ORLANDO CASTRO – NOTÍCIAS LUSÓFONAS
Carlos Cardoso (Moçambique) há dez anos, Alberto Chakusanga (Angola) este ano, foram assassinados a tiro. Noutros países democráticos são mortos de forma mais sofisticada
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Angola são os países lusófonos que subiram no ranking mundial de liberdade de imprensa divulgado pela organização não governamental Repórteres Sem Fronteira (RSF). Bom sinal? Não. Subiram, é certo, mas alguns ainda estão a quilómetros de distância da liberdade. Mas se a liberdade de Imprensa não enche barriga, mas a propaganda sim, onde estará a dúvida? O Brasil subiu 13 posições em relação ao ano passado, e ocupando agora o 58º lugar no ranking e, segundo a organização, esta melhoria de posição ocorreu graças a uma "evolução favorável na legislação" do país.
A ausência de violência grave contra a imprensa e uma maior sensibilização do poder público no Brasil relativamente ao acesso à informação também ajudaram a este salto do país.
Apesar da subida de posição, a organização indica que no Brasil ainda há problemas na execução do trabalho jornalístico, como a “censura prévia”.
Num capítulo intitulado "Crescimento económico não quer dizer liberdade de imprensa", o Brasil foi o único a evoluir no ranking entre o grupo dos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China); Índia está em 122º na lista, Rússia em 140º e a China em 171º.
Angola, país lusófono que vai dar apoio à comunicação social guineense e que tem há 31 anos um presidente não eleito, também subiu no ranking, ocupando o 104º lugar (119º no ano passado), mas mantém ainda muitos problemas no que respeita à liberdade de imprensa. É, aliás, o pior no âmbito da Lusofonia.
O relatório aponta que a ONG ficou chocada com a morte, em Setembro, do jornalista Alberto Chakusanga, um crítico do Governo angolano –, da Rádio Despertar. Chocada? É prática no país que todos aqueles, jornalistas ou não, que não concordam com o regime que está no poder desde 1975, tenham uma vocação especial para chocar contra as balas.
O documento aponta que a situação da liberdade de imprensa em Cabo Verde (44º lugar em 2009 e 26º em 2010) e em São Tomé e Príncipe (sem avaliação listada no ranking) é satisfatória.
Já a Guiné-Bissau, apesar de ter subido no ranking (92º lugar em 2009 para 67º em 2010), a ONG indicou que é somente uma recuperação do desempenho desastroso do ano anterior.
Moçambique, ao contrário, desceu no ranking do RFS, passando do 82º lugar, em 2009, para 98º em 2010 e apresenta vários problemas relacionados com a liberdade de imprensa. O que diria Carlos Cardoso se também não tivesse chocada contra umas tantas balas, faz em Novembro dez anos?
Timor-Leste também caiu no ranking entre 2009 e 2010, passando do 72º lugar para o 93º, assim como Portugal, que passou do 30º lugar para 40º.
No topo do ranking de liberdade de imprensa – entre os 178 países analisados - estão, empatados em primeiro lugar, Finlândia, Islândia, Holanda, Noruega, Suécia e Suíça. Na outra ponta da lista, estão Turquemenistão (176º), Coreia do Norte (177º) e Eritreia (178º).
Em Portugal, país que se arroga de ser um exemplo, ao contrário de outros países, os Jornalistas são assassinados de forma subtil. Uns são comprados (viram assessores, consultores etc.), outros silenciados (prateleiras) e outros vão para o desemprego. Não morrem fisicamente (pelo menos por enquanto já que estão a aprender a viver sem comer) mas vêem a dignidade ir desta para melhor. Mas a sociedade continua a cantar e a rir.
O Governo português (do Partido Socialista de José Sócrates) lidera a guerra aos Jornalistas, nem que seja por interpostas pessoas, entidades, empresas, institutos ou agências de publicidade. Depois de ter comprado os que achou necessários, de ter dado cobertura aos negócios que entendeu vitais para eliminar qualquer tipo de contestação, entrou agora (nem que seja por interpostas pessoas, entidades, empresas, insitutos ou agências de publicidade) na fase de arrumar os que (ainda) não se renderam.
