segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O ECHELON ACTUA EM PLENA ONU

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MARTINHO JÚNIOR

O ECHELON ACTUA EM PLENA ONU - I

ESTADOS UNIDOS – TRATADO “UKUSA” E “ECHELON” , OU A BASE DA CAPACIDADE “INTELIGENTE” DO PODER HEGEMÓNICO

A vitória dos aliados na IIª Guerra Mundial, sobre as potências do Eixo, foi sentida como um passo importante na construção da humanidade, pelas implicações que isso trazia não só para a liberdade e a democracia, mas também para o espaço em aberto na tentativa de encontrar soluções mais exequíveis, para que os níveis de desenvolvimento humano, se pudessem estabelecer duma maneira muito mais justa, solidária e compartilhada que antes, de modo a que a vida no planeta pudesse fruir num maior equilíbrio, tanto em relação aos factores humanos propriamente ditos, como em relação aos factores geográfico-físico-ambientais .

Fenómenos como aqueles que se identificavam com a perseguição aos judeus, com o holocausto, foram sentidos pouco a pouco, por toda a humanidade, como um caminho proibido, contra natura, que estavam na origem da barbárie medieval que dominava as relações sociais e psicológicas entre os seres humanos e as relações internacionais entre os estados, as nações e os povos, a que urgia pôr cobro.

As expectativas então criadas e as ideias construtivas que animaram a filosofia e a história, permitiam supor que o homem podia encontrar soluções capazes de se sublimar e mobilizando esforços e vontades, se pudesse dar início à construção da aldeia comum que é o planeta Terra, garantindo a satisfação e melhores condições de guarida e de vida a todos os seres que compõem a própria natureza cognoscível.

As lições do post IIª Guerra Mundial, conduzem-nos contudo e cada vez mais para um beco sem saída, que contraria com toda a evidência essas salutares expectativas:

A concentração do poder económico e financeiro numa aristocracia que detém a capacidade de gerir os relacionamentos causa-efeito, por dentro do processo cultural que mexe com toda a Humanidade e com todo o planeta, mantendo conjunturas que correspondem aos interesses da elite de que são substância, acarretou num conjunto muito grande de falências, que historicamente passaram primeiro pela deriva da utopia socialista de potências como a URSS, depois pela falência progressiva dos padrões que se lhe foram seguindo, no fundo resultantes da polarização entre um punhado de nações consideradas de desenvolvidas e a esmagadora maioria de povos e de nações que, de manipulação em manipulação, foram sobrevivendo ou vegetando em estágios de subdesenvolvimento crónico, ou de dependência, um subdesenvolvimento ou dependência que nutrem também, quantas vezes, a medula dos próprios estados atirados para essas condições extremas, estados artificiosos , estados “inertes”, estados desajustados, estados “fracos”, estados desenquadrados das raízes sócio-culturais em relação aos povos de que são ao mesmo tempo emanação e elemento tutor e sobrevivendo num quadro geo estratégico que, logo à partida, é ditado pela filiação ao contínuo exercício do poder das potências e dos consórcios multinacionais .

A aristocracia financeira Mundial, se foi criando Revoluções Tecnológicas atrás de Revoluções Tecnológicas, valorizando sempre a economia, a tecnologia e as finanças, subvalorizando sempre a vida, a sociedade e o ambiente, em vez de promover a busca incessante de solidariedade e de equilíbrio, acabou por radicalizar os termos da competição capitalista, determinando não só a utopia do estado totalitário socialista, mas também a fatalidade das regras do jogo num contexto capitalista, começando por instrumentalizar o poder das potências e mantendo a gestão da imensa maioria segundo padrões, métodos, processos e técnicas que tocam as características e as práticas da Idade Média, conforme ao que se foi assistindo na época da Guerra Fria e com o que temos presenciado com a globalização que em tempo se lhe seguiu .

Pouco depois do final da IIª Guerra Mundial os aliados, aqueles que foram imbuídos a manter um “modelo” Ocidental e anglófono, em função das características globais resultantes da própria IIª Guerra Mundial decidiram, correspondendo às orientações emanadas dos “think tanks” de conveniência das elites como o “Council on Foreign Relations”, dar início à construção da comunidade de inteligência com raio de acção planetário, criando as condições optimizadas para o exercício do poder hegemónico sobre toda a humanidade e a qualificação das capacidades geo estratégias exclusivas aos interesses endógenos dessas elites .

Essa decisão, tirou historicamente partido das características planetárias do império colonial britânico :

Os Estados Unidos, a Grã Bretanha, o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia, estabeleceram uma aliança secreta para o tratamento de informação à escala planetária, explorando as novas tecnologias que foram surgindo: o rádio, o foguetão, o satélite, o computador, as comunicações, dando início ao contexto do sistema UKUSA (nome por que é conhecida essa aliança secreta, redundante da definição “United Kingdom” + “United States of América”).

As Agências que se tornaram membros actuantes desde o início, em finais da década de 40 , foram :

- A Norte Americana “National Security Agency” (“NSA ).

- A Britânica “Government Communications Headquarters” (“GCHQ”).

- A Canadiana “Communications Security Estabelishment” (“CSE ).

- A Australiana “Defence Signals Directorate” (“DSD” ).

- A Neo Zelandesa “Government Communications Security Bureau” (“GCSB”).

Alguns outros Estados considerados desenvolvidos, como a Alemanha, o Japão, a Noruega, a Coreia do Sul e a Turquia, vieram a engrossar “a posteriori” a comunidade “SIGINT”, ou seja a rede de tratamento de informações obtidas através da intercepção e captação de sinais de emissão rádio, em todo o globo, em conexão com o sistema UKUSA, que se manteve essencialmente dominado pelos Estados Unidos e Grã Bretanha.

A repartição das tarefas foi feita explorando as Regiões de implantação de cada espaço nacional-territorial, da implantação das técnicas e no quadro dum concerto de geo estratégias tentaculares, tendo como vértice da pirâmide a potência que, ao longo dos decénios seguintes se veio a tornar na potência hegemónica.

A Guerra Fria, por parte dos países de orientação capitalista “Ocidentais” teve no âmbito da aliança estratégica UKUSA, a possibilidade de estabelecer técnicas e instrumentos que criaram a capacidade de gerir a resposta de um dos campos, em matéria de inteligência, a partir da pesquisa, intercepção, valorização de sinais e de dados resultantes da exploração das comunicações do que era considerado campo adverso.

A década de 70 foi decisiva para o apuramento dessa capacidade de inteligência e, entre os muitos documentos que foram criados a fim de reger o exercício desse poder, está a Directiva nº 6 do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, com data de 23 de Dezembro de 1971 (“nº S-5100.20”) dirigida para o “National Security Agency” e o “Central Security Service”, tendo como referência o “National Security Council Intelligence”.

A partir dessa Directiva, à medida que as tecnologias foram evoluindo tendo como proveito o aumento das capacidades de obtenção da informação, foram sendo estabelecidos os propósitos, os conceitos, as definições, as regras de aplicabilidade, os modelos e características das organizações, o inventário e mobilização dos meios e dos recursos, a distribuição dos papeis, das responsabilidades e das funções, o quadro da autoridade e de relacionamentos, assim como o exercício administrativo adequado à monitorização de todo o espectro de componentes estruturais e equipamentos, de forma a que fosse possível chegar ao “patamar” tecnológico-conceptual do ECHELON.

O ECHELON tornou-se assim no sucedâneo tecnológico da aliança UKUSA, como processo de inteligência típico da época de globalização que à escala planetária, utilizando métodos secretos e mobilizando as capacidades das Agências acima referenciadas, em reforço da potência hegemónica e do exercício do seu poder, acompanhou o dinamismo só possível com as novas tecnologias, possibilitando a intercepção e escuta das comunicações telefónicas, de fax, de telex e de e-mail em todo o mundo, bem como o tratamento das mensagens e o seu processamento analítico em tempo real, de acordo com os automatismos programados, segundo os quesitos e interesses que forem estabelecidos.

Foi o “NSA” que o foi concebendo, o tem desenvolvido e o coordena, extrapolando-o na sua capacidade virtual de utilização para alvos não militares, como governos , empresas e negócios, instituições de toda a ordem, bem como individualidades de interesse, conforme as pesquisas do perito-analista Nicky Hager, autor do livro “O poder secreto” e do artigo publicado no “Cover Action Quarterly” subordinado ao tema “Expondo o Sistema de Vigilância Global”:

… “ Milhares de mensagens simultâneas são lidas em tempo real, seja quando elas são feitas em e-mail, ou quando são transmitidas com a utilização do fax. O sistema funciona interceptando uma enorme quantidade de comunicações e usando computadores para identificar e extrair as mensagens de interesse da enorme massa daquelas que foram alvo da exploração. A cadeia dos equipamentos de intercepção foi estabelecida em todo o mundo de forma a cobrir os maiores componentes das redes de telecomunicações internacionais, uma parte em função da capacidade de escuta-intercepção a partir dos satélites, uma outra parte da capacidade a partir de estações terrestre , incluindo com o recurso aos meios rádio. O ECHELON conecta todos esses equipamentos, fornecendo aos Estados Unidos e aos seus aliados as possibilidades de intercepção sobre uma enorme proporção das comunicações no Planeta”.

A 12 de Março de 2000, o jornalista investigador Duncan Campbell, no artigo subordinado ao tema “Um antigo Director da CIA confirma que os Estados Unidos espiam alvos Europeus”, corroborava:

“O antigo Director da Central Intelligence Agency dos Estados Unidos, James Woolsey, confirmou em Washington, esta semana, que os Estados Unidos pesquisam segredos económicos, pela via da espionagem com a utilização de comunicações de inteligência e de satélites de reconhecimento, havendo no momento uma ênfase sobre as pesquisas relativas a inteligência económica”.

Essa comunicação foi feita em resposta a um conjunto de pesquisas elaboradas pelo Parlamento Europeu, em curso nessa altura, (“Interception Capabilities 2000”) que viria a produzir um relatório conclusivo a 11 de Julho de 2001.

James Woolsey, perante uma audiência de jornalistas, considerava o trabalho apresentado pelo Comité dos Direitos de Cidadania do Parlamento Europeu, com data de 23 de Fevereiro de 200, de “intelectualmente honesto”.

O Relatório sobre o ECHELON, do Parlamento Europeu de 11 de Julho de 2001, referia entre muitas conclusões:

- A comprovação da existência do ECHELON, a partir do desenvolvimento do acordo de aliança UKUSA.

- A possibilidade técnica de intercepção de mensagens seja qual for o processo técnico de comunicação, apesar dos métodos de exploração serem relativamente caros e complexos, assim como serem reduzidas as possibilidades exaustivas de se chegar ao detalhe, em toda a extensão das redes de comunicações.

- O facto de haver, na generalidade, compatibilidade do sistema ECHELON com as Leis da União Europeia, apesar da existência de dois cenários – um, aquele que se referia a propósitos estritos de inteligência para efeitos de segurança dos Estados, (completamente legal), o outro providenciando propósitos competitivos de inteligência, contrariando a lealdade e os conceitos de mercado comum (que contraria as Leis da União Europeia).

- Nos aspectos que contrariam as Leis, no caso do propósito dos seus operadores não seguirem o primeiro cenário, o ECHELON pode chocar com os critérios de protecção inscritos no âmbito dos direitos do cidadão em relação à actuação dos serviços secretos, ou chocar com o direito fundamental de respeito pela vida privada assim como estabelecer quadros avançados de espionagem industrial e influir negativamente na cooperação dos Serviços de Inteligência no interior da União Europeia.

O Relatório fazia um conjunto de 36 Recomendações, que incidiam fundamentalmente sobre as Leis e as medidas legais-institucionais.

A propósito da polémica que se foi levantando ao longo nos anos que marcaram o final do século passado e o início do presente, a BBC foi elaborando um conjunto de artigos, (escolhemos propositadamente a BBC a fim de procurar mais credibilidade em relação às questões de abordagem do ECHELON , com assinaturas várias de especialistas:

- A 3 de Novembro de 1999, Andrew Bomford subscrevia o tema sobre a “Revelação do sistema de espionagem ECHELON”, confirmando a sua existência com base em vozes autorizadas do Governo Australiano, muito embora quer os Britânicos, quer os Americanos , continuassem a negá-lo – “o homem que superintendeu os Serviços Secretos da Austrália, Inspector Geral de Inteligência e de Segurança Bill Blick, confirmou à BBC que o Defence Signals Directorate (DSD) faz parte do sistema”.

- A 23 de Fevereiro de 2000, a BBC confirmava que “O sistema de espionagem Americano estava sob ataque”, sendo o órgão mais interessado no inventário das suas implicações, o Parlamento Europeu, aquela Instituição que estava encarregue de apurar sobre as possibilidades de espionagem electrónica sobre companhias europeias , para além de outras individualidades – “o Ministro da Justiça Francês, Elisabeth Guigou, disse que o ECHELON tinha aparentemente sido utilizado para observar rivais comerciais, chegando a descodificar informação encriptada de Companhias Francesas”. Nessa altura, para além do Governo Australiano, já as autoridades Americanas haviam confirmado a existência do ECHELON.

- A 30 de Março de 2000, o jornalista Colin Blane, sob o tema “Iniciativa de investigação do sistema Americano de espionagem”, referia-se aos avanços do inquérito do Parlamento Europeu.

- A 5 de Abril do mesmo ano, o Correspondente de Defesa Jonathan Marcus referia em Análise que “Os mestres espiões mudavam de foco”, tendo em conta o fim da Guerra Fria e o desanuviamento Internacional que imediatamente se lhe seguiu, apesar do risco, considerado por vários países europeus, de que “o sistema de intercepção electrónico das mensagens electrónicas e com a utilização de telefone, poderiam estar a ser usados pelos Estados Unidos para obter vantagens comerciais”.

- No dia 5 de Julho de 2000, confirmava-se que a “França comprova o sistema de espionagem dos Estados Unidos”, após uma investigação sobre o ECHELON levada a cabo pelo Procurador Jean-Pierre Dintillac, que temia que esse facto viesse a contribuir para um incremento de tensões entre americanos e europeus. Nesse mesmo dia, a União Europeia confirmava a existência do ECHELON e criava uma comissão de 36 “experts”, chefiada pelo português Carlos Coelho, a fim de fazer o inventário das implicações, levando em consideração os interesses e as leis europeias.

- No dia 6 de Julho, motivado pela oportunidade do tema, o jornalista Martin Asser, seguindo o tema “ECHELON – big brother sem causa”, considerava que o sistema podia provocar uma nova Guerra Fria, no caso de ele estar a ser usado conforme o que o especialista Duncan Campbell prognosticava, ou seja espionagem económica. Em reforço desse argumento era citado o “Baltimore Sun” que havia referido “que o Consórcio Europeu Airbus havia perdido um contrato de 6 biliões de USD com a Arábia Saudita, pelo facto da NSA ter conhecimento disso e ter possibilitado a oferta de comissões vantajosas a Funcionários Sauditas”. Um outro caso similar é também citado de seguida – “a Firma Americana Raytheon usou informação colectada pela NSA para conseguir um contrato no valor de 1,4 biliões de USD para o fornecimento dum sistema de radares ao Brasil, em prejuízo da empresa francesa Thomson – CSF”, o que corroborava a confirmação de James Woolsey, já citado Director da CIA, que em Março, num artigo seu no “Wall Street Journal”, afirmou que os americanos faziam espionagem económica em relação aos europeus, pela via do ECHELON.

- A 11 de Maio de 2001, foi referido o fim da investigação do Parlamento Europeu, que falhou nas tentativas da comissão poder encontrar representantes da CIA, do Departamento de Estado e do Departamento do Comércio dos Estados Unidos, muito embora o tivesse conseguido em relação a alguns membros do Congresso Americano e em relação a Funcionários do Departamento de Justiça.

- A 29 de Maio de 2001, segundo o artigo subordinado ao tema “Pessoas que fazem uso dos e-mail estão preocupados com o sistema de espionagem”, era feito um pequeno balanço entre as possibilidades de codificação das mensagens e as enormes possibilidades do ECHELON as descodificar, abordando-se de seguida o uso dos satélites de forma a tornar o ECHELON um sistema de cobertura electrónica e rádio Global.

- A 2 de Junho desse ano confirmava-se que “Os Estados Unidos fechavam uma estação de espionagem componente do sistema ECHELON” no Sul da Alemanha, em Bad Aibling, (uma das 20 estações inventariadas que compunham esse sistema), prevendo-se o facto para Setembro de 2002, de acordo com declarações do Vice Presidente do Parlamento Alemão, Gerhard Schmid. A estação deveria voltar à posse da Alemanha “sem o equipamento de espionagem”, segundo Shirley Startzman, um porta voz dos Serviços de Inteligência do Exército Americano e do Comando de Segurança, 12 anos após o fim da Guerra Fria.

Por seu turno , o prestigioso “Le Monde Diplomatique”, com base em dois artigos de Phillipe Rivière e num de James Woolsey, esclarecia a partir de Março de 1999:

- Que a Europa se preparava também para estabelecer um sistema de vigilância electrónica de forma a, por um lado defender os seus interesses na INTERNET e nas redes de telefone com utilização de satélites, por outro em função das preocupações que assistem aos aspectos legais da utilização da electrónica, em defesa dos cidadãos e do respeito devido à vida privada. Essa preocupação europeia respondia também aos problemas que se levantavam perante a internacionalização dos tráficos e de autênticas redes de criminosos actuando à margem dos estados e das sociedades.

- Que o ECHELON possuía um “budget anual de 26,7 mil milhões de USD, tanto quanto os valores de referência durante a Guerra Fria, pelo que os serviços secretos e de investigação americanos são os melhor dotados do planeta”, fazendo um inventário das capacidades genéricas desse sistema, incluindo a decifragem de matérias criptadas , ou a pesquisa de informações fazendo a triagem e selecção de palavras-chave.

