sexta-feira, 30 de julho de 2010

"Apoio à sociedade da Guiné-Bissau é fundamental"


DIÁRIO LIBERDADE

RNW - A instabilidade na Guiné-Bissau foi tema de destaque durante a cúpula da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, que aconteceu na semana passada em Angola. As autoridades dos estados membros prometeram levar solidariedade e apoio a esse pequeno país de língua portuguesa que fica na costa ocidental da África.

Independente de Portugal desde 1975, a Guiné-Bissau vive mais uma vez uma situação pós golpe de estado. Em 1º de abril um grupo de militares prendeu o primeiro ministro Carlos Gomes Júnior e o chefe de estado maior das Forças Armadas, José Zamorra Induta.

Lucia van den Bergh é responsável da Oxfam-Novib para os programas de ajuda ao desenvolvimento destinados à Guiné-Bissau e Angola. Van den Bergh visitou o país em maio e viu a população sair às ruas de forma pacífica para protestar contra o golpe.

"Após os protestos dos guineenses, houve um pedido das Nações Unidas para libertar o chefe de estado maior, que ainda está preso. O governo disse que eles querem liberta-lo, mas que de fato, não tem poder para faze-lo. Isso porque o exército controla o país. Ou seja, o presidente voltou ao seu cargo, mas, na prática não tem autoridade em muitos aspectos", afirma Van den Bergh.

Segundo os analistas internacionais, a crise política de 2008 tinha a ver com o narcotráfico. O governo do primeiro ministro Carlos Gomes Júnior, que assumiu o cargo em janeiro de 2009, estava tentando normalizar a situação do país, que havia se tornado rota de tráfico de drogas vindas da América Latina rumo à Europa.

"O uso das drogas está aumentando. Porque quando há drogas e quando os traficantes querem envolver mais pessoas para ter apoio, a atitude é primeiro drogar novas pessoas para criar mais dependência."

Sociedade civil

Mas a sociedade guineense não convive apenas com crises. Lucia Van den Bergh presenciou a exibição de programas produzidos por jovens de uma TV comunitária de em uma quadra de esportes num bairro carente da capital, Bissau.

"Após o noticiário, mostraram uma reportagem sobre o lixo e as doenças que poderiam ser causadas por ele. Para a matéria, os jovens entrevistaram as pessoas da comunidade e o professor da escola. O público que assistia a reportagem, cerca de três mil pessoas, se sentiu orgulhoso ao ver quem eles conheciam as pessoas que apareciam no telão. Em seguida, os jovens repórteres perguntaram aos presentes qual seria a solução para o problema. Esse é um exemplo da força da população."

Embora o combate às drogas e a ajuda financeira da comunidade internacional a Guiné-Bissau sejam necessárias, apoiar a sociedade civil também é fundamental, segundo Van Den Bergh: "a sociedade civil guineense tem tido um papel muito importante na estabilidade do país em todos esses anos. O que é preciso é ver quais são as iniciativas, as necessidades e as prioridades por lá. E apoiá-las para melhorar a vida da população."

Sem comentários: