PAULA FERREIRA – JORNAL DE NOTÍCIAS, opinião
Vemos, ouvimos e lemos: é preciso cortar nas férias, ir menos vezes ao restaurante. A crise, dizem, combate-se também a partir dos presentes de Natal: livros, livros, sugerem, em vez de uma peça de roupa de marca para a avó e a última novidade tecnológica para o filho adolescente. É isso que temos ouvido a chamada classe média a definir como estratégia para enfrentar o corte no salário do próximo mês de Janeiro. Custa, é verdade. Mas o essencial, ou até um pouco mais, pelo que vemos, ouvimos e lemos parece estar garantido. E a educação dos miúdos não vai ser tocada.
Nestes dias de amargas notícias, penso sobretudo naqueles que já nesta altura pouco ou nada afinal têm. Nas mães, como todas as mães, que gostam de dar um mimo aos filhos - um iogurte com pepitas de chocolate, sei lá, cereais com mel, uma ida ao cinema com pipocas, e as contas do dia-a-dia não o permitem. O que sobrará em 2011 para estes portugueses já tão despojados? Ficar pobres, ainda mais pobres.
Os sinais são deveras preocupantes, sombrios. Sobra provavelmente mais desemprego, menos dinheiro ainda ao fim do mês. Porque, garantem os especialistas em Economia e Finanças, depois das rolhas de champanhe no tecto, na passagem do ano, nascerá a filha da crise - chama-se recessão. Das duas uma: "menos salário ou desemprego". Pior é impossível. E também já nos avisaram de que pode não chegar. Os mercados, guiados pelas agências de rating - essas entidades que se esqueceram de prever a crise financeira mundial - , dirão e ditarão.
Somos um povo de muito brandos costumes. Por muito menos, a França, aqui tão perto, está virada do avesso. O país onde a crise não chegou a sério e os apoios sociais são reais recusa ver a idade de reforma aumentar dos 60 para os 62 anos.
A França do verdadeiro estado social não quer perder regalias e tratou de bloquear a economia. Nós por cá assistimos quase passivos a cortes nos salários, ao fim dos apoios sociais, ao aumento dos preços dos produtos de primeira necessidade, ao portajar das SCUT. Os únicos que ouvimos protestar até agora com veemência foram os magistrados - provavelmente dos poucos que deveriam ficar em silêncio...
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Vemos, ouvimos e lemos: é preciso cortar nas férias, ir menos vezes ao restaurante. A crise, dizem, combate-se também a partir dos presentes de Natal: livros, livros, sugerem, em vez de uma peça de roupa de marca para a avó e a última novidade tecnológica para o filho adolescente. É isso que temos ouvido a chamada classe média a definir como estratégia para enfrentar o corte no salário do próximo mês de Janeiro. Custa, é verdade. Mas o essencial, ou até um pouco mais, pelo que vemos, ouvimos e lemos parece estar garantido. E a educação dos miúdos não vai ser tocada.
Nestes dias de amargas notícias, penso sobretudo naqueles que já nesta altura pouco ou nada afinal têm. Nas mães, como todas as mães, que gostam de dar um mimo aos filhos - um iogurte com pepitas de chocolate, sei lá, cereais com mel, uma ida ao cinema com pipocas, e as contas do dia-a-dia não o permitem. O que sobrará em 2011 para estes portugueses já tão despojados? Ficar pobres, ainda mais pobres.
Os sinais são deveras preocupantes, sombrios. Sobra provavelmente mais desemprego, menos dinheiro ainda ao fim do mês. Porque, garantem os especialistas em Economia e Finanças, depois das rolhas de champanhe no tecto, na passagem do ano, nascerá a filha da crise - chama-se recessão. Das duas uma: "menos salário ou desemprego". Pior é impossível. E também já nos avisaram de que pode não chegar. Os mercados, guiados pelas agências de rating - essas entidades que se esqueceram de prever a crise financeira mundial - , dirão e ditarão.
Somos um povo de muito brandos costumes. Por muito menos, a França, aqui tão perto, está virada do avesso. O país onde a crise não chegou a sério e os apoios sociais são reais recusa ver a idade de reforma aumentar dos 60 para os 62 anos.
A França do verdadeiro estado social não quer perder regalias e tratou de bloquear a economia. Nós por cá assistimos quase passivos a cortes nos salários, ao fim dos apoios sociais, ao aumento dos preços dos produtos de primeira necessidade, ao portajar das SCUT. Os únicos que ouvimos protestar até agora com veemência foram os magistrados - provavelmente dos poucos que deveriam ficar em silêncio...
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