Assim, pelas bandas do reino das ocidentais praias lusitanas, há meios mais sofisticados para atingir os mesmos fins. Não é preciso dar um, ou quantos forem precisos, tiro no Jornalista. Basta fazer uma reestruturação empresarial (sinónimo óbvio de despedimentos).
Quando o Jornalista descobrir que não tem dinheiro para pagar o empréstimo da casa ou os estudos dos filhos... dá um tiro na cabeça.
Porquê os Jornalistas? Porque a verdade é incómoda, seja no Brasil, em Angola ou em Portugal. O que varia são os métodos para calar o mensageiro.
Em Portugal, apesar da guerra que o Governo move aos Jornalistas (nem que seja por interpostas pessoas, entidades, empresas, institutos ou agências de publicidade), não faltam ministros, deputados e políticos em geral (todos de pistola no bolso) a dizer que a liberdade de Imprensa é um valor sagrado, se bem que às vezes roubem os gravadores aos jornalistas.
Sagrado sim, desde que não toque nos interesses instalados, desde que só diga a verdade oficial. E, enquanto isso, fecham-se jornais, despedem-se jornalistas, contratam-se administradores, nomeiam-se gestores.
“E não há dúvida nenhuma de que, aconteça o que acontecer, a imprensa, uma imprensa livre, continuará a ser um dos grandes pilares da democracia”, disse recentemente María Teresa Fernández de la Vega no Congresso Mundial de Jornalistas que decorreu em Cádis, Espanha.
De facto, se uma imprensa livre é um dos grandes pilares da democracia, a dita está, em todos os reinos da Lusofonia, coxa. Muito coxa. Até porque não basta dizer que existe democracia.
Em Portugal, José Sócrates chegou tão cedo que deu carácter não só legal como nobre ao facto de o servilismo ser regra para bons empregos, garantindo que esses servos vão estar depois a assessorar partidos, empresas ou políticos. Sempre, é claro, levando em conta que uma imprensa livre é um dos grandes pilares da democracia.
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Carlos Cardoso (Moçambique) há dez anos, Alberto Chakusanga (Angola) este ano, foram assassinados a tiro. Noutros países democráticos são mortos de forma mais sofisticada
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Angola são os países lusófonos que subiram no ranking mundial de liberdade de imprensa divulgado pela organização não governamental Repórteres Sem Fronteira (RSF). Bom sinal? Não. Subiram, é certo, mas alguns ainda estão a quilómetros de distância da liberdade. Mas se a liberdade de Imprensa não enche barriga, mas a propaganda sim, onde estará a dúvida? O Brasil subiu 13 posições em relação ao ano passado, e ocupando agora o 58º lugar no ranking e, segundo a organização, esta melhoria de posição ocorreu graças a uma "evolução favorável na legislação" do país.
A ausência de violência grave contra a imprensa e uma maior sensibilização do poder público no Brasil relativamente ao acesso à informação também ajudaram a este salto do país.
Apesar da subida de posição, a organização indica que no Brasil ainda há problemas na execução do trabalho jornalístico, como a “censura prévia”.
Num capítulo intitulado "Crescimento económico não quer dizer liberdade de imprensa", o Brasil foi o único a evoluir no ranking entre o grupo dos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China); Índia está em 122º na lista, Rússia em 140º e a China em 171º.
Angola, país lusófono que vai dar apoio à comunicação social guineense e que tem há 31 anos um presidente não eleito, também subiu no ranking, ocupando o 104º lugar (119º no ano passado), mas mantém ainda muitos problemas no que respeita à liberdade de imprensa. É, aliás, o pior no âmbito da Lusofonia.
O relatório aponta que a ONG ficou chocada com a morte, em Setembro, do jornalista Alberto Chakusanga, um crítico do Governo angolano –, da Rádio Despertar. Chocada? É prática no país que todos aqueles, jornalistas ou não, que não concordam com o regime que está no poder desde 1975, tenham uma vocação especial para chocar contra as balas.