- Que através do ECHELON, “A América espiona os seus aliados”, mas serem cada vez menos as tecnologias europeias que se encontram ao nível do avanço das tecnologias americanas e porque os europeus, com tecnologias menos avançadas, procuram através de corrupção com pagamento de comissões, vender o mais caro possível tecnologias menos avançadas a outros países que não as possuem. Por outro lado, os Estados Unidos, segundo James Woolsey, viam-e obrigados a fazer espionagem, particularmente em relação a itens que poderiam ser utilizados para outros fins, (como super computadores, ou produtos químicos), que não os fins oficialmente declarados, podendo dar azo à fabricação, por exemplo, de armas de destruição massiva (abrindo assim, em proveito dos Estados Unidos, a capacidade de se virem a tornar na ptência Hhgemónica “iluminada” pela responsabilidade de se poder prevenir a hmanidade contra aqueles que, no entender dos Estados Unidos, podem manipular essas armas, com riscos evidentes para todo o Mundo).

A evolução do UKUSA para o ECHELON, em conclusão, contribuiu no nosso entender para que os Estados Unidos dessem o salto tecnológico que confirmou o seu poder económico, político e militar, enquanto potência hegemónica e segundo os interesses da aristocracia financeira Mundial, sem que isso pudesse significar o apuramento das filosofias de que se rege esse poder, muito pelo contrário, particularmente com o fim da Administração Clinton e os acontecimentos terríveis do 11 de Setembro, no mínimo um retrocesso no processo de desanuviamento internacional e o risco de se estar a iniciar uma “2ª GUERRA FRIA”… o petróleo obriga!

“ACTUAL” - 15-03-2003 19:00 .

Martinho Júnior

O ECHELON ACTUA EM PLENA ONU- II

ESTADOS UNIDOS – CONTRA A CONVENÇÃO DIPLOMÁTICA DE VIENA

Não é um facto novo a espionagem no interior das Instituições Internacionais como a ONU.

Se bem que os Estados Unidos tiveram um papel muito importante ao longo da história da Liga das Nações primeiro, depois da ONU, uma vez que foram os Presidentes Woodrow Wilson que esteve na origem da primeira iniciativa, no seguimento da Iª Guerra Mundial e Franklin Roosevelt, no seguimento da IIª Guerra Mundial na origem da ONU, têm sido os Estados Unidos, em especial ao longo da Guerra Fria, que mais operações de espionagem têm desencadeado dentro daquela Organização Internacional, em função do facto de terem sido instrumentalizados no sentido de se tornarem potência hegemónica e reitora da pirâmide do poder sobre o resto do mundo.

Ao contrário do pensamento de Stephen Schlesinger, Director do !World Policy Institute”, que afirmou no “Le Monde” de 24 de Novembro de 2001 que “o 11 de Setembro anuncia o fim do unilateralismo Americano”, a administração Bush está a demonstrar o contrário: não só confirma a regra de todo o historial de operações clandestinas dos seus Serviços de Inteligência , não só na ONU ( conforme aliás Stephen Schlesinger tem denunciado ) , mas instala-se num unilateralismo isolacionista , que pouco a pouco vai colocando o Mundo se não contra si , pelo menos a afastar-se o mais possível de si , até por causa da ênfase sobre a Segurança Energética estratégica que inclui o imenso , poderoso e actualmente decisivo campo do petróleo .

Esse unilateralismo isolacionista, que mexe com o conjunto de entendimentos internacionais (incluindo com aqueles feitos com seus aliados), uma vez que valoriza as acções operativas (incluindo as acções secretas de espionagem dos seus serviços secretos em prejuízo de outras iniciativas), nos sucessivos rescaldos que arrisca, poderá provocar a curto prazo um enfraquecimento da ONU, pela via das sucessivas manipulações a que a ONU se sujeita e o surdo desencadear uma IIª Guerra Fria.

A ONU tem sido, em especial em alturas de crise internacional, um dos organismos internacionais que mais tem movido os serviços secretos Americanos.

Durante a Guerra Fria, foram inúmeros os casos que foram ocorrendo, havendo iniciativas dos dois campos, tanto dos Estados Unidos como da então URSS.

Depois dela, já com a plena aplicação das conjunturas da globalização conforme ao plano da aristocracia financeira mundial, em Dezembro de 1998, Washington foi acusada de usar a missão UNSCOM em Bagdad, a fim de interceptar os serviços de inteligência do Iraque, numa tentativa de minar o Governo do Presidente Saddan Hussein, conforme afirma no “Asia Times” o articulista Thealif Deen.

A espionagem de Delegações de outros Países na ONU é coberta, em termos de Legislação Americana, pelo “US Foreign Intelligence Services Act, muito embora seja um processo sujeito a muitas controvérsias, de acordo com o leque político de interesses.

A Legislação Americana contraria contudo a Convenção Internacional de Viena no que diz respeito à questão das Relações Diplomáticas, de acordo com especialistas em Leis Internacionais.

A pressão que os Estados Unidos estão a fazer na ONU, nomeadamente a nível do Conselho de Segurança, no sentido de obter votos dos Membros Não Permanentes, aparentemente indecisos se vão apoiar a guerra imediata, ou se vão juntar-se àqueles que preconizam manter a pressão sobre o regime de Saddan Hussein a fim de procurar desarmá-lo sem o recurso à guerra, está na origem dum escândalo que rebentou a partir do dia 2 de Março corrente, com um artigo do jornal londrino “The Observer”.

Com efeito o “The Observer” publicou uma Mensagem “Top Secret” de 31 de Janeiro de 2003 emitida pela “National Security Agency”, a Agência que coordena o ECHELON à escala Global, que orienta colocar as Delegações na ONU de Angola, dos Camarões, do Chile, da Bulgária, da Guiné Conacry e do Paquistão, sob escuta telefónica, ao mesmo tempo que orientava para interceptar os respectivos e-mail, a fim de estabelecer uma avaliação prévia, no interesse da Administração Bush e da sua posição favorável ao desencadeamento do ataque militar ao Iraque, sobre os argumentos dessas Delegações consideradas “indecisas”.

