O PAÍS (Angola) – 27 fevereiro 2011
Ingombota, em Luanda, revelou a O PAÍS, Terça-feira, 22, que o Governo tem intenções de desalojar os moradores do seu bairro.
“Neste momento, o Governo está a envidar esforços para o realojamento dos populares da área”, informou, sublinhando que tem vindo a chamar atenção às entidades da administração local, para o processo ser bastante cuidadoso, devido ao memorial do destino do povo da Ilha de Luanda, que até hoje continua a viver em tendas, no Zango.
Por causa disso, ele e seus filiados não estão dispostos a ser transferidos para condições iguais às dos ilhéus por tempo indeterminado.
“Só podemos ser retirados daqui, para um lugar mais seguro, caso contrário preferimos ser realojados aqui dentro do sector da Chicala, até que se pronunciem sobre um destino condigno”. Na qualidade de coordenador, Bartolomeu pensa que deve ser esta a postura da coordenação, até que se encontrem soluções que favoreçam as duas partes.
“Quando o Governo disser que está em condições de retirar a população afectada daqui e levá-la para um sítio melhor, aí sim, vamos sair da zona.” Os moradores receiam que uma alegada transferência de forma provisória para as tendas lhes pode custar a vida inteira.
O medo dos residentes dessa parcela da capital do país deve-se, por um lado, aos moradores da Ilha colocados no Zango, que continuam em tendas, há mais de dois anos e, por outro, devido, a alegada situação dos ex-moradores do bairro favela que, segundo esses, residem mais de duas famílias na mesma residência.
O estado crítico em que o avanço das águas do mar vai deixando as suas residências e haveres não foi posto de lado pelos moradores do Quilombo, que todos os dias sonham com um destino melhor. Carinhosamente tratada por avó Xica, a senhora que vaticina a sua idade entre os 60 e 70 anos, revela-se como uma das mais antigas moradoras da zona. Ela está consciente que, a qualquer altura, poderão deixar a área por causa das águas, mas deixa um recado ao governo.
“Nós queremos sair daqui directamente para as casas já feitas, porque não queremos ir para as tendas”, apelou, alegando que a vida nesse tipo de cobertura é muito perigosa, por causa do calor e dos incêndios.
Para a avó Xica, a saída do povo do Quilombo é um assunto antigo, mas a sua efectivação não acontece, porque nunca houve nenhuma intenção oficial por parte do Governo da Província de Luanda (GPL).
Em relação a isso, a anciã fez referência a um registo feito recentemente pelas autoridades de direito, ao ponto de apontar, com o dedo em riste, para as marcas de tinta na porta de uma residência próxima, das quais restavam apenas a sigla GPL e o número 151.
“Quando escreveram nas casas não nos disseram se é para nos tirarem daqui, se é para controlar as cubatas de chapa que o bairro tem”, informou, tendo assegurado essa como a razão da sua desconfiança de um futuro despejo.
A actividade pesqueira e a venda do pescado constitui outra grande preocupação da idosa, ao ponto de dizer que a maior parte das mulheres do bairro se dedica à venda do peixe, sendo que os homens são maioritariamente pescadores.
Recuando no tempo, avó Xica recordou que, há cinco anos, viu as casas, que ficavam à frente da sua, a serem consumidas pelas águas do mar, fruto de algumas calemas que se abateram no local. Ela sublinhou que tais residências tinham sido erguidas a menos de 20 metros da água.
“Por isso, desapareceram todas e hoje temos uma praia com mais espaço para as águas, mas mesmo assim ainda sofremos”, lamentou.
Por sua vez, Augusto Sambanda, morador do Quilombo há seis anos, começou por associar as obras da nova marginal às condições climatéricas, no que às causas das marés altas diz respeito. “Sempre que há lua-cheia, o mar tem tendência de ficar mais alto, mas, desta vez, houve muita influência das obras da marginal, porque já faz tempo que as águas não chegam às nossas residências”, disse, tendo referido que a última vez que a água do mar preencheu a praia toda foi em 2007.
Sobre a evacuação dos populares, o morador diz ter ouvido falar novamente disso, aquando da intervenção da administração, mas não se aventa nada sobre o destino das pessoas.
“Era bom que o governo preparasse já uma área residencial para os moradores daqui, porque nós não queremos repetir a história dos ilhéus do Benfica ou dos vizinhos da ex-favela.
Outra preocupação expressa nas palavras que o morador concedeu a este jornal tem a ver com a disposição de estabelecimentos escolares, sanitários e administrativos.
“Não é bom que as pessoas sejam transferidas para um lugar onde os filhos vão ficar sem estudar, por falta de escolas, isso para não falar de centros médicos, referiu.
Já o Jovem Júlio Fernando António, que conta com dois anos no Quilombo, mostrou-se duvidoso no que toca a uma transferência condigna por parte do GPL, uma vez que o seu bairro não é único afectado pelas águas.
