ORLANDO CASTRO, jornalista – NOTÍCIAS LUSÓFONAS – 14 outubro 2010
Afinal o futuro de Portugal passa por apagar, seja dos sites do governo ou afins, seja na memória dos cidadãos – sobretudo dos não socialistas – tudo o que seja relevante, mantendo apenas o que respeite ao futebol, já que Fátima e Fado estão num outro patamar. Até a memória querem apagar. Não será fácil, mas que estão a tentar, isso estão.
E antes que me apaguem a memória, deixem-me recordar o que foi a última reunião, tal como todas as anteriores, da Comissão Par(a)lamentar de Inquérito ao caso TVI, que ficou marcada pela constatação de que só são bons, credíveis, isentos e honestos os que são do PS.
Ricardo Rodrigues (PS) acusou João Semedo de elaborar conclusões segundo uma convicção pessoal. Em resposta, o deputado do Bloco de Esquerda chamou mentiroso a Ricardo Rodrigues e disse que a verdade não pode ser escondida no bolso.
Para quem não sabe, não quer saber ou é do Partido Socialista (são tudo sinónimos), liderado pelo (im)poluto paladino da liberdade de imprensa, José Sócrates, recorde-se tantas vezes quantas for preciso (esta é mais uma), o que se passou no dia 30 de Abril.
E recorde-se porque, pelo menos por enquanto, este PS ainda não conseguiu meter a memória e a liberdade de alguns (cada vez menos, é verdade) no bolso.
O vice-presidente da bancada parlamentar do PS, Ricardo Rodrigues, ficou (meteu ao bolso, furtou, roubou) com dois gravadores dos jornalistas da revista Sábado durante uma entrevista, sem que isso merecesse qualquer censura por parte dos acólitos do sumo pontífice socialista.
Questionado sobre as suas ligações a um antigo processo de burla nos Açores e a casos de pedofilia, o deputado terminou bruscamente a entrevista e levou os dois gravadores consigo.
Foi, mais uma vez, o Portugal socialista no seu melhor! Ou, citando o primeiro-ministro do reino, José Sócrates, mais uma demonstração inequívoca de que em Portugal não há falta de liberdade... para afanar os gravadores dos jornalistas.
Ricardo Rodrigues, vice-presidente da bancada do PS (de que outro partido poderia ser?), explicou que “tomou posse”, de forma “irreflectida”, de dois gravadores da revista Sábado, durante uma entrevista, porque foi exercida sobre ele uma “violência psicológica insuportável”.
E foi assim que, mais uma vez, este PS deu um incomensurável contributo para a redução da criminalidade que, creio, colocará o reino no topo dos países com menos furtos.
Os furtos de carteiras, por exemplo, sofreram uma redução drástica. Em Portugal já ninguém furta, apenas “tomam posse”, de forma “irreflectida”, do que é dos outros.
Numa declaração sem direito a perguntas dos jornalistas (que pelo sim e pelo não mantiveram os gravadores a uma distância segura, não fosse haver mais alguma “irreflectida tomada de posse”), o deputado Ricardo Rodrigues anunciou, quando o caso se tornou público, que apresentou no Tribunal Cível de Lisboa uma providência cautelar contra a revista Sábado e dois jornalistas da mesma publicação.
Na Assembleia da República, o deputado socialista, acompanhado pelo líder parlamentar, Francisco Assis, e por um outro membro da direcção do grupo, Sérgio Sousa Pinto, justificou a sua “tomada de posse” (não como deputado mas como tomador de posse de gravadores alheios) pelo “tom inaceitavelmente persecutório” das perguntas e pelos “temas e factos suscitados, falsos e mesmo injuriosos”.
Em causa, apontou, estavam perguntas relacionadas com a sua “alegada cumplicidade” com clientes que “patrocinou” enquanto advogado e que “foram condenados relativamente a factos de 1997”. E ainda “injúrias e difamações que estão a ser julgadas no Tribunal de Oeiras”, em que são réus a SIC, a SIC/Notícias e o jornalista Estêvão Gago da Câmara.
“Porque a pressão exercida sobre mim constituiu uma violência psicológica insuportável, porque não vislumbrei outra alternativa para preservar o meu bom nome, exerci acção directa e, irreflectidamente, tomei posse de dois equipamentos de gravação digital, os quais hoje são documentos apensos à providência cautelar”, justificou.
Para além de se ter ficado a saber que os bolsos de alguns socialistas são bem maiores do que os dos comuns mortais, percebeu-se melhor (se é que havia dúvidas) a razão pela qual Portugal desceu do 16º lugar, em 2008, para o 30º, em 2009 em matéria de liberdade de Imprensa.
(Bolsos socialistas que, a fazer fé no deputado do PS Ricardo Gonçalves , não é assim tão recheado. Isto porque ele gostava de ter a cantina da Assembleia da República aberta ao jantar... porque os 3 700 euros que aufere por mês "não dão para tudo")
Não é que a liberdade de imprensa não exista... Ela existe mas, por obra das originalidades do reino, está escondida nos bolsos, nas gavetas e sítios similares dos donos do poder, os acólitos do sumo pontífice deste PS, José Sócrates.
E não tardará muito que o Portugal socialista adopte as mesmas regras da Guiné-Equatorial (país que, mais cedo ou mais tarde, será seu perceiro de pleno direito no seio da Comunidade de Países de Língua... Portuguesa) que o ano passado ensinou o que é a liberdade de Imprensa mandando quatro meses para a choldra o único correspondente estrangeiro que por lá andava.
