segunda-feira, 11 de outubro de 2010

AS LIÇÕES DE NELSON MANDELA

.

ORLANDO CASTRO, jornalista – NOTÍCIAS LUSÓFONAS

Aí está "Conversas comigo próprio", livro de Nelson Mandela que reúne conversas registadas, cartas e notas redigidas ao longo de décadas por Mandela que em 1996, após cerca de 30 anos preso, se tornou o primeiro Presidente negro da África do Sul. Não me vejam como "um santo", diz o autor. Sim. Santos já o mundo tem que chegue, sejam eles José Eduardo, Teodoro Obiang ou José Sócrates.

Nelson Mandela deu e continua a dar várias lições ao mundo, se bem que muitos dos seus “colegas” da política internacional façam ouvidos de mercador por, penso eu, terem de se descalçar para contarem até doze.

Uma das suas qualidade é rodear-se de gente que pensa de maneira diferente. Diz Mandela que é a melhor forma de encontrar soluções para os problemas. Ou seja, estar rodeado de quem está sempre de acordo é encontrar problemas para as soluções.

Algo semelhante dizia, há já muitos anos, o Jornalista português, Director do Jornal de Notícias, Manuel Pacheco de Miranda, quando explicava que “a liberdade de expressão de pensamento que todos desejam não pode ser a liberdade de só se pensar como nós pensamos”.

É claro que nem Mandela nem Pacheco de Miranda fizeram escola. Hoje o que mais importa é estar de acordo, é pensar como pensa o chefe, é – ao fim e ao cabo – ter a liberdade para nem sequer pensar em ter liberdade.

Por alguma razão, fosse onde fosse ou quem fosse, quando chegava a qualquer sítio dizia sempre: “Eu sou o Nelson Mandela”. Uma postura diametralmente oposta à de alguns anões que, por exemplo em Portugal, chegam a qualquer lado e perguntam: “Não sabe quem eu sou?”

E é por tudo isto que com Homens como Nelson Mandela a carta chegaria a Garcia. Mas, a verdade é que a sociedade está a abarrotar de anões em bicos de pés que o melhor que sabem é mandar deitar a carta na primeira valeta que aparecer.

O livro é prefaciado por Barack Obama, será colocado à venda em todo o mundo amanhã, à excepção de França, onde será editado na quinta-feira.

"Um dos problemas que me inquietou profundamente na cadeia, foi relativamente à falsa imagem que eu tinha sem a querer ter projectado no mundo, que me consideravam como um santo", escreve Mandela.

"Nunca o fui, mesmo se o referirmos a uma definição terra à terra, segundo a qual um santo é um pecador que tenta emendar-se", acrescenta.

O líder sul-africano fala da infância e da juventude, conta as suas dúvidas e as suas experiências.

"Na minha juventude (...) era arrogante para dissimular as minhas lacunas", diz Mandela. Em Portugal, por exemplo, a arrogância começa na juventude e vai até à velhice...

11.10.2010 - orlando.s.castro@gmail.com
.

Sem comentários: