: O MPLA não tem dúvidas e garante: Em Angola quem manda somos nós
.
"Quem tentar manifestar-se será neutralizado, porque Angola tem leis e instituições e o bom cidadão cumpre as leis, respeita o país e é patriota."
Quem o disse foi Bento Bento, primeiro secretário provincial de Luanda do MPLA (partido que governa o país desde 1975 e que tem como presidente da República há 32 anos, nunca eleito, José Eduardo dos Santos).
Quem hoje, tal como ontem e infelizmente como amanhã, tratou da neutralização de todos aqueles que queriam, pacificamente, manisfestar-se foram os militares e polícias do regime que, inclusive, levaram para a choldra os jornalistas (não afectos ao regime) que no cumprimento do seu dever faziam a cobertura da manifestação.
Mas que o regime tremeu, isso tremeu. Apesar da passividade criminosa dos mais representativos partidos da oposição, o MPLA temeu e teme que a onça desça ao quintal.
Basta ver que, perante o anúncio da manifestação, o Governo angolano apressou-se a pagar salários em atraso nas Forças Armadas e na Polícia, a fazer promoções em série e a, inclusive, a mandar carradas de alimentos para a casa de milhares de militares.
Basta também ver que, perante uma manifestação pacífica, o regime pôs nas rua e por todo o lado – mesmo em locais onde os angolanos nem sabiam que iria haver manifestação – os militares e a polícia a avisar que qualquel apoio popular aos insurrectos significava o regresso da guerra.
No entanto, por muita força que tenha a máquina repressora do regime angolano (e tem-na), nunca conseguirá fazer esquecer que 70% dos engolanos vivem na miséria, que apenas 38% da população tem acesso a água potável e somente 44% dispõe de saneamento básico.
Nunca fará esquecer que apenas um quarto da população angolana tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade, que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos.
Nunca fará esquecer que a taxa de analfabetos é bastante elevada, especialmente entre as mulheres, uma situação é agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino, que 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos.
Nunca fará esquecer que a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, o cabritismo, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos, que 80% do Produto Interno Bruto é produzido por estrangeiros, que mais de 90% da riqueza nacional privada é subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população, que 70% das exportações angolanas de petróleo tem origem na sua colónia de Cabinda.
Nunca fará esquecer que o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder.
Por tudo isto, a luta continua e a vitória é certa!
*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
Ler também no Alto Hama: O MPLA não tem dúvidas e garante: Em Angola quem manda somos nós
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