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Comunistas portugueses não engolem a atribuição do Nobel da Paz ao chinês Liu Xiaobo
O PCP (Partido Comunista de Portugal) lamentou hoje a atribuição do Prémio Nobel da Paz 2010 ao dissidente chinês Liu Xiaobo, considerando que é “mais um golpe na credibilidade” deste galardão e que representa “pressões económicas e políticas” à China. Afinal nada mudou.
Num curto comunicado hoje divulgado, o Partido Comunista considera que a decisão de distinguir Liu Xiaobo é “inseparável das pressões económicas e políticas dos EUA à República Popular da China”.
“É, na linha da atribuição do prémio Nobel da Paz de 2009 ao presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, mais um golpe na credibilidade de um galardão que deveria contribuir para a afirmação dos valores da paz, da solidariedade e da amizade entre povos”, refere ainda o PCP.
Esta é a primeira vez que os comunistas portugueses comentam a atribuição do prémio ao dissidente chinês, depois na sexta-feira passada o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares (que considera a Coreia do Norte uma democracia), ter remetido um comentário para mais tarde.
Liu Xiaobo foi distinguido pela luta “longa e não violenta pelos direitos fundamentais da China”, anunciou no final da semana passada o Comité Nobel Norueguês, à revelia – pois claro – da opinião não só do PCP como dos restante pilares da verdadeira democracia mundial, casos – para além da China – da Coreia do Norte, da Guiné-Equatorial e da saudosa URSS.
O dissidente chinês está preso há quase dois anos, pela terceira vez, por actividades que os chineses considera ser subversivas mas que outros, como é o caso de Angola em relação à sua colónia de Cabinda, chamem de crimes contra a segurança do Estado.
A mulher de Liu Xiaobo confirmou hoje estar em prisão domiciliária em Pequim, sem poder ser contactada por telefone, numa mensagem transmitida no Twitter, depois de no sábado ter visitado o marido na prisão para lhe comunicar a atribuição do prémio Nobel da Paz.
Liu Xiaobo, uma das principais figuras dos protestos de Tiananmen, em 1989, foi condenado em Dezembro passado por um tribunal de Pequim a 11 anos de prisão, acusado de ter tentado “subverter o Governo”.
Pequim afirmou já que a atribuição do Nobel da Paz a Liu Xiaobo pode prejudicar as relações entre a China e a Noruega, considerando mesmo que a distinção do dissidente “é totalmente contrária aos princípios” deste galardão.
Também o PCP e congéneres (que ainda os há por aí) deverá lavrar uma nota de protesto por mais um atentado contra a liberdade que os chineses têm de estar sempre de acordo com quem manda.
Liu Xiaobo junta-se, assim, a personalidades como Barack Obama (2009), Kofi Annan (2001), Ximenes Belo e José Ramos-Horta (1996), Nelson Mandela e Frederik Klerk (1993) e Aung San Suu Kyi (1991), entre outras personalidades e organizações internacionais galardoadas com o Nobel da Paz.
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