quarta-feira, 6 de outubro de 2010

VIVA A REPÚBLICA DOS POBRES, MISERÁVEIS E DESEMPREGADOS

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ORLANDO CASTRONOTÍCIAS LUSÓFONAS

Ou seja, viva o Portugal socialista de José Sócrates que, entre outras medidas, está a ensinar os portugueses a viver sem comer

Portugal é um país, diz-se. Tem um primeiro-ministro socialista, José Sócrates, que às segundas, quartas e sextas diz uma coisa (que não vai haver, por exemplo, aumento de impostos), e às terças, quintas e sábados diz o contrário. Ao domingo prepara as aldrabices do semana seguinte. Certo, certo é que tem, para já, 700 mil desempregados, 20% de miseráveis e 20% de pobres ( Ler também “Quando vamos acordar?”, artigo de Jorge Monteiro Alves na secção Opinião). Portugal pertecence à Europa, diz-se. E como em 2010 se “comemora” o Ano Europeu contra a Pobreza e a Exclusão Social, o país de José Sócrates não poderia deixar de estar na linha da frente, já que pobres e excluídos é coisa que não falta no reino a norte de Marrocos.

Não admira por isso que, a par dos festejos do centenário da República (das bananas), Portugal vá andar por aí a dizer de sua justiça, com protagonistas que por estarem bem alimentados são os que melhor podem falar de todos aqueles que estão de barriga vazia.

São aliás, múltiplas as iniciativas que procuram mostrar que, afinal, é possível aos portugueses viver sem comer, sem ter emprego, sem ter ajuda... mas tendo como sumo pontífice da sua política José Sócrates Pinto de Sousa.

E se no dia 5 se comemora o centenário da República, no dia seguinte Portugal vai ter as “24 Horas pelo Combate à Pobreza e à Exclusão Social”, bem como uma partida desportiva em Lisboa, no Largo de Camões (não deveria ser no Largo do Rato?), obviamente contra aquilo que já é uma crescente rotina: a pobreza.

José Sócrates deverá participar nestas iniciativas desportivas, prevendo-se que chegue ao local de concentração a bordo do Mercedes S450 CDI acabado de comprar pela módica quantia de 140.876 euros.

Apesar de o novo Mercedes ter um GPS topo de gama, calcula-se que José Sócrates não encontrou qualquer caminho alternativo ao que abalroa sempre os mesmos, ou seja os milhões que têm pouco ou nada.

O Orçamento de Estado que vai ser aprovado na Assembleia da República, com o sim declarado ou encapotado do PSD, aposta tudo em acabar de vez com os agregados familiares de menores recursos, para além de dar golpes fatais na classe média baixa, tornando-a numa classe miserável.

Impostos mais elevados, cortes sociais, baixa de salários, tudo isto somado ao desemprego e à falta de estratégia económica (sobre isto o Governo socialista de José Sócrates tem apenas uma vaga ideia), vai fazer com que a república (das bananas) passe a ter, é claro, poucos com muitos milhões em detrimentos dos milhões que vão ficar com a noção exacta de que a barriga cheia já não passa de uma mera recordação.

Por alguma razão uma das regras de ouro do Governo de José Sócrates é, como disse Vitalino Canas, que «quando se fazem balanços é, certamente, para realçar aquilo que se fez bem. E foram tantas as coisas que fizemos bem, que não temos de perder tempo com o que fizemos mal.»

É claro que esta tese do porta-voz do Partido Socialista de José Sócrates deverá ter sido copiada das teses de Teodoro Obiang, presidente há 31 anos da Guiné-Equatorial, ou mesmo de Adolf Hitler.

Recorde-se, como mera curiosidade, que já em Julho Carlos Azevedo, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, desafiou os políticos a contribuírem com uma pequena parte do seu ordenado para um fundo social. Os socialistas riram-se.

Mais tarde, em Setembro, na abertura da Semana Pastoral, em Fátima, o bispo classificou como “indecente” o actual modelo económico que “agrava a pobreza e a exclusão social”. "Não são as pessoas que estão ao serviço da economia mas a economia que está ao serviço das pessoas e dos povos, ao serviço do bem comum, sem deixar de lado os vulneráveis", acrescentou. Os socialistas riram-se.

"As consequências sociais da crise vão continuar a afectar os mais pobres durante vários anos, de forma mais intensa", disse Carlos Azevedo.

Os socialistas riram-se. E vão continuar a rir-se. Aliás é uma característica portuguesa: cantar e rir enquanto o navio se afunda.
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