O jornal Britânico apenas se decidiu a publicar a referida Mensagem depois de contactar vários especialistas que confirmaram a sua veracidade, por um lado, por outro confirmam também a existência dum personagem do “NSA”, Frank Koza, Chefe do Departamento “Regional Targets”, que terá sido responsável pela sua emissão, conforme artigo publicado a 4 de Março onde são mencionados, entre outros, os nomes de James Bamford, autor de dois livros sobre o “NSA” e Matthew M. Aid, historiador do “NSA”, em abono da origem e da veracidade da referida Mensagem.

A orientação de Frank Koza só poderá ter sido emitida em função de decisões tomadas ao mais Alto Nível da Administração Bush, ou seja, ao nível da Assessora para os Assuntos de Segurança Nacional do Presidente, Condoleezza Rice, confirmando alguns “experts” dos Serviços de Inteligência Americanos, que a decisão deveria ter envolvido também Donald Rumsfeld, o Director da “CIA”, George Tenet e o Director da “NSA”, General Michael Hayden.

Por outro lado, o próprio Presidente Bush deveria ter sido informado durante os “briefings” matutinos diários que ordinariamente são feitos no Gabinete Oval da Casa Branca.

O escândalo tem vindo a provocar as reacções mais diversas:

- A ONU mandou instaurar um Inquérito a fim de fazer uma avaliação sobre a iniciativa secreta Norte Americana sobre os seis membros não Permanentes do seu Conselho de Segurança, que provavelmente se poderá tornar extensiva.

- O Governo do Chile tem vindo a reagir com bastante energia, confirmando que os Estados Unidos estão de facto a espionar a sua Delegação e as comunicações do seu Governo onde quer que haja contactos ao Mais Alto Nível , em função do interesse Americano sobre a posição do Chile na votação.

- O Governo Paquistanês afirma que “a revelação de que a NSA tinha como alvo o seu País, era desalentadora, especialmente quando isso se registava logo a seguir à cooperação estrita entre o Paquistão e os Estados Unidos, na captura dum líder- chave do al-Qaeda, Khalid Shaikh Mohammed”.

O Inquérito da ONU, se bem que não seja do domínio público, foi também imediatamente revelado pelo “The Observer” no dia 9 de Março de 2003, citando fontes no Gabinete do Secretário Geral da ONU, Kofi Anan, ao mesmo tempo que era confirmada a detenção duma funcionária não identificada, de 28 anos de idade, do “Government Communications Headquarters” (“GCHQ ), suspeita de ter infringido o “Official Secrets Act”, pela polícia de Gloucester.

A referida funcionária, detida em Cheltenham, de acordo com as suspeitas da Polícia, terá sido a autora da “fuga” do teor da Mensagem para o jornal “The Observer” e isso correspondia ao facto de que todos os componentes do ECHELON terão recebido a orientação transmitida por Frank Koza.

O Governo Chileno reagiu ao seu Mais Alto Nível através do Presidente Ricardo Lagos que solicitou uma imediata explanação sobre o acto de espionagem Americano.

O Presidente Ricardo Lagos entabulou contactos telefónicos com o Primeiro Ministro Britânico Tony Blair a propósito do conteúdo da mensagem e depois da publicação da história, tendo também havido contactos entre a Ministra dos Negócios Estrangeiros Chilenos, Soledad Alvear e o seu homólogo Britânico, Jack Straw.

O Embaixador Chileno em Londres, Mariano Fernandez disse ao “The Observer”: “nós não percebemos por que razão os Estados Unidos estão a espiar o Chile, estamos deveras surpreendidos. As relações com a América têm sido boas, desde a Administração George Bush – pai”.

O jornal Chileno “El Mercúrio” socorreu a posição do seu País sobre o caso, no dia 5 de Março corrente:

“SANTIAGO.- El gobierno admitió hoy que habría "veracidad" en la denuncia de que Estados Unidos espió a la representación chilena en las Naciones Unidas por el conflicto con Irak. Pero el Presidente Ricardo Lagos llamó a la cautela y a no desviar los esfuerzos en prol de la paz.
El subsecretario de la cancillería, Cristián Barros, dijo a la prensa que estamos analizando el contenido de esa información y podríamos decir que nos aproxima a creer de que el memorándum filtrado al diario británico podría tener veracidad.Barros señaló que la cancillería recibió de la embajada chilena en Londres los antecedentes de la revelación del diario The Observer, de que las representaciones no permanentes ante el Consejo de Seguridad, entre ellas la de Chile, son espiadas para conocer su posición ante el litigio de Estados Unidos con Irak. El subsecretario agregó que hay que actuar con cautela y conversar con los funcionarios norteamericanos mencionados en el documento revelado por el periódico británico.”

Por seu turno, o jornal “La Nation” a 6 de Março confirmava:

“La embajada chilena en Londres confirmó la información emitida por el periódico británico "The Observer", en donde denunciaba que Estados Unidos ordenó interceptar conversaciones telefónicas y violar correos electrónicos .Confirmado . Estados Unidos sí ordenó interceptar conversaciones telefónicas y violar correos electrónicos a delegaciones de 6 países miembros del Consejo de Seguridad de las Naciones Unidas, entre ellos Chile, en un intento por asegurar votos favorables a la posición belicista del gobierno de George Bush.Así lo concluye un informe de la embajada chilena en Londres remitido a la Cancillería el martes en la noche, en donde se comprueba la veracidad de la información difundida por el periódico británico The Observer el domingo pasado. Fuentes de la embajada explicaron a La Nación que tras contactarse con el periódico que denunció el hecho y conocer el documento reservado en que el jefe de la Agencia de Seguridad Nacional estadounidense (NSA) para objetivos regionales, Frank Koza, ordena la vigilancia de las delegaciones de Chile, Angola, Bulgaria, Guinea, Camerún y Pakistán en Naciones Unidas, se comprobó la autenticidad de la información y su fuente. En el documento, fechado el 31 de enero, Koza advierte la necesidad de conocer cómo votaran las delegaciones diplomáticas, sus posiciones de negociación, alianzas y dependencias, con el fin de dar al gobierno norteamericano una ventaja respecto de la postura de Francia, Alemania y Rusia, contrarios a una invasión en Bagdad”.

