segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

FERNANDO NOBRE, SÓCRATES E CAVACO SILVA

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ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

Fernando Nobre, candidato às eleições presidenciais em Portugal, afirmou que a sua candidatura sai "ganhadora" das eleições de hoje, afirmando que obteve um "resultado histórico". É verdade, mas sabe a pouco.

Fernando Nobre, que falava a cerca de uma centena de apoiantes no hotel onde montou o seu quartel-general para acompanhar a noite eleitoral, destacou que mais de "500 mil votantes e cerca de 14 por cento dos votos" significou um "resultado histórico, tremendo".

"Se houve um ganhador foi a candidatura da cidadania", disse o candidato, salientando que "a cidadania está viva, recomenda-se e o futuro do nosso país vai ter que ter isso em conta".

Engana-se. O país dos mesmos para os mesmos não vai querer saber, e vai amordaçar quem queira saber, da cidadania e do que – tal como a abstenção e os votos brancos – isso quer significar.

Apostaram e bem, reconheça-se, na velha tese de que os portugueses são um povo de brancos costumes. E são mesmo. Apesar dos 700 mil desempregados, 20% de pobres e outros tantos com os pratos vazios, vão continuar a cantar e a rir... mesmo que com a barriga vazia.

Entretanto, o secretário-geral do PS, José Sócrates, considerou hoje que os portugueses optaram nas eleições presidenciais pela continuidade e pela estabilidade política em Portugal ao reelegerem Cavaco Silva.

Com amigos assim, Manuel Alegre não precisa de inimigos. Se. No dizer do sumo pontífice socialista, Cavaco Silva representa – para além da continuidade – a estabilidade política, o que representa Manuel Alegre?

Seja como for, a verdade é que os portugueses quiseram continuar a ser, como dizia Guerra Junqueiro, “um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas”.

Seja, por isso, feita a vontade da maioria... dos que votaram.

* **Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
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