António Pereira Neves (texto) e Manuel de Almeida (fotos), da Agência Lusa
Cairo, 03 fev (Lusa) - Depois da batalha, o desânimo dominava hoje de manhã os rostos dos manifestantes na praça Tahrir, no centro do Cairo. Tratavam-se feridas, lamentavam-se os mortos e procurava-se o descanso que a noite de conflito permanente com a fação pró-regime não permitiu.
Por toda a praça, vêem-se vestígios de muitas horas de batalha campal entre os que querem a saída de Hosni Mubarak e os que se levantaram em defesa do Presidente, sobretudo feridas, centenas de pessoas com ligaduras, sangue seco na roupa e expressões de cansaço e desânimo.
Os manifestantes pró-Mubarak "mataram cinco pessoas e feriram para cima de três mil", disse à Agência Lusa Abdel Hai, que garantiu ter passado a noite na praça.
"Vocês lavaram as mãos", dizia um homem a um soldado num tanque, que lhe respondeu com um encolher de ombros.
Durante a noite, em que ocorreram confrontos e escaramuças de grande violência entre elementos dos dois campos, os soldados não tomaram nenhum tipo de ação para acabar com os confrontos, disparando tiros para o ar para evitar a disseminação da luta, mas sem intervir para além disso.
Hoje de manhã, os tanques constituíram uma barreira entre os "contras" e os "prós", que se começaram a reagrupar frente à outra fação depois de uma breve acalmia nos confrontos, ao início da madrugada.
Por enquanto, os dois lados mantêm-se nas suas posições.
Na praça, onde ao contrário do que acontece nas áreas dominadas pelos pró-Mubarak, os jornalistas ainda são bem vindos, os manifestantes anti-Mubarak ainda ajustavam contas com os que, como eles, estiveram do outro lado a arremessar pedras continuamente.
"Prendemos 45, eram elementos das forças de segurança de Mubarak", disse Abdel Hai.
Minutos depois, uma multidão levava pela praça um homem com as calças ao fundo das pernas, alguns a bater-lhe, outros a tentar protegê-lo.
"Vamos entregá-lo ao Exército, foi o que fizemos com os outros", disse Abdel.
Ao entrar na praça, um outro egípcio, que não quis ser identificado, vinha à frente de uma dezena de pessoas que traziam caixotes de comida para os que tinham passado a noite na praça Tahrir.
"Quando Mubarak discursou para dizer que queria fazer uma transição política, disse uma coisa a que as pessoas não prestaram atenção: 'Vou morrer aqui'".
Para o homem, que se questionava por que razão outros governos pelo mundo não tentavam forçar o regime a mudar, com essa frase Mubarak quer dizer "eu vou ficar".
Noutro ponto da praça, começava mais uma manifestação, a primeira a encher com palavras de ordem o local, habitualmente repleto delas mas hoje silencioso.
Os manifestantes da praça Tahrir também ficam, para já.
Cairo, 03 fev (Lusa) - Depois da batalha, o desânimo dominava hoje de manhã os rostos dos manifestantes na praça Tahrir, no centro do Cairo. Tratavam-se feridas, lamentavam-se os mortos e procurava-se o descanso que a noite de conflito permanente com a fação pró-regime não permitiu.
Por toda a praça, vêem-se vestígios de muitas horas de batalha campal entre os que querem a saída de Hosni Mubarak e os que se levantaram em defesa do Presidente, sobretudo feridas, centenas de pessoas com ligaduras, sangue seco na roupa e expressões de cansaço e desânimo.
Os manifestantes pró-Mubarak "mataram cinco pessoas e feriram para cima de três mil", disse à Agência Lusa Abdel Hai, que garantiu ter passado a noite na praça.
"Vocês lavaram as mãos", dizia um homem a um soldado num tanque, que lhe respondeu com um encolher de ombros.
Durante a noite, em que ocorreram confrontos e escaramuças de grande violência entre elementos dos dois campos, os soldados não tomaram nenhum tipo de ação para acabar com os confrontos, disparando tiros para o ar para evitar a disseminação da luta, mas sem intervir para além disso.
Hoje de manhã, os tanques constituíram uma barreira entre os "contras" e os "prós", que se começaram a reagrupar frente à outra fação depois de uma breve acalmia nos confrontos, ao início da madrugada.
Por enquanto, os dois lados mantêm-se nas suas posições.
Na praça, onde ao contrário do que acontece nas áreas dominadas pelos pró-Mubarak, os jornalistas ainda são bem vindos, os manifestantes anti-Mubarak ainda ajustavam contas com os que, como eles, estiveram do outro lado a arremessar pedras continuamente.
"Prendemos 45, eram elementos das forças de segurança de Mubarak", disse Abdel Hai.
Minutos depois, uma multidão levava pela praça um homem com as calças ao fundo das pernas, alguns a bater-lhe, outros a tentar protegê-lo.
"Vamos entregá-lo ao Exército, foi o que fizemos com os outros", disse Abdel.
Ao entrar na praça, um outro egípcio, que não quis ser identificado, vinha à frente de uma dezena de pessoas que traziam caixotes de comida para os que tinham passado a noite na praça Tahrir.
"Quando Mubarak discursou para dizer que queria fazer uma transição política, disse uma coisa a que as pessoas não prestaram atenção: 'Vou morrer aqui'".
Para o homem, que se questionava por que razão outros governos pelo mundo não tentavam forçar o regime a mudar, com essa frase Mubarak quer dizer "eu vou ficar".
Noutro ponto da praça, começava mais uma manifestação, a primeira a encher com palavras de ordem o local, habitualmente repleto delas mas hoje silencioso.
Os manifestantes da praça Tahrir também ficam, para já.
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