quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Silêncio sobre crimes no Kosovo "é a mesma história das prisões secretas"...

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... dos EUA, diz relator do Conselho da Europa
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PRM – LUSA

Paris, 16 dez (Lusa) - O silêncio "motivado por razões de oportunidade política" sobre os crimes que envolvem a liderança do Kosovo "repete a mesma história dos voos secretos" dos EUA, afirmou hoje em Paris o relator do Conselho da Europa sobre ambos os casos.

"É a mesma história das prisões secretas" dos EUA, nomeadamente em território europeu, afirmou hoje o magistrado suíço Dick Marty, autor de um relatório que "relaciona redes de crime organizado e círculos políticos do Kosovo no tráfico de órgãos, desaparecimentos, corrupção e colusão".

"Nenhum dos governos (envolvidos), que sabiam, diziam encontrar alguma coisa sobre as prisões secretas e foram pessoas sem poder que contribuíram afinal para estabelecer os factos", afirmou Dick Marty.

O relator espera que os factos estabelecidos "iniciem uma dinâmica da verdade, tal como aconteceu para o caso das prisões secretas" da agência norte-americana CIA.

Tal como neste caso, acrescentou Dick Marty, "o problema quanto aos crimes no Kosovo é uma questão de vontade política".

Segundo o relator do Conselho da Europa, "o Eulex devia ter cobertura política para investigar, sem (ter) problemas com o estatuto político dos envolvidos", uma referência implícita à liderança e ao Exército de Libertação do Kosovo (UCK).

O relatório, cuja versão preliminar foi hoje aprovada em Paris pela Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa e que será discutido em Estrasburgo em 25 de janeiro de 2011, nomeia vários líderes da independência do Kosovo, incluindo o atual primeiro-ministro, Hashim Thaçi.

A porta-voz da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, convidou na quarta-feira Dick Marty a apresentar as provas à sua disposição na Missão Europeia de Polícia e de Justiça no Kosovo (Eulex).

Os factos apurados por Dick Marty "confirmam o tratamento desumano de pessoas e o tráfico ilegal de órgãos humanos no Kosovo", no período 1999-2000, logo depois da campanha de bombardeamentos da NATO sobre a ex-Jugoslávia e da chamada Guerra do Kosovo.

"Há também crimes cometidos em 2006 e que estão relacionados com os de há uma década", salientou Dick Marty, referindo que os factos aconteceram não apenas no Kosovo mas também em território albanês e, até, junto do aeroporto da capital da Albânia, Tirana.

"Um dos factos mais perturbantes e que coloca mais problemas à liderança do Kosovo é que o UCK também matou kosovares, não matou só sérvios", explicou hoje Dick Marty.

O magistrado suíço escolhido para liderar a missão de investigação estabeleceu outra lição a tirar deste caso, sublinhando que "quem procurar, encontra as provas".

O Conselho da Europa espera agora que as autoridades do Kosovo ou que uma instância internacional possa abrir um inquérito judicial formal, uma vez que a missão liderada por Dick Marty "não tinha nem a legitimidade, nem poder nem, muito menos, os meios para isso".

*** Este texto foi escrito com base no novo Acordo Ortográfico ***
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