“Eu não acredito que o Governo da província consiga mandar-nos para um sítio melhor, porque existem zonas da Camuxiba, Areia branca e Morro dos veados, no município da Samba, que também foram afectadas, relatou, tendo questionando onde o governo vai arranjar tanta casa para o número de sinistrados.
A saída dos moradores do Quilombo estava para ser antes do derrube do da Favela, soube O PAÍS de Fernando António, que garante ter ouvido tal informação de alguns homens do governo que visitaram a zona.
Onze tendas para 471 famílias
O avanço do mar começou na tarde de Sexta-feira, 18, quando os moradores cujas casas se encontram à vista do mar foram surpreendidos pelas águas salgadas, apurou O PAÍS do coordenador Bartolomeu Vieira Dias, que assegurou ser este um fenómeno previsível, a julgar pelas obras que a marginal e outras zonas costeiras enfrentam, nos últimos tempos. “Já prevíamos esse tipo de situação, porque à frente do prédio das três A, os construtores entulharam grande parte do local que servia de respiradouro do mar.
Até ao dia da nossa reportagem, a situação do despejo das águas marinhas continuava e o registo das casas afectadas já andava em 471.
Nessas residências, explicou o coordenador, as águas chegaram a atingir um metro de altura, tendo estragado todos haveres dos sinistrados, inclusivamente as próprias residências.
Bartolomeu Vieira dias assegurou que houve pronta intervenção do governo, que moveu para o bairro o corpo de bombeiros, a fim de socorrer as famílias mais afectadas. Estes efectivos do Ministério do Interior destacados na praia do Quilombo recusaram falar à nossa reportagem, sob pretexto de não serem autorizados pelos seus superiores, mas deixaram escapar que”controlamos 11 tendas colocadas aqui na praia”.
Importa referir que as referidas tendas foram montadas na areia da praia, por sinal o caminho das águas, no caso de haver maré alta, para além de cada uma delas estar a suportar nove a 10 pessoas, conforme assegurou o coordenador do bairro.
Questionado sobre o número reduzido dos abrigos em relação às 471 famílias anunciadas como vítimas da calamidade, Bartolomeu Vieira Dias reconheceu a insuficiência do apoio e justificou as modalidades de socorro do seguinte modo. “Em cada cabana, priorizamos as mulheres grávidas e as crianças, sendo que os outros passam à noite aí mesmo na areia, ao lado das tendas.
Ao que tudo indica, mais de 300 pessoas dormirão ao ar livre, até que o mar se acalme ou haja alternativas melhores, isso sem contar os moradores não afectados que seguem o exemplo, para se desfazer do calor das casas de chapa.
“Eles alegam estarem solidários aos sinistrados”, informou o coordenador, que tentou mandar de volta os vizinhos para suas casas.
Abordados que foram por este jornal os ocupantes das tendas, a maior parte deles afirma que só se serve das mesmas para passar a noite e guardar algumas pertenças, porque está muito apertado, o que aumenta ainda mais o calor.
Alberto Bambi
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Ingombota, em Luanda, revelou a O PAÍS, Terça-feira, 22, que o Governo tem intenções de desalojar os moradores do seu bairro.
“Neste momento, o Governo está a envidar esforços para o realojamento dos populares da área”, informou, sublinhando que tem vindo a chamar atenção às entidades da administração local, para o processo ser bastante cuidadoso, devido ao memorial do destino do povo da Ilha de Luanda, que até hoje continua a viver em tendas, no Zango.
Por causa disso, ele e seus filiados não estão dispostos a ser transferidos para condições iguais às dos ilhéus por tempo indeterminado.
“Só podemos ser retirados daqui, para um lugar mais seguro, caso contrário preferimos ser realojados aqui dentro do sector da Chicala, até que se pronunciem sobre um destino condigno”. Na qualidade de coordenador, Bartolomeu pensa que deve ser esta a postura da coordenação, até que se encontrem soluções que favoreçam as duas partes.
“Quando o Governo disser que está em condições de retirar a população afectada daqui e levá-la para um sítio melhor, aí sim, vamos sair da zona.” Os moradores receiam que uma alegada transferência de forma provisória para as tendas lhes pode custar a vida inteira.
O medo dos residentes dessa parcela da capital do país deve-se, por um lado, aos moradores da Ilha colocados no Zango, que continuam em tendas, há mais de dois anos e, por outro, devido, a alegada situação dos ex-moradores do bairro favela que, segundo esses, residem mais de duas famílias na mesma residência.
O estado crítico em que o avanço das águas do mar vai deixando as suas residências e haveres não foi posto de lado pelos moradores do Quilombo, que todos os dias sonham com um destino melhor. Carinhosamente tratada por avó Xica, a senhora que vaticina a sua idade entre os 60 e 70 anos, revela-se como uma das mais antigas moradoras da zona. Ela está consciente que, a qualquer altura, poderão deixar a área por causa das águas, mas deixa um recado ao governo.
“Nós queremos sair daqui directamente para as casas já feitas, porque não queremos ir para as tendas”, apelou, alegando que a vida nesse tipo de cobertura é muito perigosa, por causa do calor e dos incêndios.