Se a reacção Chilena foi tão incisiva, a Paquistanesa revelava uma completa desilusão.

O “site” do “The Observer” teve, por alturas da divulgação da Mensagem, um “record” de audiência na Internet, cifrado em 964.373 contactos electrónicos e, nos três dias seguintes , seguiram-se mais de 800.000!

O Editor, Stephen Pritchard prontificou-se mesmo em atender todas as questões que as pessoas quisessem colocar na Internet.

Não parece haver dúvidas que a surpreendente divulgação da Mensagem do ECHELON “top secret”, o documento dessa natureza e com essa classificação que alguma vez foi tão rapidamente passado para a Informação Pública Mundial (efectivamente divulgado “em tempo oportuno” e antes de algumas das votações), parece ser o alastrar duma frente muito alargada de opinião daqueles que estão contra a guerra contra o Iraque, incluindo dentro dum aparelho tão sensível e conservador como o “GCHQ”.

Na Grã Bretanha, a posição do Primeiro Ministro Tony Blair tem sido mesmo criticada dentro do Partido Trabalhista, da envergadura dum Robin Cook, antigo Ministro das Relações Exteriores, até ao seu pedido de demissão de Ministro das Relações com o Parlamento e contra ele elevaram-se também tensões por dentro dos próprios serviços secretos, o que evidencia os nexos políticos com os operativos.

Em 1971, numa altura em que a opinião pública Americana se levantava contra a Guerra do Vietname ditando intra muros, em função da evolução dos termos de evolução da guerra psicológica a sorte da própria guerra no terreno, o analista do então departamento da Defesa, Daniel Ellsberg, divulgou documentos conhecidos por “Pentagon Papers”, mas sob o ponto de vista de oportunidade e rapidez, a Mensagem “top secret” de Frank Koza, “ganhou a corrida do tempo” na passagem para divulgação na opinião pública, vencendo as regras secretas dos organismos que compõem o sistema de inteligência Americano.

Analistas como Norman Solomon comentavam a esse propósito no “Sunday’s Observer”:

“Sem os desenvolvimentos futuros duma guerra contra o Iraque, a divulgação da espionagem nas Nações Unidas criará uma erosão em relação à Administração Bush, a começar sobre a sua pretensão em obter uma Resolução do Conselho de Segurança autorizando a guerra”.

O “Times of London” de 5 de Março, três dias depois da divulgação da Mensagem “top secret” do ECHELON, considerava que a Administração Bush “estava já isolada” em relação à sua posição de atacar militarmente o Iraque e sublinhava o completo embaraço da grande Imprensa Americana, colocando essa questão numa afastada “linha de prioridades”.

Um porta voz da Casa Branca, instado a pronunciar-se, argumentou:

“De acordo com uma política de há longa data, a Administração nunca comenta o que quer que seja relacionado com assuntos de inteligência”.

ORDEM PARA ESPIAR ANGOLA NA ONU SEGUNDO DOCUMENTO PUBLICADO PELO THE OBSERVER DE 2 DE MARÇO DE 2003 :

Sunday March 2, 2003 To: [Recipients withheld]
From: FRANK KOZA, Def Chief of Staff (Regional Targets)CIV/NSASent on Jan 31 2003 0:16 Subject: Reflections of Iraq Debate/Votes at UN-RT Actions + Potential for Related ContributionsImportance: HIGHTop Secret//COMINT//X1

All,

As you've likely heard by now, the Agency is mounting a surge particularly directed at the UN Security Council (UNSC) members (minus US and GBR of course) for insights as to how to membership is reacting to the on-going debate RE: Iraq, plans to vote on any related resolutions, what related policies/ negotiating positions they may be considering, alliances/ dependencies, etc - the whole gamut of information that could give US policymakers an edge in obtaining results favorable to US goals or to head off surprises. In RT, that means a QRC surge effort to revive/ create efforts against UNSC members Angola, Cameroon, Chile, Bulgaria and Guinea, as well as extra focus on Pakistan UN matters.

We've also asked ALL RT topi's to emphasize and make sure they pay attention to existing non-UNSC member UN-related and domestic comms for anything useful related to the UNSC deliberations/ debates/ votes. We have a lot of special UN-related diplomatic coverage (various UN delegations) from countries not sitting on the UNSC right now that could contribute related perspectives/ insights/ whatever. We recognize that we can't afford to ignore this possible source.

We'd appreciate your support in getting the word to your analysts who might have similar, more in-direct access to valuable information from accesses in your product lines. I suspect that you'll be hearing more along these lines in formal channels - especially as this effort will probably peak (at least for this specific focus) in the middle of next week, following the SecState's presentation to the UNSC.

Thanks for your help

Martinho Júnior - Março de 2003.

O ECHELON ACTUA EM PLENA ONU- III

A POSIÇÃO DE ANGOLA NO CONSELHO DE SEGURANÇA : ENTRE O “JOVEM MARTE” , O DEUS DA GUERRA DA “NOVA ORDEM” GLOBAL E “VÉNUS” , A VELHA DEUSA DA PAZ, A POSIÇÃO DE QUILÍBRIO DA “TERRA” !

O Governo Angolano acabou por dar uma prova de relativa maturidade estratégica no Conselho de Segurança da ONU, não só no que diz respeito à escaldante questão do Iraque, mas também sobre o facto, aparentemente “colateral”, da revelação do conteúdo, em “tempo real” da Mensagem “top secret” de Frank Koza, proveniente da “NSA” e para o ECHELON:

- Manteve-se sempre reservada em relação a este último assunto, pressupondo a tomada de medidas operativas por dentro do seu próprio sistema de ligação operativo-diplomático, de tal modo que nem os muito barulhentos apologistas da Democracia em Angola , que se têm identificado como “independentes”, se terem referido ao elucidativo jogo anti Democrático da Administração Bush na ONU, pondo em causa pelo menos a Convenção Diplomática de Viena, a começar pelas responsabilidades do seu primeiro e Mais Alto escalão , assim como a própria ONU!

