terça-feira, 27 de julho de 2010

Angola - Questões linguísticas e culturais atrasam acordo

Directora do Instituto Internacional de Língua Portuguesa – foto ANGOP

Ortografia - Atraso de Angola na ratificação do acordo deve-se a questões linguísticas e culturais

ANGOLA PRESS

Praia (Do enviado especial) - A directora do Instituto Internacional de Língua Portuguesa, Amélia Mingas, justificou o atraso de Angola na ratificação do novo Acordo Ortográfico com a necessidade de se integrar aspectos indispensáveis a realidade linguística e cultural do seu país nesse regulamento.

Em declarações aos quatro órgãos públicos de comunicação social de Angola, a angolana Amélia Mingas salientou que isto acontece por haver uma situação específica da língua portuguesa no seu país que não é a mesma no Brasil, em Moçambique ou aqui em Cabo Verde.

“Há especificidades ligadas a nossa cultura e as nossas línguas que se reflectem no modo como falamos e escrevemos o português”, alertou a Amélia Mingas, uma das professoras-doutoras angolanas de Linguística Bantu.

Disse achar o debate muito delicado sobretudo para os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), daí que Angola e Moçambique estejam a analisar com profundidade estes aspectos, o que justifica o seu atraso na ratificação do acordo.

Disse que por acharem um acordo de todos os povos que falam a língua portuguesa e herdaram a língua portuguesa, ele tem de reflectir a nossa realidade linguística e cultural.

Este aspecto que se quer salvaguardar, a identidade linguística e cultural de outros povos que não só portugueses nem brasileiros, mas que falam português e tem esta língua como sua recalcou.

Mesmo com esta visão sobre o assunto, Amélia Mingas manifestou-se optimista quanto ratificação do acordo, adiantando que está mais próximo do que se pensa, restando apenas saber quando e como ser feito.

Penso que já teve o tempo suficiente para chegar a uma proposta que dignifique a língua portuguesa falada em Angola e que salvaguarde a identidade linguística e cultural do nosso país apontou.

Na sua entrevista aos órgãos públicos angolanos, a linguística falou também do funcionamento do Instituto Internacional de Língua Portuguesa da qual directora em fim de missão depois de dois mandos sucessivos do anual. Referiu que a sua gestão e de outros directores que a antecederam foi difícil por falta de financiamentos dos países membros e que algum trabalho de realce foi feito devido a um apoio do Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos.

Explicou que com o apoio do Presidente de Angola se organizou um simpósio internacional com a presença de investigadores e cientistas de sete Estados membros, o instituto organizou e financiou actividades culturais por ocasião do dia nacional de quatro Estados sem representação diplomático local (Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Timor Leste).

Nesse dia, o instituto foi praticamente a embaixada destes cidadãos e permitiu a aproximação deles com a comunidade cabo-verdiana - anunciou.

Destacou que um dos aspectos importantes nesta ajuda do Presidente da República de Angola foi a elaboração de colectâneas de literatura oral, desde meados de 2008, altura em que foi apresentada uma recolha de investigadores de toda comunidade.

Temos uma colectânea colectiva de adivinhas, uma segunda de provérbios e colectâneas individualizadas de contos e lendas. Portanto um total de 16 obras e que foram possíveis graças a esta ajuda especial do presidente de Angola afirmou Amélia Mingas.

Quanto ao futuro da instituição, salientou: O que está previsto na CPLP animador para quem vier porque esta a ser analisada e certamente viabilizada a estruturação do Instituto Nacional de Língua Portuguesa e portanto vão ser criadas as condições para quem estiver frente desta instituição em termos de apoio técnico, cientifico e o nível de apoio financeiro.

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