VOZ DA LUSOFONIA
O crescimento vertiginoso do número de mortos, que à hora de fecho desta edição aproximava-se já dos 540, veio confirmar a catástrofe nas serras do Rio de Janeiro como a pior na história recente do país, e um dos dez piores deslizamentos de terra no mundo, segundo a ONU.
Indignação e perplexidade sucedem-se: como é possível que a Austrália esteja inundada e morram 27 pessoas e nas serras do Rio uma chuva brutal faça desabar os morros e morram 538?
"É um absurdo o que se gasta de dinheiro neste país em coisas absolutamente supérfluas, e não se gasta dinheiro em prevenção", desabafa ao PÚBLICO Sergio Bruni, vice-reitor da Pontífica Universidade Católica do Rio de Janeiro, que conseguiu sobreviver aos desabamentos junto à sua casa de férias, em Teresópolis (ver depoimento nestas páginas). "Estamos atrás do Uganda nisso, ao mesmo tempo que somos a oitava economia do mundo. Não consigo entender. Se avisassem com antecedência, a gente teria saído antes. Depois, não adianta. Falta um sistema de prevenção sério."
Sobretudo tendo em conta esta herança: "Usam-se politicamente as pessoas menos favorecidas, autorizando a construção nas encostas, e isso é crime. Perde-se a vida, mas não se perde o voto. Então a gente vê isto, gente morrendo, saindo só com a roupa no corpo."
Casas em área de risco são "a regra e não a excepção", admitiu anteontem a presidente Dilma Rousseff, depois de sobrevoar a região atingida. E reconheceu: "Houve no Brasil um absoluto desleixo em relação à população de baixa renda, que como não tinha onde morar foi morar em fundo de vale, beira de rio, beira de córrego e encosta de morro. Vimos regiões onde as montanhas se dissolveram, sem presença do homem, sem nenhuma ocupação irregular. Mas vimos também regiões onde a ocupação irregular do solo provoca danos à vida e à saúde das pessoas. Chuva forte e deslizamento vão existir. Nossa missão é evitar que mortes aconteçam."
Foto: Bruno Domingos/Reuters - In Público (http://jornal.publico.pt/)
Publicada por Orlando Castro
O crescimento vertiginoso do número de mortos, que à hora de fecho desta edição aproximava-se já dos 540, veio confirmar a catástrofe nas serras do Rio de Janeiro como a pior na história recente do país, e um dos dez piores deslizamentos de terra no mundo, segundo a ONU.
Indignação e perplexidade sucedem-se: como é possível que a Austrália esteja inundada e morram 27 pessoas e nas serras do Rio uma chuva brutal faça desabar os morros e morram 538?
"É um absurdo o que se gasta de dinheiro neste país em coisas absolutamente supérfluas, e não se gasta dinheiro em prevenção", desabafa ao PÚBLICO Sergio Bruni, vice-reitor da Pontífica Universidade Católica do Rio de Janeiro, que conseguiu sobreviver aos desabamentos junto à sua casa de férias, em Teresópolis (ver depoimento nestas páginas). "Estamos atrás do Uganda nisso, ao mesmo tempo que somos a oitava economia do mundo. Não consigo entender. Se avisassem com antecedência, a gente teria saído antes. Depois, não adianta. Falta um sistema de prevenção sério."
Sobretudo tendo em conta esta herança: "Usam-se politicamente as pessoas menos favorecidas, autorizando a construção nas encostas, e isso é crime. Perde-se a vida, mas não se perde o voto. Então a gente vê isto, gente morrendo, saindo só com a roupa no corpo."
Casas em área de risco são "a regra e não a excepção", admitiu anteontem a presidente Dilma Rousseff, depois de sobrevoar a região atingida. E reconheceu: "Houve no Brasil um absoluto desleixo em relação à população de baixa renda, que como não tinha onde morar foi morar em fundo de vale, beira de rio, beira de córrego e encosta de morro. Vimos regiões onde as montanhas se dissolveram, sem presença do homem, sem nenhuma ocupação irregular. Mas vimos também regiões onde a ocupação irregular do solo provoca danos à vida e à saúde das pessoas. Chuva forte e deslizamento vão existir. Nossa missão é evitar que mortes aconteçam."
Foto: Bruno Domingos/Reuters - In Público (http://jornal.publico.pt/)
Publicada por Orlando Castro
.
Sem comentários:
Enviar um comentário