- Procurou uma vez mais um exercício de equilíbrio sustentado pela própria experiência Governativa intra muros, entre as duas linhas tónicas geo estratégicas do Conselho de Segurança da ONU, conjuntamente com os outros 5 Membros não Permanentes, de forma a, ao mesmo tempo que procurou garantir uma evolução para o desarmamento pela via diplomática, em reforço aliás do papel da ONU, apelar veementemente a Saddan Hussein para cumprir à letra e no espírito, de forma inadiável, as Resoluções anteriores da ONU.

- Procurou salvaguardar as possibilidades estratégicas da sua posição a muito longo prazo, tendo em conta os enormes potenciais extra-petróleo do País, por um lado, por outro por que o Mais Alto Nível Angolano parece perceber que, sob a capa político – ideológica do combate ao “terrorismo” e aquela que se manifesta contra aqueles que possuem supostamente armas de destruição massiva que são riscos para as Potências e são refractárias na subjugação ao “diktat” da “Nova Ordem” imposto pela Potência Hegemónica, é de facto a questão da Segurança Energética Estratégica das Grandes Potências o factor substantivo fulcral e decisivo na correlação de forças, entre o “lobby” judeu que domina a própria aristocracia financeira Mundial, que é de facto o “homem do leme” nesta nave em que existimos e o “lobby” árabe que compõe ainda a OPEP e erige a Arábia Saudita como factor “condicionante” no petróleo.

O determinismo, o maniqueísmo e o fatalismo inscritos no exercício do Poder Hegemónico com o “jovem Marte” em que se constituíram as Potências signatárias do UKUSA-ECHELON, tendo à frente a Administração Bush, “nervuras” que se inscrevem na formulação ideológica que Bush rege e estão na base do evidente unilateralismo isolacionista da sua doutrina, servem como uma luva a essa Segurança Energética Estratégica da Potência Hegemónica e de seus “apêndices” e os 6 Membros Não Permanentes do Conselho de Segurança da ONU, parecem ter percebido que, se há métodos e “modus operandi” distintos, a fim de resolver a artificiosa “crise” Iraquiana, neste caso entre os Estados Unidos e Grã Bretanha de um lado e a França , a Alemanha e a Rússia do outro , os objectivos de qualquer um deles , não são muito diferenciados .

Vindo Angola duma longa guerra de dez anos, onde foi alvo das manipulações mais terríveis que deixaram uma marca indelével no tecido humano que constitui o Povo Angolano, não aceitar um alinhamento com qualquer dos campos, o “jovem Marte” dum lado, a “velha Vénus” do outro, foi pelo menos a reprovação dos eternos objectivos que de há séculos vêm sendo impostos às Nações , Estados e Povos do Terceiro Mundo, não aceitar os termos evidentes duma IIª Guerra Fria que se tornou bem real na disputa do voto no CS da ONU e, ironicamente … colocar-se com os pés bem assentes do ponto intermédio entre “Marte” e “Vénus”: a “Terra”!

Por outro lado, se a França parece procurar encontrar métodos que preconizam um alargamento de entendimentos com outros Estados, Países, Nações e Povos do Terceiro Mundo, isso é um indicativo que se pode aproximar da ideia de que, como os Estados Unidos não têm sido tão sensíveis aos problemas que caracterizam o Terceiro Mundo em função das tremendas desigualdades Globais, privilegiando quase sempre métodos ideológico-operativos ao invés de métodos político-diplomáticos, a Administração Bush, com toda a onda de impactos que está a causar, há-de temporalmente passar, mas fica o petróleo, numa outra ideia de co-habitação entre os Países, os Povos, as Nações e os Estados de todo o Planeta, que provavelmente já não será mais a mesma.

A guerra no Afeganistão foi apenas “introdutória” para os conceitos de Segurança Energética Estratégica, por que ela foi feita segundo o peso específico do carisma ideológico-operativo da Administração Bush, na sua perseguição ao “terrorismo post 11 de Setembro”, com toda a legitimidade que o consenso Universal lhe foi conferindo.

A guerra no Iraque, é porém, apenas uma manobra do “jovem Marte”, que explorando um processo introdutório ao serviço dos “lobbies” judeus da aristocracia financeira Mundial, procura:

- Neutralizar tão selectivamente quanto o possível aqueles “lobbies” árabes barricados essencialmente no petróleo do Médio Oriente, ou alterar internamente a composição das estruturas do poder de todos os Países Árabes da Região (Irão, Arábia Saudita, Síria, Iémen, etc.). Começando pelo Iraque, outros se lhe seguirão, com “ementas” similares, ou distintas.

- Reformular todo o complexo sistema Energético Mundial, a começar pelas questões de sua Segurança Estratégica, assumindo por um lado o poder económico, financeiro e político sobre as principais reservas do Globo, por outro, o poder de alterar os circuitos de refinação-transporte, valorizando os pontos geográficos mais próximos dos maiores centros consumidores, reduzindo os custos e os riscos, pela redução do comprimento das rotas, assim como iniciando a introdução de novas tecnologias “onshore” (novos oleadutos) e “offshore”, podendo implicar na dissolução da OPEP, por um lado, abrindo a iniciativa de fazer germinar outro organismo, com capacidade de gestão Regional e até Global do petróleo, que contribua para salvaguardar a “Nova Ordem” dominada pela Segurança Energética Estratégica que a Potência Hegemónica, “jovem Marte” pretende impor, de forma a trazer o resultado imediato e irreversível da redução do preço do barril, por outro.

- Alterar progressivamente a correlação de forças no Médio Oriente em benefício de Israel, que terá um papel muito impressivo no que diz respeito ao exercício dos conceitos de Segurança Energética Estratégica naquela Região e noutras Regiões do Globo.