O documento aponta que a situação da liberdade de imprensa em Cabo Verde (44º lugar em 2009 e 26º em 2010) e em São Tomé e Príncipe (sem avaliação listada no ranking) é satisfatória.
Já a Guiné-Bissau, apesar de ter subido no ranking (92º lugar em 2009 para 67º em 2010), a ONG indicou que é somente uma recuperação do desempenho desastroso do ano anterior.
Moçambique, ao contrário, desceu no ranking do RFS, passando do 82º lugar, em 2009, para 98º em 2010 e apresenta vários problemas relacionados com a liberdade de imprensa. O que diria Carlos Cardoso se também não tivesse chocada contra umas tantas balas, faz em Novembro dez anos?
Timor-Leste também caiu no ranking entre 2009 e 2010, passando do 72º lugar para o 93º, assim como Portugal, que passou do 30º lugar para 40º.
No topo do ranking de liberdade de imprensa – entre os 178 países analisados - estão, empatados em primeiro lugar, Finlândia, Islândia, Holanda, Noruega, Suécia e Suíça. Na outra ponta da lista, estão Turquemenistão (176º), Coreia do Norte (177º) e Eritreia (178º).
Em Portugal, país que se arroga de ser um exemplo, ao contrário de outros países, os Jornalistas são assassinados de forma subtil. Uns são comprados (viram assessores, consultores etc.), outros silenciados (prateleiras) e outros vão para o desemprego. Não morrem fisicamente (pelo menos por enquanto já que estão a aprender a viver sem comer) mas vêem a dignidade ir desta para melhor. Mas a sociedade continua a cantar e a rir.
O Governo português (do Partido Socialista de José Sócrates) lidera a guerra aos Jornalistas, nem que seja por interpostas pessoas, entidades, empresas, institutos ou agências de publicidade. Depois de ter comprado os que achou necessários, de ter dado cobertura aos negócios que entendeu vitais para eliminar qualquer tipo de contestação, entrou agora (nem que seja por interpostas pessoas, entidades, empresas, insitutos ou agências de publicidade) na fase de arrumar os que (ainda) não se renderam.
Assim, pelas bandas do reino das ocidentais praias lusitanas, há meios mais sofisticados para atingir os mesmos fins. Não é preciso dar um, ou quantos forem precisos, tiro no Jornalista. Basta fazer uma reestruturação empresarial (sinónimo óbvio de despedimentos).
Quando o Jornalista descobrir que não tem dinheiro para pagar o empréstimo da casa ou os estudos dos filhos... dá um tiro na cabeça.
Porquê os Jornalistas? Porque a verdade é incómoda, seja no Brasil, em Angola ou em Portugal. O que varia são os métodos para calar o mensageiro.
Em Portugal, apesar da guerra que o Governo move aos Jornalistas (nem que seja por interpostas pessoas, entidades, empresas, institutos ou agências de publicidade), não faltam ministros, deputados e políticos em geral (todos de pistola no bolso) a dizer que a liberdade de Imprensa é um valor sagrado, se bem que às vezes roubem os gravadores aos jornalistas.
Sagrado sim, desde que não toque nos interesses instalados, desde que só diga a verdade oficial. E, enquanto isso, fecham-se jornais, despedem-se jornalistas, contratam-se administradores, nomeiam-se gestores.
“E não há dúvida nenhuma de que, aconteça o que acontecer, a imprensa, uma imprensa livre, continuará a ser um dos grandes pilares da democracia”, disse recentemente María Teresa Fernández de la Vega no Congresso Mundial de Jornalistas que decorreu em Cádis, Espanha.
De facto, se uma imprensa livre é um dos grandes pilares da democracia, a dita está, em todos os reinos da Lusofonia, coxa. Muito coxa. Até porque não basta dizer que existe democracia.
Em Portugal, José Sócrates chegou tão cedo que deu carácter não só legal como nobre ao facto de o servilismo ser regra para bons empregos, garantindo que esses servos vão estar depois a assessorar partidos, empresas ou políticos. Sempre, é claro, levando em conta que uma imprensa livre é um dos grandes pilares da democracia.
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