sábado, 11 de dezembro de 2010

Cavaco Silva: Portugueses têm de se sentir “envergonhados”...

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... por existirem pessoas com fome
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PÚBLICO - LUSA

O Presidente da República considerou hoje que os portugueses têm de se sentir “envergonhados” por existirem em Portugal pessoas com fome, um “flagelo” que se tem propagado pelos mais desfavorecidos de forma “envergonhada e silenciosa”.

“Nós temos de nos sentirmos envergonhados por estarmos no século XXI, Portugal ser uma democracia, ser um país que, apesar de tudo, está num desenvolvimento acima da média. No entanto, alguns de nós, alguns portugueses sofrem de carência alimentar”, afirmou Cavaco Silva, em declarações aos jornalistas no final da apresentação da campanha “Direito à Alimentação”, promovida pela AHRESP - Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal.

Sublinhando que apoiar esta campanha era para si “um dever moral”, o chefe de Estado recordou que “a alimentação é o direito básico do ser humano, fundamental para a sobrevivência, para a saúde e para o desenvolvimento”.

“Envergonha-nos a todos saber que há portugueses com fome”, sublinhou, insistindo no alerta para a “pobreza envergonhada”. Ou seja, acrescentou Cavaco Silva, aquela pobreza que as pessoas têm dificuldade em manifestar porque até há pouco tempo viviam com “algum conforto”.

“Eu penso que esta iniciativa pode facilitar que algumas famílias suprimam a sua necessidade alimentar e que, até a este momento, tinham vergonha de a manifestar em público”, advogou.

Questionado se teme um agravamento da situação com a entrada em vigor, a 1 de Janeiro, de novas medidas de austeridade, Cavaco Silva disse confiar na solidariedade dos portugueses porque, apesar do país ser pequeno, “o coração é grande”.

“Não esquecemos que há pouco tempo a recolha do Banco Alimentar Contra a Fome foi a maior de sempre, portanto num momento de crise as pessoas sentem necessidade de manifestar a sua solidariedade em relação aqueles que sofrem”, lembrou.

Antes, durante a apresentação da campanha Direito à Alimentação, o Presidente da República tinha já deixado elogios à iniciativa da AHRESP, “uma campanha de solidariedade destinada a combater um dos flagelos que, de modo envergonhado e silencioso, se tem propagado pelos estratos menos favorecidos da sociedade portuguesa: a falta de acesso a uma alimentação condigna”.

“Louvo esta iniciativa promovida pela AHRESP, à qual não podia deixar de me associar, e que constitui um verdadeiro exemplo de como as instituições da sociedade civil podem dar um valioso contributo para um Portugal mais coeso, mais unido e solidário”, declarou.

A campanha “Direito à Alimentação” destina-se a aproveitar as sobras e desperdícios do sector da hotelaria e da restauração.
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