sábado, 20 de novembro de 2010

Cimeira da NATO - NATO confirma retirada do Afeganistão até 2014

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Anders Fogh Rasmussen com o Presidente afegão, Hamid Karzai (à esquerda) (Yves Herman/Reuters)

PÚBLICO - LUSA 20 novembro 2010

O ministro da Defesa de Portugal acaba de confirmar que os membros da NATO tencionam completar a transição no Afeganistão até ao final de 2014.

Augusto Santos Silva explicou que o processo de transferência da responsabilidade pela segurança do Afeganistão para o Governo do Presidente Hamid Karzai, vai pôr fim à missão de combate da Aliança iniciada em 2001, na sequência dos atentados terroristas de 11 de Setembro.

O processo de transição vai iniciar-se no primeiro semestre de 2011, anunciou Santos Silva, reforçando, porém, que "as datas são indicativas: definem horizontes e não calendários". "A transição depende das condições [de segurança] no terreno e também das capacidades institucionais do Governo do Afeganistão", declarou.

A reunião onde os aliados tentam mostrar os progressos feitos no último ano no país abriu este segundo dia da cimeira da NATO, em Lisboa. O secretário-geral da NATO, o dinamarquês Anders Fogh Rasmussen, garantiu que a comunidade internacional vai continuar a apoiar o Afeganistão, mesmo depois da retirada militar.

"Se os inimigos do Afeganistão pensam que podem esperar até que saiamos, têm a ideia errada. Ficaremos o tempo que for preciso para terminar o nosso trabalho", frisou Rasmussen. Terminada a missão de combate, as forças internacionais continuarão a garantir a formação e treino das forças de segurança afegãs.

Na reunião – onde participa também o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, que hoje se juntou aos trabalhos – os aliados discutiram o processo faseado de transição da segurança para as forças do Afeganistão, para que em 2014 a polícia e o Exército do país controlem o território.

Os aliados têm repetido que permanecerão no Afeganistão o tempo necessário até estar concluído o processo de transição. Nenhum dos países que participam na Força Internacional de Assistência e Segurança (ISAF) anunciou formalmente qualquer calendário para a "retirada" – expressão progressivamente substituída por "transição".

"As decisões que aqui tomaremos marcam um processo até que o Afeganistão consiga estar por si próprio, a garantir a sua própria segurança", assumiu Rasmussen.

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deu o pontapé de partida deste processo de transição, ao anunciar, no ano passado, que o movimento de retirada progressiva das tropas norte-americanas destacadas no Afeganistão teria início em Julho de 2011. Os Estados Unidos têm cerca de 130 mil soldados no Afeganistão.

Segundo informou ontem um alto responsável da Nato, o processo de transição vai decorrer de forma faseada, "cidade a cidade, região a região, província a província". Na Primavera do próximo ano serão identificadas as primeiras áreas a passar para o controlo afegão, mas estima-se que o processo comece pelo norte e oeste do país, deixando para o fim as zonas mais complicadas do sul e leste, na fronteira com o Paquistão, onde a resistência taliban é mais arreigada.

A mesma fonte estimou que a entrega das competências de segurança das tropas da Nato para as forças afegã dentro de cada província deva demorar entre 18 e 24 meses.
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