A Administração Bush, à frente do ECHELON, apta a brandir os métodos da Guerra Fria, é assim nesta “Nova Ordem” e neste “concreta” Globalização, aquele instrumentalizado e rude pedreiro, “jovem Marte”, que à força de pá, picareta, explosivo, bomba de mais de 9 toneladas e com um equipamento electrónico ultra sofisticado, está a abrir os caboucos dum “novo” edifício, que ideológica e doutrinariamente implica nas falências das “velhas” Instituições, dos “velhos” conceitos e o surgimento de outros que tragam mais conformismo e fatalismo, mais obediência, à pirâmide económica-financeira Global dos “lobbies” dominados pela aristocracia financeira Mundial e coloca as “velhas Potências Europeias”, conforme aliás pronunciamentos de seus ideólogos, na posição de “velha Vénus” , ultrapassada, senil, mentecapta … até ver …

A “Nova Ordem” Global é, desde já, o arrumar duma questão fundamental, para que não haja hipóteses de recessão económica e financeira nos Estados Unidos e nos outros seus “apêndices”: a questão de arrumar uma doutrina de conveniência Energética “fulcral”, estimulada pelos factores de Segurança Estratégica que servem o cume da pirâmide económica e financeira Mundial.

Se para a abertura dos caboucos do edifício da “Nova Ordem”, os Estados Unidos utilizam o seu cérebro e o seu músculo militar, é evidente que resolvidos , um a um , os contenciosos dos “desobedientes” no Médio Oriente, farão funcionar todo o seu aparato tecnológico no sector, visando alterar profundamente o quadro da sua actual “factura” – a diminuição inexorável dos preços, na razão inversa do aumento de produção, das reservas e também do consumo, com a disponibilidade dum “cipaio todo o terreno”, conforme se apresta Israel.

Provavelmente, quando se consumarem alguns dos projectos dessa “Nova Ordem” Global, já não haverá Administração Bush, por que não será necessário mais o recurso ao “jovem Marte”, enquanto pedreiro que abre os caboucos, até por que ela vai dar lugar, num processo interno controlado, a outros construtores, mais refinados em seus métodos, em seu estilo, com ideologias mais atraentes e um desenho estrutural que, sendo de conveniência, será trabalhado por arquitectos que pululam nos muitos “Think Tanks” Ocidentais.

Talvez nessa altura a Administração que estiver a conduzir os Estados Unidos possa estar mais sensível à “velha Vénus”, mais presa aos seus amores, que é marcada pela própria OTAN, não sendo mais necessários as pás, as picaretas, os explosivos, as bombas, os satélites, o ECHELON … que frenética e até descuidadamente o “jovem Marte” está agora a utilizar de forma tão “divertida”!

Nessa altura, serão “bem vindos” os arquitectos para as novas estruturas, até para elas terem formas aerodinâmicas, futuristas … e continuar -se a falar de Paz, conforme à “velha Vénus”!

A incompatibilidade entre a Democracia e as Instituições e Convenções Internacionais vigentes e o sustentáculo do Poder Hegemónico, além de se tornar cada vez mais evidente, pode resultar em muito fracas parcerias, num contexto Internacional onde a fortaleza duma minoria e a fraqueza duma esmagadora maioria, compõem a pirâmide económica, financeira e política “Global”, reflectindo-se até nas discussões sobre o clima os distanciamentos entre uns e outros.

A “febre” do “jovem Marte” trará seus efeitos “boomerang” ( onforme já acontece com a Grã Bretanha) e a Democracia fará fermentar uma outra síntese histórica, que a aristocracia financeira Mundial não deixará aliás, de acordo com as conveniências de então, fazer seguir, de acordo com as roupagens de conveniência.

Até lá, os “deuses estão em plena orgia”, para muitos “devem estar mesmo loucos” e as irreverentes hesitações entre o “jovem Marte” e a “velha Vénus”, podem ser até uma forma “sui generis” de se cortejarem, para promover o engano dos incautos.

Fiquemos pois com Angola, com os pés bem assentes na “neutral Terra”: pelo menos procuremos evitar o contacto e sobretudo , procuremos evitar novas manipulações!

A POSIÇÃO DE ANGOLA SEGUNDO A ANGOP , REFLECTINDO A REUNIÃO DO PARLAMENTO ANGOLANO :

Iraque: Angola respeita as normas do direito internacional

Luanda, 18/03 - O Primeiro-ministro, Fernando da Piedade Dias dos Santos, disse hoje, em Luanda, que o Governo angolano vai continuar fiel ao respeito às normas do direito internacional, às resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e da União Africana.

Fernando da Piedade Dias dos Santos agradeceu a solidariedade manifestada pelos deputados angolanos, que hoje receberam uma informação detalhada sobre o posicionamento de Angola no "caso Iraque".

O Primeiro-ministro disse ter tomado nota de algumas sugestões, sublinhando que elas servirão para melhor gerir as posições do País, "que necessitam de muita serenidade e muito equilíbrio". Segundo ele, o governo também tem responsabilidades perante os interesses do povo angolano.

Os parlamentares manifestaram-se favoráveis à posição assumida pelo Governo e condenaram a atitude unilateral dos Estados Unidos de atacar o Iraque sem o consentimento das Nações Unidas. Para o deputado Paulo Jorge, do MPLA, a intervenção norte-americana ao Iraque vai ter consequências imprevisíveis, entre as quais a perda de milhares de vidas de pessoas inocentes.

Ao relegar para o segundo plano o papel das Nações Unidas, disse estar-se perante uma nova ordem internacional, em que os Estados Unidos não respeitarão os mais fracos.

O líder da bancada da UNITA, Jerónimo Wanga, solicitou ao governo que tome algumas providências, por forma a atenuar os efeitos negativos da guerra.

"No caso do Iraque, gostaríamos que o governo de Angola actuasse só no quadro das Nações Unidas", pontualizou.

Para o presidente da bancada parlamentar do MPLA, Bornito de Sousa, a iminência de uma guerra à margem das Nações Unidas, no âmbito do ataque preventivo, exige de Angola uma posição que combine a opinião africana dominante com os interesses nacionais e as regras do direito internacional e do respeito à dignidade humana.

No fim da sessão plenária, o presidente da Assembleia Nacional, Roberto de Almeida, pediu a todos os deputados e, em particular, à Comissão das Relações Exteriores do parlamento que acompanhem a situação no Iraque.
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