quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A CENSURA ANGOLANA E O ZWELA DOS “FRETES” AO REGIME MPLA

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FERNANDO SILVA

Ao ler o que em baixo publicamos, encontramo-nos sem querer nas palavras bolorentas, hipócritas e repletas de inverdades proferidas por políticos portugueses como Cavaco, Sócrates ou outros da mesma laia, da lusofonia ou não, que passam a vida a lamber o sim-senhor ao ditador angolano Dos Santos e ao seu MPLA. Esses, que estão no poder dos estados, enaltecem em discursos e noutras declarações públicas a democracia em Angola, julgando-nos uma cambada de palermoides que ignoramos que aquele presidente vitalício Eduardo dos Santos está por lá há mais de 30 anos sem que alguma vez se tenha submetido a sufrágio eleitoral.

Se o estado de direito em Angola é representado por uma democracia, o caniche da vizinha Aurora anda a defecar barras de ouro no capacho da minha porta de casa e eu não me apercebi. Talvez mais radical e colorido: Se há democracia em Angola, Dos Santos acompanha o visual black and withe dos anos sessenta e bamboleia-se ao som do Black is Black, de Los Bravos, numero um por imensas semanas no famoso top de Londres. Ficção. Pura e desavergonhada ficção. Exatamente como a democracia em Angola.

Eis que Zwela, o portal com Comissão de Censura que se denunciou, como vão constatar, pelo seu acto censório, irá agora receber uma medalha adornada com diamantes que pertencem aos angolanos mas que estão na posse dos corruptos e ladrões do MPLA, que é o “estado”, que é o dono de Angola e da colónia de Cabinda.

Repare-se na quase nenhuma diferença entre Salazar, o português ditador colonialista, e o ditador Dos Santos. Ele faz questão em possuir colónias, em distribuir as riquezas do país por pouco mais de uma dúzia de famílias, institui a Censura e a auto-censura para coarctar a liberdade de expressão e as palavras que denunciam o seu regime… Quase que igualava Salazar, mas perante o quase vamos parar. É que Salazar era honesto. Nunca roubou um tostão (valor mínimo daquela época) aos portugueses, nem consentiu que familiares seus o fizessem. Outros o fizeram à grande e à portuguesa.

Em contrapartida, Dos Santos, por exemplo, uma noite adormeceu com poucos bens materiais, com uma filha e uns amigos nas mesmíssimas condições, e na manhã seguinte acordou multimilionário, a sua família idem, os seus generais e outros seus próximos também…

E é esta democracia que também os “democratas” de Portugal e do mundo que venera a aberração de democracia em Angola enaltecem. Censores de serviço permanente que tudo farão para calar os que têm opinião diferente baseada em factos e documentos históricos como o Tratado de Simulambuco, abaixo transcrito da Wikipedia por via das dúvidas.

“O Tratado de Simulambuco foi assinado em 1 de Fevereiro de 1885, pelo representante do governo Português Guilherme Augusto de Brito Capello, então capitão tenente da Armada, comandante de corveta «Rainha de Portugal», comendador de Aviz Rei de Portugal e pelos príncipes, chefes e oficiais do reino de N'Goyo e colocou Cabinda sob protectorado português. O tratado foi uma resposta à Conferência de Berlim, que dividiu África pelas potências europeias.

No tratado, Portugal compromete-se a:

"Portugal obriga-se a fazer manter a integridade dos territórios colocados sob o seu protectorado."

"Portugal respeitará e fará respeitar os usos e costumes do país."

A colonização de Cabinda foi assim pacífica. Na altura Cabinda estava separada de Angola apenas pelo rio Congo. O território só se tornou enclave após os acordos celebrados com os belgas, em 5 de Julho de 1913 em Bruxelas, onde foram definidas as novas fronteiras coloniais luso-belgas.”

Uma vez mais se lembra Simulambuco porque nunca será demais repetir, mesmo que a voz já nos doa. Para que não ousem ter dúvidas de que Cabinda é uma colónia de Angola, como Angola era uma colónia de Portugal.

Quanto ao acto censório do Zwela e de como candidamente tenta apresentar caca de cão como barras de ouro, de nada valeu nem vale. Denunciar os censores é dever de qualquer cidadão do mundo. É o que a seguir encontramos bem explícito por meu abuso em aqui publicar.

Cabinda (pois claro!) é tema proibido no portal Zwela Angola

ORLANDO CASTRO, jornalista – NOTÍCIAS LUSÓFONAS

Por iniciativa exclusiva dos responsáveis pelo portal Zwela Angola, fui convidado para escrever alguns artigos de opinião. Foram publicados dois. O terceiro, sobre Cabinda, não foi publicado pelas razões que a seguir se reproduzem. É, como aliás eu já esperava, mais uma vitória do regime angolano que considera Cabinda uma sua província (tal como a Indonésia considerava Timor-Leste, lembram-se), ao contrário de mim que considero ser uma colónia, depois de ter sido protectorado.

“Gostaríamos de informá-lo de que após termos analisado seriamente o seu artigo decidimos não publicá-lo. Lamentamos o facto”, começa por dizer o texto explicativo do Zwela Angola, acrescentando:

“Efectivamente, levamos algum tempo para decidir devido à complexidade dos valores em conflito. Se por um lado promovemos a liberdade de pensamento e expressão, justiça e paz social, debate crítico e construtivo como propósito e justificação da existência deste portal; por outro, favorecemos o equilíbrio, balanço e moderação pois sabemos que qualquer um dos extremos, sem séria consideração da nossa parte, pode causar alienação dos nossos leitores e consequentemente a nossa marginalização do que pretendemos servir.”

Procurando explicar por muitas palavras o que poderia ser resumido numa só (censura), o Zwela Angola diz que “apesar de respeitar a sua opinião, achamos que este seu artigo tem o potencial de colocar-nos num dos extremos do ponto de vista expresso ou implicado no artigo”.

Como é do conhecimento público, o regime angolano do MPLA, que domina Angola desde 1975 e que tem um presidente não eleito há 31 anos no poder, tem tentáculos por todo o lado e quando não pode prender ou eliminar fisicamente quem dele discorda (como acontece na colónia de Cabinda), opta por silenciar todos os que põem a força da razão acima da razão da força.

Com este acto de censura (relembre-se que os artigos de opinião só e apenas vinculam os seus autores) o Zwela Angola presta um bom serviço (certamente será bem gratificado) ao regime angolano e, como é claro, um péssimo serviço à liberdade de expressão e à democracia, ela própria vinculada à liberdade.

Ainda bem que aqui no Notícias Lusófonas (NL) não é o MPLA quem manda. Talvez por isso o NL tenha cerca de dez mil visitas únicas por dia, talvez por isso é que está todos os dias e desde 1977 na primeira linha da luta pela liberdade, talvez por isso é que uma das suas máximas é: “Leia hoje aqui o que um dia (com muita sorte) encontrará, talvez, noutros sítios...”

É claro que, em relação ao Zwela Angola, a minha colaboração terminou imediatamente.

03.11.2010 - orlando.s.castro@gmail.com
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