ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA
Ainda José Sócrates não abandonou o poleiro e já Pedro Passos Coelho começa a mostrar que, afinal, é mais o que os une do que aquilo que os separa. E a ser assim, os portugueses que se cuidem!
O PSD diz que quer pôr ordem e em ordem as empresas do Sector Empresarial do Estado já que são, no seu dizer, um problema para a economia (mas ainda existe economia?) do país.
Pelos exemplos das últimas décadas, onde os donos do poder foram sempre PSD e PS, PS e PSD, são uma doença que, por ser crónica, ninguém está de facto interessado em tratar.
E não estão interessados porque essa doença serve para encher os bolsos de muita gente, sobretudo daqueles que gravitam na esfera do poder.
Desta vez, garante o PSD, vai ser diferente. Passos Coelho quer que os seus especialistas resolvam o problema. Está-se mesmo a ver. O que eles vão fazer é participar nos cuidados paliativos de modo a mascarar a enfermidade que, com jeitinho, será um porto de abrigo para a sua rapaziada.
O PSD considera que, sobretudo pelas mãos socialistas e sob a batuta de José Sócrates, o Sector Empresarial do Estado cresceu sem qualquer tipo de racionalidade.
É verdade. Mas se não fosse assim, onde seriam colocados os homens do sistema que, para além de política mediocre, nada mais sabem fazer?
É verdade que o Governo de José Sócrates está, como sempre esteve, com as empresas (públicas, privadas ou assim-assim) ligadas ao PS, às dos amigos do PS, às que empregam os amigos do PS, às que financiam os amigos do PS, às que fazem propaganda ao PS, às que albergam militantes do PS, às que dão empregos milionários a ex-dirigentes do PS.
Mas se hoje é assim, ontem também foi assim. Quase sempre quem mamou na gamela foi o PSD e o PS. Daí que ninguém com perspectivas de chegar aos tachos esteja verdadeiramente interessado em resolver a questão.
Hoje o PSD pode acusar o PS. Mas não pode esquecer que têm muitos, mas muitos, telhados de vidro.
Ainda não há muitos anos se poderia dizer que o PSD esteva com as empresas (públicas, privadas ou assim-assim) ligadas ao PSD, às dos amigos do PSD, às que empregam os amigos do PSD, às que financiam os amigos do PSD, às que fazem propaganda ao PSD, às que albergam militantes do PSD, às que dão empregos milionários a ex-dirigentes do PSD.
Em bom português poder-se-á dizer que, no fim de contas, as moscas podem mudar, mas a merda continua a ser a mesma.
*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
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