RUI MARTINS *, Berna – DIRETO DA REDAÇÃO
"Não à extradição de Battisti". Foi com esse título, no site Direto da Redação, que publiquei meu primeiro artigo em favor do companheiro Cesare Battisti Clique aqui hoje agraciado pelo presidente Lula, e que poderá viver, enfim, no Brasil, depois de quase dois anos de prisão, mesmo depois da decisão do ex-ministro Tarso Genro.
Desnecessário falar de minha alegria de combatente, já que, no início, logo depois da prisão de Battisti no Rio de Janeiro, grande parte da esquerda não se decidia a apoiar Cesare Battisti. em consequência de uma insidiosa campanha movida pela revista Carta Capital.
Lembro-me do duelo com Mino Carta, redistribuído pela mídia alternativa. Dos artigos no Brasil de Fato, no Observatório da Imprensa, Correio do Brasil e de tantos outros, reproduzidos na própria França, onde a grande defensora de Battisti era a escritora Fred Vargas, muitas vezes no Brasil para contratar advogados, encontrar-se com juristas, políticos, ministros, em busca da libertação de Battisti.
A campanha por Battisti teve, a seguir, como seus grandes defensores Celso Lungaretti, ex-combatente contra a ditadura, ex-preso político, o combativo articulista Laerte Braga, o jurista Carlos Lungarzo, os políticos Eduardo Suplicy e Fernando Gabeira. E tantos outros que foram se juntando, se mobilizando, se reunindo diante do STF para protestar contra o ministro Cesar Peluzo e Gilmar Mendes, que quase provocaram uma crise institucional ao rejeitarem uma decisão do próprio ministro da Justiça Tarso Genro, mantendo preso, ilegalmente, diga-se de passagem, o italiano Cesare Battisti.
Lembro-me também das ofensas do governo e de políticos italianos contra o Brasil e contra Tarso Genro, vindas justamente do desmoralizado governo de Silvio Berlusconi, mas aceitas pela imprensa brasileira. Entendemos a paciência do presidente Lula, pois essa mesma imprensa comprometida teria certamente utilizado a não extradição de Battisti como argumento contra a eleição de Dilma Rousseff.
Pena que muitos brasileiros sem acesso ao falso processo de Cesare na Itália, tenham criado a idéia corroborada pela imprensa, de que se tratava de um culpado, quando na verdade era um foragido vítima de perseguição política. A verdade pouco a pouco virá à tona, e ajudará Battisti a se integrar no Brasil, escrever novos livros e se juntar aos combatentes pelos direitos humanos se tornando um dos nosso valores intelectuais.
Fiquemos, porém, alertas para que Cesare Battisti não seja vítima de atentado ou vingança por parte de políticos italianos frustrados com a decisão brasileira. Lula não repetiu o êrro de Getúlio, que cedeu Olga Benário Prestes aos pedidos da Alemanha nazista. O Brasil se afirma, com essa decisão política de Lula, como um país independente, sem medo de pressões e ameaças, mesmo porque já se tornou uma potência internacional.
Bem-vindo Cesare Battisti ao convívio de nós brasileiros, de todos nós que lutamos contra os diversos tipos de opressão, de controle, de injustiças e de tramas judiciárias contra os lutadores pela liberdade. Ontem, prisioneiro, ameaçado de extradição, hoje Battisti é o atestado de nossa maioridade política e se torna uma marco na nossa história, no epílogo de uma luta entre um judiciário brasileiro desejoso de satisfazer a injustiça italiana contra um executivo, que não se dobrou e optou pela justiça e pelos direitos humanos. É o fecho de ouro do governo Lula.
Espero ter ainda a oportunidade, um dia desses no Brasil, de me encontrar com Battisti para lhe dar o abraço de boas-vindas como homem livre no território brasileiro.
*Jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura, é líder emigrante, ex-membro eleito no primeiro conselho de emigrantes junto ao Itamaraty. Criou os movimentos Brasileirinhos Apátridas e Estado dos Emigrantes, vive em Berna, na Suíça. Escreve para o Expresso, de Lisboa, Correio do Brasil e agência BrPress.
