ORLANDO CASTRO, jornalista – NOTÍCIAS LUSÓFONAS
O Governo da colónia de Cabinda felicitou, numa mensagem, os jornalistas e demais trabalhadores da Rádio Nacional de Angola (RNA) pelo 34º aniversário deste órgão de comunicação social que hoje, 5 de Outubro, se assinala. Deve ser por isso que muitos jornalistas angolanos, mas não só, são imbecis e criminosos.
O Governo da colónia de Cabinda felicitou, numa mensagem, os jornalistas e demais trabalhadores da Rádio Nacional de Angola (RNA) pelo 34º aniversário deste órgão de comunicação social que hoje, 5 de Outubro, se assinala. Deve ser por isso que muitos jornalistas angolanos, mas não só, são imbecis e criminosos.
O executivo local, ali colocado pela força colonial (Angola), aproveita a oportunidade – segundo a Angop - para encorajar os trabalhadores da RNA a continuarem na senda do trabalho abnegado, traduzido no jornalismo feito com rigor, credibilidade e isenção.
Deverá ser por tudo isto (jornalismo feito com rigor, credibilidade e isenção) que os jornalistas da RNA, mas não só, da colónia de Cabinda são obrigados pelo regime angolano do MPLA a ser imbecis e criminosos.
Vejamos. Se o jornalista não procura saber o que se pasa é um imbecil. Se sabe o que se passa e se cala é um criminoso. É claro que, como manda a cartilha do MPLA (tão democrática quanto o presidente da República de Angola que está no poder há 31 anos sem nunca ter sido eleito), é preferível ser imbecil e criminoso... mas estar vivo.
E para estarem vivos, os supostos jornalistas da RNA, mas não só, não se atravem a falar das graves violações dos direitos humanos na colónia de Cabinda onde, como se sabe, basta pensar de maneira diferente do MPLA para se estar a cometer um crime contra a segurança do Estado colonial.
O documento do Governo da colónia de Cabinda indica que o trabalho dos profissionais e técnicos da RNA está intimamente ligado à arte de informar, formar e recrear, resultante do desempenho destes traduzido na qualidade das matérias radiodifundidas que chegam ao consumo do público ouvinte.
Brilhante. Nem nos seus tempos mais áureos Manuel Rui Monteiro diria melhor. Quanto à verdade, com a qual os jornalistas deveriam ter um compromisso solene, sagrado e eterno, essa depende do que está escrito na cartilha do partido que domina Angola e Cabinda desde 11 de Novembro de 1975.
"O executivo local entende que a modernização técnica e tecnológica da RNA nos mais variados domínios é resultado da importância que as estruturas locais e centrais tem vindo a prestar aos órgãos de Comunicação Social no país e em particular na província, visando encarar os desafios do futuro com competência e profissionalismo”, lê-se na mensagem.
Pena é que a modernização não chegue, ainda não tenha chegado, à mentalidade dos donos dos jornalistas do regime. Modernização que os deveria levar a, por exemplo, dizer que Angola, depois de ter estado em 2008 na posição 158 no “ranking” que analisa a corrupção em 180 países, passou em 2009 para a... 162.
Modernização que os deveria levar a, por exemplo, dizer que em matéria de liberdade de imprensa, segundo a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Angola desceu do 116º lugar para 119º, sendo que Cabo Verde está no 44º lugar, Timor-Leste no 72º e a Guiné-Bissau no 92º.
A mensagem termina reiterando a continuação do apoio do governo da colónia aos órgãos locais da Comunicação Social, no sentido de se fazer chegar a informação radiodifundida, televisiva e escrita a toda a extensão da colónia.
Traduzindo este parágrafo para português, a mensagem quer dizer que o regime colonial de Angola reitera a continuação do apoio a todos os órgãos que reproduzam a verdade oficial, sendo que por essa via todos ficarão a saber que é falso que 68% (68 em cada 100) de angolanos são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome.
Verdade oficial que afirma ser falso que 45% das crianças angolanas sofrem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos.
Verdade oficial que afirma ser falso que a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, ao cabritismo, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos.
Verdade oficial que afirma ser falso que o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, esteja limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder.
05.10.2010 - orlando.s.castro@gmail.com
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