terça-feira, 23 de novembro de 2010

Presidente do Conselho Económico e Social, contra corte de salários

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Silva Peneda, presidente do Conselho Económico e Social

Ex-ministro de Cavaco diz que cortar salários e direitos laborais não aumenta competitividade

PAULO MIGUEL MADEIRA - PÚBLICO - 23 novembro 2010

O presidente do Conselho Económico e Social, e ex-ministro do Trabalho de Cavaco Silva, considera que baixar salários e cortar direitos aos trabalhadores não contribui para o aumento da competitividade.

Na opinião de José Silva Peneda, que era ministro quando houve a greve geral de 1988, "rever a legislação laboral não é prioridade, neste momento, no país", segundo declarações à rádio TSF. Além disso, não acredita que "seja à custa de baixar salários que vamos aumentar a competitividade. Não é pela área dos direitos dos trabalhadores, isso será um erro", disse hoje, reafirmando a ideia que deixou ontem no programa Prós e Contras, de RTP.

"Seria muito fácil esse tipo de terapia, mas não é por aí, não é por aí. Os problemas de competitividade da economia portuguesa não têm a ver com menos direitos para os trabalhadores. Tem outros factores muito mais importantes", acrescentou. Entre estes, destacou "a organização das próprias empresas, como sejam os custos do contexto", referindo-se por exemplo à água e à energia.

José Silva Peneda, que foi ministro do Trabalho, e depois do Emprego, nos dois governos de Cavaco Silva que completaram as respectivas legislaturas, considera também que a greve geral de amanhã deverá ter uma "adesão significativa", e considera que deve haver uma "reflexão acerca de problemas vários e de como é que se pode mobilizar as centrais sindicais e as entidades patronais para um esforço de convergência em relação àquilo que é fundamental e essencial".

Desde Dezembro do ano passado à frente do CES, Silva Peneda pede que se reúnam "condições para que haja uma convergência de esforços", porque não acredita que, "na situação em que o país está, uma única entidade, uma única instituição, por mais poderosa que seja, possa, isoladamente, resolver o problema". É um problema "que necessita aqui de um nível de compromisso elevado entre os vários agentes, que podem contribuir para que o país comece a crescer economicamente".
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