"Não à extradição de Battisti". Foi com esse título, no site Direto da Redação, que publiquei meu primeiro artigo em favor do companheiro Cesare Battisti Clique aqui hoje agraciado pelo presidente Lula, e que poderá viver, enfim, no Brasil, depois de quase dois anos de prisão, mesmo depois da decisão do ex-ministro Tarso Genro.
Desnecessário falar de minha alegria de combatente, já que, no início, logo depois da prisão de Battisti no Rio de Janeiro, grande parte da esquerda não se decidia a apoiar Cesare Battisti. em consequência de uma insidiosa campanha movida pela revista Carta Capital.
Lembro-me do duelo com Mino Carta, redistribuído pela mídia alternativa. Dos artigos no Brasil de Fato, no Observatório da Imprensa, Correio do Brasil e de tantos outros, reproduzidos na própria França, onde a grande defensora de Battisti era a escritora Fred Vargas, muitas vezes no Brasil para contratar advogados, encontrar-se com juristas, políticos, ministros, em busca da libertação de Battisti.
A campanha por Battisti teve, a seguir, como seus grandes defensores Celso Lungaretti, ex-combatente contra a ditadura, ex-preso político, o combativo articulista Laerte Braga, o jurista Carlos Lungarzo, os políticos Eduardo Suplicy e Fernando Gabeira. E tantos outros que foram se juntando, se mobilizando, se reunindo diante do STF para protestar contra o ministro Cesar Peluzo e Gilmar Mendes, que quase provocaram uma crise institucional ao rejeitarem uma decisão do próprio ministro da Justiça Tarso Genro, mantendo preso, ilegalmente, diga-se de passagem, o italiano Cesare Battisti.
Lembro-me também das ofensas do governo e de políticos italianos contra o Brasil e contra Tarso Genro, vindas justamente do desmoralizado governo de Silvio Berlusconi, mas aceitas pela imprensa brasileira. Entendemos a paciência do presidente Lula, pois essa mesma imprensa comprometida teria certamente utilizado a não extradição de Battisti como argumento contra a eleição de Dilma Rousseff.
Pena que muitos brasileiros sem acesso ao falso processo de Cesare na Itália, tenham criado a idéia corroborada pela imprensa, de que se tratava de um culpado, quando na verdade era um foragido vítima de perseguição política. A verdade pouco a pouco virá à tona, e ajudará Battisti a se integrar no Brasil, escrever novos livros e se juntar aos combatentes pelos direitos humanos se tornando um dos nosso valores intelectuais.
Fiquemos, porém, alertas para que Cesare Battisti não seja vítima de atentado ou vingança por parte de políticos italianos frustrados com a decisão brasileira. Lula não repetiu o êrro de Getúlio, que cedeu Olga Benário Prestes aos pedidos da Alemanha nazista. O Brasil se afirma, com essa decisão política de Lula, como um país independente, sem medo de pressões e ameaças, mesmo porque já se tornou uma potência internacional.
Bem-vindo Cesare Battisti ao convívio de nós brasileiros, de todos nós que lutamos contra os diversos tipos de opressão, de controle, de injustiças e de tramas judiciárias contra os lutadores pela liberdade. Ontem, prisioneiro, ameaçado de extradição, hoje Battisti é o atestado de nossa maioridade política e se torna uma marco na nossa história, no epílogo de uma luta entre um judiciário brasileiro desejoso de satisfazer a injustiça italiana contra um executivo, que não se dobrou e optou pela justiça e pelos direitos humanos. É o fecho de ouro do governo Lula.
Espero ter ainda a oportunidade, um dia desses no Brasil, de me encontrar com Battisti para lhe dar o abraço de boas-vindas como homem livre no território brasileiro.
*Jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura, é líder emigrante, ex-membro eleito no primeiro conselho de emigrantes junto ao Itamaraty. Criou os movimentos Brasileirinhos Apátridas e Estado dos Emigrantes, vive em Berna, na Suíça. Escreve para o Expresso, de Lisboa, Correio do Brasil e agência BrPress.
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