IG São Paulo – Último Segundo
Maioria dos 380 brasileiros que residiam perto de usina nuclear saiu da área; Brasil tem dois ônibus para resgatar os restantes
O consulado do Brasil em Tóquio iniciou nesta terça-feira uma operação para retirar brasileiros que estão na região da usina nuclear de Fukushima Daiichi, que liberou uma nuvem de baixa radiação após explosões provocadas pelo recente terremoto, informou o Itaramaty.
Cerca de 380 brasileiros vivem na área da usina, no norte do Japão, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores. A maioria deles já havia deixado a região. Foram disponibilizados dois ônibus com capacidade para 48 pessoas cada, o que seria "mais do que suficiente" para o resgate dos brasileiros, disse o Itamaraty, que não soube informar para onde eles seriam levados.
Explosões foram registradas nos edifícios que abrigam reatores da usina Fukushima Daiichi na terça-feira (horário local), após dias de esforços para resfriá-los. O acidente, causado pelo forte terremoto de magnitude 9,0 e tsunami de sexta-feira, é o mais grave desde o de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.
O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, pediu para que moradores num raio de 30 quilômetros da instalação nuclear ficassem em suas casas para evitar o risco de contaminação. O número de mortos na tragédia deve superar 10 mil. Não há confirmação sobre brasileiros entre os mortos e feridos mas, segundo o Itamaraty, vários deles ainda não foram localizados por familiares.
No Japão, vivem cerca de 254 mil brasileiros, mas apenas cerca de 780 residiam na área atingida pelo terremoto seguido de tsunami.
Nuvem radioativa
Nesta terça-feira, Fukushima completou seu quarto dia de isolamento e escassez, sem gasolina e poucas vias disponíveis para quem tenta escapar da incerteza nuclear. O temor à chegada de uma nuvem radioativa é o último capítulo de um pesadelo que começou na sexta-feira com o devastador terremoto, que mantém a região litorânea da província em uma situação de emergência crescente.
Fukushima está bloqueada em sua costa, e a piora da situação na usina nuclear transformou essa província em um cenário onde convergem três desastres: o terremoto mais forte do Japão em 140 anos, um gigantesco tsunami e o risco de acidente nuclear.
A capital da província, no entanto, está fora do perímetro de segurança de 30 quilômetros ao redor da usina nuclear. Nela o uso de um táxi se transformou em uma missão impossível para os poucos moradores que permanecem nas ruas, já que o combustível é racionado perante as dúvidas de que a situação melhorará após as novas explosões na usina nuclear de Fukushima Daiichi.
Os carros particulares quase não circulam pelas ruas, e os táxis estão reservados com antecipação para trajetos para fora da cidade, como o que tem como destino o aeroporto da província, aberto nesta terça-feira com dois voos diários para Tóquio, que foram lotados rapidamente.
Os habitantes seguem sem água e confinados em suas casas para evitar a exposição à radioatividade, por isso alguns decidiram abandonar voluntariamente a cidade apesar das dificuldades para fazer a viagem.
Na vizinha Província de Tochigi, os serviços de transporte voltam ao normal lentamente. O Shinkansen (ou trem-bala japonês) une a cidade de Nasu-Shiobara com a estação de Tóquio, o que permitiu a um grande número de famílias e idosos a viagem rumo ao sul do país.
Uma mãe e seu filho pequeno decidiram pegar um táxi em Fukushima e, mais de duas horas e 30 mil ienes (R$ 617) depois, conseguiram encontrar novamente supermercados cheios de mantimentos e restaurantes abertos, em Tochigi.
Os primeiros passageiros desses Shinkansen são sobretudo famílias com filhos pequenos e idosos que vêm de povoados de toda a Província de Fukushima, onde os serviços básicos seguem sem funcionar. As mães lamentam a falta de água corrente para cuidar de seus filhos, ao que se soma agora o temor de sejam afetados por uma nuvem radioativa.
Alguns traziam como único alimento arroz em bolsas plásticas recebidas em ginásios de colégios nos quais passam as noites. As crianças correm pelos corredores ansiosas porque estão prestes a ir para Tóquio e, quando veem as grandes filas de carros esperando para encher o depósito, gritam "gasolina".
Os vagões do Shinkansen saem tão repletos da estação que muitos têm de ir em pé, cercados por grandes malas em seu caminho em direção à capital e suportando o martírio com o cansaço nítido no rosto. Ninguém parece se importar com a fumaça que sai dos reatores da usina nuclear, que fez várias cidades litorâneas mergulharem em profundo silêncio.
