quinta-feira, 3 de março de 2011

Navio americano retido no Lobito por contrabando de material de guerra

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Maerks Constellation acusado de transportar munições anti-aéreas sem as declarar; armador diz que se trata de exportação legal e que "todos os documentos foram entregues às autoridades".

António Capalandanda e Luis Costa Ribas – Voa News - Luanda e Washington – 02 março 2011

As autoridades angolanas apreenderam um navio americano no porto do Lobito, que transportava material de guerra, alegadamente com destino ao Quénia - soube a Voz da América.

Luanda alega que a carga militar não estava declarada no manifesto. O armador insiste que se trata de uma exportação "em conformidade total com a lei".

Um porta-voz da embaixada dos Estados Unidos em Luanda disse "ter conhecimento de que a tripulação de um navio comercial, com bandeira americana, atracado no porto do Lobito, foi detida por razões que têm que ver com questões aduaneiras."

O cargueiro Maersk Constellation, navegando sob pavilhão dos Estados Unidos, transportava - entre outra carga - bens alimentares do governo americano para assistência humanitária às escolas de Benguela.

Segundo uma fonte da Voz da América, os armadores apresentaram às autoridades locais um manifesto indicando que a carga humanitária era soja, destinada à ONG sul-africana JANO Internacional.

O porta-voz da embaixada disse que a ajuda "destinada a Angola já foi descarregada" e que se trata de "produtos agrícolas para crianças em idade escolar na província de Benguela proveniente do Departamento da Agricultura ao abrigo do programa Merenda-Escolar."

Afirmando que o Maersk Constellation foi detido "para verificação de documentação", o armador acrescenta que está em contacto com entidades angolanas e americanas, e espera uma solução que proporcione a continuação da viagem do navio".

Mas na inspecção do navio, para além da soja, também foram encontrados cinco contentores com munições para armas anti-aéreas, que a tripulação disse destinar-se às Forças Armadas do Quénia - e não estavam declarados no manifesto.

O porta-voz da embaixada disse saber, através de contacto com as autloridades angolanas, "que há no navio outras mercadorias destinadas a outros países".

Um porta-voz da Maersk Lines disse à VOA que a "carga perigosa" a bordo do navio faz parte de uma "exportação autorizada pelo governo americano e que é transportada em comformidade total com as leis dos Estados Unidos e com a legislação internacional".

Afirmando que o navio foi detido "para verificação de documentação", a empresa acrescenta que está em contacto com entidades angolanas e americanas, e espera uma solução que proporcione a continuação da viagem do navio". O porta-voz insiste que "a documentação própria" foi entregue aos serviços aduaneiros e que a tripulação cooperou e continua a cooperar com as autoridades.

Fontes da Voz da America disseram que navio partiu do porto de Lake Charles, no estado de Louisiana, e fez uma escala em Dakar, tendo chegado ao Lobito no dia 28 de Fevereiro, descarregando, nesse dia, a assistência alimentar americana. O material de guerra posteriormente encontrado a bordo foi transferido para uma unidade militar em Benguela.

O navio ficou detido juntamente com os seus 23 tripulantes dos quais 20 (incluindo o capitão Stancil Jason) são americanos. O Maersk Constellation, que viaja sob pavilhão americano, e os tripulantes estão detidos enquanto decorrem as averiguações.

"As autoridades locais apropriadas estão a dar o devido tratamento a esta situação", adianta o porta-voz americano, sublinhando reconhecer "a legitimidade do Governo Angolano de fazer cumprir os regulamentos aduaneiros".
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