MARTINHO JÚNIOR
II – A “PISTA NEO COLONIAL” DE ÁFRICA
Na parte mais apetitosa do Continente, a China repete hoje o que o “Ocidente” fez durante o século XX, aproveitando o rescaldo das infra estruturas, estruturas e actividades que existiram antes, ou reconstruindo-as, ou ampliando-as.
Congo, Angola e Zâmbia são parte dessa “substância”: para além do escândalo geológico e mineralógico, os três países possuem no seu conjunto cerca de metade da água interior do Continente e apresentam, particularmente Angola (o único deles que possui uma costa oceânica muito ampla), imensos espaços virgens, com baixíssima densidade demográfica, aptos para a agricultura intensiva, bastando para o efeito seguir os planos de aproveitamento hidrográfico que foram estabelecidos na fase final do colonialismo.
A China, por exemplo, terá conseguido de forma discreta em Portugal, uma cópia integral do grande “Plano do Cunene”, capaz de se entrosar com o plano do “Okawango and Upper Zambeze Tourismo Innitiative” e se participar no eixo das políticas de desenvolvimento visando diversificar a economia (conforme ao que tudo indica), poderá em menos de um quinquénio, com seus imensos recursos, contribuir para se realizar em Angola uma recuperação agrícola e pecuária sem precedentes, alcançando ou superando as metas obtidas no tempo colonial, de que também poderá garantir proveito (u exemplo poderá ser os bio combustíveis).
Isso é tão exequível quanto, face à crise global e sob sua pressão, é o próprio estado angolano que aposta na agricultura, pecuária, pescas e turismo como alternativas “emancipadoras” à dependência dos recursos provenientes dos sectores do petróleo e dos diamantes, no âmbito da “passagem de testemunho”.
Os minérios do interior de África são o grande atractivo e para os exportar a China começou a recuperar as vias ferroviárias que foram antes construídas pelos “Ocidentais” (é o caso por exemplo do CFB), ou construindo de raiz (é o caso do TanZam), mas quase sempre segundo traçados financeiros e físicos de investimentos no âmbito dos interesses dos Rockfeller, dos Rothchield, ou dos Oppenheimar…
As imensas reservas financeiras em divisas que a China “conseguiu” na corrente fase de “passagem de testemunho” que ocorre na “estratosfera” do capitalismo global, (que obriga à deslocalização de estruturas industriais e comerciais, bem como à reorientação das rotas marítimas e aéreas de longo curso), permite-lhe por um lado virar-se ainda mais para dentro do seu território (há centenas de milhões de chineses que ainda não foram “absorvidos” pelo turbilhão do “mercado”), como para os países detentores de matérias primas, os países que compõem a “pista neo colonial” africana.
Para que isso aconteça é necessário em fase de “transição técnica do testemunho”:
- Que os capitais das oligarquias financeiras ao nível dos Rockfeller e dos Rothchield se “casem” com os capitais próprios, a fim de erigir a “grande estratégia” de aprofundamento da globalização que passa a partir de agora a ter no “Oriente” o seu motor principal.
- Que se produza um entendimento tácito multipolar entre as potências, mas com ênfase na relação bilateral Estados Unidos-China, capaz de criar um “campo de harmonia” (extensivo a África), que estabeleça premissas mínimas de estabilidade (ausência de tiros), muito em especial nas regiões onde se estão a fazer as recuperações de infra estruturas, estruturas e meios que vão operar na extracção e transporte de matérias primas.
- Que o conjunto das acções se “reproduzam” também nos relacionamentos com as “parcerias” africanas, ou seja, nas suas “novas elites administrativas”, pois será só com o seu concurso e empenhamento, de acordo com o projecto do capitalismo global, que os investimentos poderão vigorar e ter garantida continuidade.
Na “passagem de testemunho”, mantendo-se dominantes as premissas capitalistas, África é a “pista neo colonial reinventada pelo Oriente”, não mais nos moldes que foram sustentados pelos “Ocidentais”, mas num processo refinado pelas milenares culturas “Orientais” e pelo rigor dum poderoso estado em que o comunismo se configurou em “disciplina harmoniosa” mas mantendo na essência relações de produção e de classe bastante similares.
África conhecerá pois outra cadência de acção, outro tipo de comportamentos e de atitudes, sem que a essência das relações seja substancialmente alterada, o que só pode merecer a aprovação de quem gere os capitais da globalização que caiu na “sorte” do Mundo.
Martinho Júnior
27 de Fevereiro de 2009.