14.10.2010 - orlando.s.castro@gmail.com
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Afinal o futuro de Portugal passa por apagar, seja dos sites do governo ou afins, seja na memória dos cidadãos – sobretudo dos não socialistas – tudo o que seja relevante, mantendo apenas o que respeite ao futebol, já que Fátima e Fado estão num outro patamar. Até a memória querem apagar. Não será fácil, mas que estão a tentar, isso estão.
E antes que me apaguem a memória, deixem-me recordar o que foi a última reunião, tal como todas as anteriores, da Comissão Par(a)lamentar de Inquérito ao caso TVI, que ficou marcada pela constatação de que só são bons, credíveis, isentos e honestos os que são do PS.
Ricardo Rodrigues (PS) acusou João Semedo de elaborar conclusões segundo uma convicção pessoal. Em resposta, o deputado do Bloco de Esquerda chamou mentiroso a Ricardo Rodrigues e disse que a verdade não pode ser escondida no bolso.
Para quem não sabe, não quer saber ou é do Partido Socialista (são tudo sinónimos), liderado pelo (im)poluto paladino da liberdade de imprensa, José Sócrates, recorde-se tantas vezes quantas for preciso (esta é mais uma), o que se passou no dia 30 de Abril.
E recorde-se porque, pelo menos por enquanto, este PS ainda não conseguiu meter a memória e a liberdade de alguns (cada vez menos, é verdade) no bolso.
O vice-presidente da bancada parlamentar do PS, Ricardo Rodrigues, ficou (meteu ao bolso, furtou, roubou) com dois gravadores dos jornalistas da revista Sábado durante uma entrevista, sem que isso merecesse qualquer censura por parte dos acólitos do sumo pontífice socialista.
Questionado sobre as suas ligações a um antigo processo de burla nos Açores e a casos de pedofilia, o deputado terminou bruscamente a entrevista e levou os dois gravadores consigo.
Foi, mais uma vez, o Portugal socialista no seu melhor! Ou, citando o primeiro-ministro do reino, José Sócrates, mais uma demonstração inequívoca de que em Portugal não há falta de liberdade... para afanar os gravadores dos jornalistas.
Ricardo Rodrigues, vice-presidente da bancada do PS (de que outro partido poderia ser?), explicou que “tomou posse”, de forma “irreflectida”, de dois gravadores da revista Sábado, durante uma entrevista, porque foi exercida sobre ele uma “violência psicológica insuportável”.
E foi assim que, mais uma vez, este PS deu um incomensurável contributo para a redução da criminalidade que, creio, colocará o reino no topo dos países com menos furtos.
Os furtos de carteiras, por exemplo, sofreram uma redução drástica. Em Portugal já ninguém furta, apenas “tomam posse”, de forma “irreflectida”, do que é dos outros.
Numa declaração sem direito a perguntas dos jornalistas (que pelo sim e pelo não mantiveram os gravadores a uma distância segura, não fosse haver mais alguma “irreflectida tomada de posse”), o deputado Ricardo Rodrigues anunciou, quando o caso se tornou público, que apresentou no Tribunal Cível de Lisboa uma providência cautelar contra a revista Sábado e dois jornalistas da mesma publicação.
Na Assembleia da República, o deputado socialista, acompanhado pelo líder parlamentar, Francisco Assis, e por um outro membro da direcção do grupo, Sérgio Sousa Pinto, justificou a sua “tomada de posse” (não como deputado mas como tomador de posse de gravadores alheios) pelo “tom inaceitavelmente persecutório” das perguntas e pelos “temas e factos suscitados, falsos e mesmo injuriosos”.
Em causa, apontou, estavam perguntas relacionadas com a sua “alegada cumplicidade” com clientes que “patrocinou” enquanto advogado e que “foram condenados relativamente a factos de 1997”. E ainda “injúrias e difamações que estão a ser julgadas no Tribunal de Oeiras”, em que são réus a SIC, a SIC/Notícias e o jornalista Estêvão Gago da Câmara.
“Porque a pressão exercida sobre mim constituiu uma violência psicológica insuportável, porque não vislumbrei outra alternativa para preservar o meu bom nome, exerci acção directa e, irreflectidamente, tomei posse de dois equipamentos de gravação digital, os quais hoje são documentos apensos à providência cautelar”, justificou.
Para além de se ter ficado a saber que os bolsos de alguns socialistas são bem maiores do que os dos comuns mortais, percebeu-se melhor (se é que havia dúvidas) a razão pela qual Portugal desceu do 16º lugar, em 2008, para o 30º, em 2009 em matéria de liberdade de Imprensa.
(Bolsos socialistas que, a fazer fé no deputado do PS Ricardo Gonçalves , não é assim tão recheado. Isto porque ele gostava de ter a cantina da Assembleia da República aberta ao jantar... porque os 3 700 euros que aufere por mês "não dão para tudo")
Não é que a liberdade de imprensa não exista... Ela existe mas, por obra das originalidades do reino, está escondida nos bolsos, nas gavetas e sítios similares dos donos do poder, os acólitos do sumo pontífice deste PS, José Sócrates.
E não tardará muito que o Portugal socialista adopte as mesmas regras da Guiné-Equatorial (país que, mais cedo ou mais tarde, será seu perceiro de pleno direito no seio da Comunidade de Países de Língua... Portuguesa) que o ano passado ensinou o que é a liberdade de Imprensa mandando quatro meses para a choldra o único correspondente estrangeiro que por lá andava.
14.10.2010 - orlando.s.castro@gmail.com
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