Para a avó Xica, a saída do povo do Quilombo é um assunto antigo, mas a sua efectivação não acontece, porque nunca houve nenhuma intenção oficial por parte do Governo da Província de Luanda (GPL).
Em relação a isso, a anciã fez referência a um registo feito recentemente pelas autoridades de direito, ao ponto de apontar, com o dedo em riste, para as marcas de tinta na porta de uma residência próxima, das quais restavam apenas a sigla GPL e o número 151.
“Quando escreveram nas casas não nos disseram se é para nos tirarem daqui, se é para controlar as cubatas de chapa que o bairro tem”, informou, tendo assegurado essa como a razão da sua desconfiança de um futuro despejo.
A actividade pesqueira e a venda do pescado constitui outra grande preocupação da idosa, ao ponto de dizer que a maior parte das mulheres do bairro se dedica à venda do peixe, sendo que os homens são maioritariamente pescadores.
Recuando no tempo, avó Xica recordou que, há cinco anos, viu as casas, que ficavam à frente da sua, a serem consumidas pelas águas do mar, fruto de algumas calemas que se abateram no local. Ela sublinhou que tais residências tinham sido erguidas a menos de 20 metros da água.
“Por isso, desapareceram todas e hoje temos uma praia com mais espaço para as águas, mas mesmo assim ainda sofremos”, lamentou.
Por sua vez, Augusto Sambanda, morador do Quilombo há seis anos, começou por associar as obras da nova marginal às condições climatéricas, no que às causas das marés altas diz respeito. “Sempre que há lua-cheia, o mar tem tendência de ficar mais alto, mas, desta vez, houve muita influência das obras da marginal, porque já faz tempo que as águas não chegam às nossas residências”, disse, tendo referido que a última vez que a água do mar preencheu a praia toda foi em 2007.
Sobre a evacuação dos populares, o morador diz ter ouvido falar novamente disso, aquando da intervenção da administração, mas não se aventa nada sobre o destino das pessoas.
“Era bom que o governo preparasse já uma área residencial para os moradores daqui, porque nós não queremos repetir a história dos ilhéus do Benfica ou dos vizinhos da ex-favela.
Outra preocupação expressa nas palavras que o morador concedeu a este jornal tem a ver com a disposição de estabelecimentos escolares, sanitários e administrativos.
“Não é bom que as pessoas sejam transferidas para um lugar onde os filhos vão ficar sem estudar, por falta de escolas, isso para não falar de centros médicos, referiu.
Já o Jovem Júlio Fernando António, que conta com dois anos no Quilombo, mostrou-se duvidoso no que toca a uma transferência condigna por parte do GPL, uma vez que o seu bairro não é único afectado pelas águas.
“Eu não acredito que o Governo da província consiga mandar-nos para um sítio melhor, porque existem zonas da Camuxiba, Areia branca e Morro dos veados, no município da Samba, que também foram afectadas, relatou, tendo questionando onde o governo vai arranjar tanta casa para o número de sinistrados.
A saída dos moradores do Quilombo estava para ser antes do derrube do da Favela, soube O PAÍS de Fernando António, que garante ter ouvido tal informação de alguns homens do governo que visitaram a zona.
Onze tendas para 471 famílias
O avanço do mar começou na tarde de Sexta-feira, 18, quando os moradores cujas casas se encontram à vista do mar foram surpreendidos pelas águas salgadas, apurou O PAÍS do coordenador Bartolomeu Vieira Dias, que assegurou ser este um fenómeno previsível, a julgar pelas obras que a marginal e outras zonas costeiras enfrentam, nos últimos tempos. “Já prevíamos esse tipo de situação, porque à frente do prédio das três A, os construtores entulharam grande parte do local que servia de respiradouro do mar.
Até ao dia da nossa reportagem, a situação do despejo das águas marinhas continuava e o registo das casas afectadas já andava em 471.
Nessas residências, explicou o coordenador, as águas chegaram a atingir um metro de altura, tendo estragado todos haveres dos sinistrados, inclusivamente as próprias residências.
Bartolomeu Vieira dias assegurou que houve pronta intervenção do governo, que moveu para o bairro o corpo de bombeiros, a fim de socorrer as famílias mais afectadas. Estes efectivos do Ministério do Interior destacados na praia do Quilombo recusaram falar à nossa reportagem, sob pretexto de não serem autorizados pelos seus superiores, mas deixaram escapar que”controlamos 11 tendas colocadas aqui na praia”.
Importa referir que as referidas tendas foram montadas na areia da praia, por sinal o caminho das águas, no caso de haver maré alta, para além de cada uma delas estar a suportar nove a 10 pessoas, conforme assegurou o coordenador do bairro.
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Ao que tudo indica, mais de 300 pessoas dormirão ao ar livre, até que o mar se acalme ou haja alternativas melhores, isso sem contar os moradores não afectados que seguem o exemplo, para se desfazer do calor das casas de chapa.
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