Estados Unidos atiram Moçambique para a lista negra do tráfico de droga
Augusto Freitas de Sousa , Publicado em 20 de Julho de 2010 - i online
Um dos empresários mais conhecidos do país foi apelidado de barão da droga
A recente inclusão do empresário Mohamed Bachir Suleman na lista negra do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos está no centro de uma polémica que já ultrapassou as fronteiras de Moçambique. A lista é elaborada pelo Office of Foreign Assets Control (OFAC), que depende do Tesouro, responsável pelo bloqueio de fundos de centenas de americanos e estrangeiros suspeitos de actividades criminosas.
O director da OFAC, Adam J. Szubin, garantiu que Mohamed Bachir Suleman "é um importante traficante de drogas em Moçambique e a sua rede contribui para a tendência de crescimento do tráfico de drogas e lavagem de dinheiro relacionado com toda a África austral". O empresário é proprietário de várias empresas em Moçambique e presidente do grupo MBS que detém, entre outros activos, o Maputo Shopping Center.
Já depois do pedido do governo moçambicano aos Estados Unidos sobre provas do envolvimento do empresário, o director da Polícia de Investigação Criminal (PIC) de Moçambique, Carlos Comé, garantiu ao i que Bachir Suleman "não é suspeito nem referenciado em qualquer processo nas brigadas anti-droga da PIC". Carlos Comé esclareceu que também já pediu "às autoridades americanas, Interpol e outras polícias que enviem informação e suporte técnico sobre as actividades do empresário". Mas, adiantou, "nos processos judiciais que existem - de suborno e emissão de cheques sem provisão -, Mohamed Bachir é o queixoso". Carlos Comé acrescentou ainda ao i que também no Gabinete Central de Prevenção e Combate à Droga, que depende directamente do primeiro-ministro, "não há qualquer processo ou investigação ao empresário".
A inclusão na lista congela qualquer movimento financeiro que três empresas de Mohamed Bachir - Grupo MBS Limitada, Grupo MBS-Kayum Centre e Maputo Shopping Centre - possam exercer nos Estados Unidos, assim como qualquer outra transacção financeira ou comercial.
Fontes contactadas pelo i sugeriram que a ascensão meteórica e o enriquecimento de Bachir Suleman suscitaram algumas dúvidas junto dos meios judiciais. A ostentação do empresário - os automóveis têm as iniciais MBS na matrícula - e os alegados favores do partido no poder (FRELIMO) contribuíram para os rumores. Este ano, em Março, a notícia da cedência do espaço onde actualmente funciona o Comando da Marinha de Guerra, na cidade de Maputo, ao Grupo MBS, voltou a levantar a questão. No espaço, está prevista a construção de um hotel de cinco estrelas e um parque de estacionamento. Até ao fecho desta edição não foi possível obter qualquer comentário de Mohamed Bachir Suleman. Em declarações à televisão de Moçambique, o empresário disse que nada tinha a ver com o assunto de que é acusado.
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