*Reuters e EFE
- VER O QUE JÁ PUBLICÁMOS SOBRE A CATÁSTROFE NO JAPÃO
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Maioria dos 380 brasileiros que residiam perto de usina nuclear saiu da área; Brasil tem dois ônibus para resgatar os restantes
O consulado do Brasil em Tóquio iniciou nesta terça-feira uma operação para retirar brasileiros que estão na região da usina nuclear de Fukushima Daiichi, que liberou uma nuvem de baixa radiação após explosões provocadas pelo recente terremoto, informou o Itaramaty.
Cerca de 380 brasileiros vivem na área da usina, no norte do Japão, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores. A maioria deles já havia deixado a região. Foram disponibilizados dois ônibus com capacidade para 48 pessoas cada, o que seria "mais do que suficiente" para o resgate dos brasileiros, disse o Itamaraty, que não soube informar para onde eles seriam levados.
Explosões foram registradas nos edifícios que abrigam reatores da usina Fukushima Daiichi na terça-feira (horário local), após dias de esforços para resfriá-los. O acidente, causado pelo forte terremoto de magnitude 9,0 e tsunami de sexta-feira, é o mais grave desde o de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.
O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, pediu para que moradores num raio de 30 quilômetros da instalação nuclear ficassem em suas casas para evitar o risco de contaminação. O número de mortos na tragédia deve superar 10 mil. Não há confirmação sobre brasileiros entre os mortos e feridos mas, segundo o Itamaraty, vários deles ainda não foram localizados por familiares.
No Japão, vivem cerca de 254 mil brasileiros, mas apenas cerca de 780 residiam na área atingida pelo terremoto seguido de tsunami.
Nuvem radioativa
Nesta terça-feira, Fukushima completou seu quarto dia de isolamento e escassez, sem gasolina e poucas vias disponíveis para quem tenta escapar da incerteza nuclear. O temor à chegada de uma nuvem radioativa é o último capítulo de um pesadelo que começou na sexta-feira com o devastador terremoto, que mantém a região litorânea da província em uma situação de emergência crescente.
Fukushima está bloqueada em sua costa, e a piora da situação na usina nuclear transformou essa província em um cenário onde convergem três desastres: o terremoto mais forte do Japão em 140 anos, um gigantesco tsunami e o risco de acidente nuclear.
A capital da província, no entanto, está fora do perímetro de segurança de 30 quilômetros ao redor da usina nuclear. Nela o uso de um táxi se transformou em uma missão impossível para os poucos moradores que permanecem nas ruas, já que o combustível é racionado perante as dúvidas de que a situação melhorará após as novas explosões na usina nuclear de Fukushima Daiichi.
Os carros particulares quase não circulam pelas ruas, e os táxis estão reservados com antecipação para trajetos para fora da cidade, como o que tem como destino o aeroporto da província, aberto nesta terça-feira com dois voos diários para Tóquio, que foram lotados rapidamente.
Os habitantes seguem sem água e confinados em suas casas para evitar a exposição à radioatividade, por isso alguns decidiram abandonar voluntariamente a cidade apesar das dificuldades para fazer a viagem.
Na vizinha Província de Tochigi, os serviços de transporte voltam ao normal lentamente. O Shinkansen (ou trem-bala japonês) une a cidade de Nasu-Shiobara com a estação de Tóquio, o que permitiu a um grande número de famílias e idosos a viagem rumo ao sul do país.
Uma mãe e seu filho pequeno decidiram pegar um táxi em Fukushima e, mais de duas horas e 30 mil ienes (R$ 617) depois, conseguiram encontrar novamente supermercados cheios de mantimentos e restaurantes abertos, em Tochigi.
Os primeiros passageiros desses Shinkansen são sobretudo famílias com filhos pequenos e idosos que vêm de povoados de toda a Província de Fukushima, onde os serviços básicos seguem sem funcionar. As mães lamentam a falta de água corrente para cuidar de seus filhos, ao que se soma agora o temor de sejam afetados por uma nuvem radioativa.
Alguns traziam como único alimento arroz em bolsas plásticas recebidas em ginásios de colégios nos quais passam as noites. As crianças correm pelos corredores ansiosas porque estão prestes a ir para Tóquio e, quando veem as grandes filas de carros esperando para encher o depósito, gritam "gasolina".
Os vagões do Shinkansen saem tão repletos da estação que muitos têm de ir em pé, cercados por grandes malas em seu caminho em direção à capital e suportando o martírio com o cansaço nítido no rosto. Ninguém parece se importar com a fumaça que sai dos reatores da usina nuclear, que fez várias cidades litorâneas mergulharem em profundo silêncio.
*Reuters e EFE
- VER O QUE JÁ PUBLICÁMOS SOBRE A CATÁSTROFE NO JAPÃO
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