sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Fidel Castro deixa a liderança do Partido Comunista em Cuba

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Fidel castro dirigiu-se hoje aos estudantes na Universidade de Havana (Reuters)

ISABEL GORJÃO DOS SANTOS - PÚBLICO

Líder da revolução cubana diz não estar "em condições"

Fidel Castro anunciou que "não está em condições" de exercer a liderança do Partido Comunista Cubano e que delegou essa função, o que está a ser interpretado como o abandono do seu último cargo, depois de em 2008 ter deixado a presidência de Cuba, que foi assumida pelo irmão, Raúl Castro.

Nessa altura Fidel Castro continuou a ser o primeiro secretário do PCC, até agora. Citado pelo diário oficial "Granma", anunciou: "Não posso fazer algo a que não estou em condições de dedicar-me a tempo inteiro".

Fidel Castro, de 84 anos, anunciou a decisão durante um encontro com estudantes a quem disse que não estava ali como líder do Partido Comunista, adiantou o diário espanhol "El Mundo". "Fiquei doente e fiz o que devia fazer: deleguei as minhas atribuições", adiantou.

O líder histórico cubano disse que se considera um "soldado das ideias" e que nunca vacilou ao depor os seus cargos, e deixou também a entender que está de acordo com as medidas levadas a cabo pelo actual Presidente Raúl Castro. As autoridades cubanas anunciaram recentemente medidas no sentido de possibilitar a abertura de pequenos negócios privados e diminuir em 500 mil o número de trabalhadores do Estado. "Fidel reconhece que está contente, porque o país está a avançar, apesar de todos os desafios", adiantou o diário oficial "Granma".

Para Abril também já foi convocado um congresso do PCC para debater um plano de reformas económicas que deverá passar pela redução do papel do Estado e expansão do sector privado.

Fidel Castro liderou a revolução cubana de 1959 e foi o chefe de Estado do país durante quase meio século, até adoecer, em meados de 2006. Nessa altura foi sujeito a uma intervenção cirúrgica e só voltou a reaparecer em público algum tempo depois. A sua saída da liderança do PCC terá mais um significado simbólico do que um efeito real porque a doença o manteve praticamente afastado ao longo dos últimos quatro anos, sublinhou a Reuters.
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