II – A “PISTA NEO COLONIAL” DE ÁFRICA
Na parte mais apetitosa do Continente, a China repete hoje o que o “Ocidente” fez durante o século XX, aproveitando o rescaldo das infra estruturas, estruturas e actividades que existiram antes, ou reconstruindo-as, ou ampliando-as.
Congo, Angola e Zâmbia são parte dessa “substância”: para além do escândalo geológico e mineralógico, os três países possuem no seu conjunto cerca de metade da água interior do Continente e apresentam, particularmente Angola (o único deles que possui uma costa oceânica muito ampla), imensos espaços virgens, com baixíssima densidade demográfica, aptos para a agricultura intensiva, bastando para o efeito seguir os planos de aproveitamento hidrográfico que foram estabelecidos na fase final do colonialismo.
A China, por exemplo, terá conseguido de forma discreta em Portugal, uma cópia integral do grande “Plano do Cunene”, capaz de se entrosar com o plano do “Okawango and Upper Zambeze Tourismo Innitiative” e se participar no eixo das políticas de desenvolvimento visando diversificar a economia (conforme ao que tudo indica), poderá em menos de um quinquénio, com seus imensos recursos, contribuir para se realizar em Angola uma recuperação agrícola e pecuária sem precedentes, alcançando ou superando as metas obtidas no tempo colonial, de que também poderá garantir proveito (u exemplo poderá ser os bio combustíveis).
Isso é tão exequível quanto, face à crise global e sob sua pressão, é o próprio estado angolano que aposta na agricultura, pecuária, pescas e turismo como alternativas “emancipadoras” à dependência dos recursos provenientes dos sectores do petróleo e dos diamantes, no âmbito da “passagem de testemunho”.
Os minérios do interior de África são o grande atractivo e para os exportar a China começou a recuperar as vias ferroviárias que foram antes construídas pelos “Ocidentais” (é o caso por exemplo do CFB), ou construindo de raiz (é o caso do TanZam), mas quase sempre segundo traçados financeiros e físicos de investimentos no âmbito dos interesses dos Rockfeller, dos Rothchield, ou dos Oppenheimar…
As imensas reservas financeiras em divisas que a China “conseguiu” na corrente fase de “passagem de testemunho” que ocorre na “estratosfera” do capitalismo global, (que obriga à deslocalização de estruturas industriais e comerciais, bem como à reorientação das rotas marítimas e aéreas de longo curso), permite-lhe por um lado virar-se ainda mais para dentro do seu território (há centenas de milhões de chineses que ainda não foram “absorvidos” pelo turbilhão do “mercado”), como para os países detentores de matérias primas, os países que compõem a “pista neo colonial” africana.
Para que isso aconteça é necessário em fase de “transição técnica do testemunho”:
- Que os capitais das oligarquias financeiras ao nível dos Rockfeller e dos Rothchield se “casem” com os capitais próprios, a fim de erigir a “grande estratégia” de aprofundamento da globalização que passa a partir de agora a ter no “Oriente” o seu motor principal.
- Que se produza um entendimento tácito multipolar entre as potências, mas com ênfase na relação bilateral Estados Unidos-China, capaz de criar um “campo de harmonia” (extensivo a África), que estabeleça premissas mínimas de estabilidade (ausência de tiros), muito em especial nas regiões onde se estão a fazer as recuperações de infra estruturas, estruturas e meios que vão operar na extracção e transporte de matérias primas.
- Que o conjunto das acções se “reproduzam” também nos relacionamentos com as “parcerias” africanas, ou seja, nas suas “novas elites administrativas”, pois será só com o seu concurso e empenhamento, de acordo com o projecto do capitalismo global, que os investimentos poderão vigorar e ter garantida continuidade.
Na “passagem de testemunho”, mantendo-se dominantes as premissas capitalistas, África é a “pista neo colonial reinventada pelo Oriente”, não mais nos moldes que foram sustentados pelos “Ocidentais”, mas num processo refinado pelas milenares culturas “Orientais” e pelo rigor dum poderoso estado em que o comunismo se configurou em “disciplina harmoniosa” mas mantendo na essência relações de produção e de classe bastante similares.
África conhecerá pois outra cadência de acção, outro tipo de comportamentos e de atitudes, sem que a essência das relações seja substancialmente alterada, o que só pode merecer a aprovação de quem gere os capitais da globalização que caiu na “sorte” do Mundo.
Martinho Júnior
27 de Fevereiro de 2009.
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