Mumia Abu-Jamal, Estados Unidos – Opera Mundi – 09 abril 2011
É uma medida do poderio militar dos Estados Unidos e da pobreza dos meios de comunicação o fato de o país lançar guerras contra povos e nações dos quais nada sabe.
Aparentemente, basta uma campanha dos meios chamando alguém de monstro, ou de assassino, ou deste nome que tudo justifica - Hitler - e os bombardeiros começam a cruzar os céus.
Os Estados Unidos fazem a guerra, são castigados por isso ou vencidos; prometem não voltar a fazê-lo e, naturalmente, o fazem outra vez... e mais outra.
Quando os exércitos norte-americanos atacaram o Vietnã (baseados em uma mentira sobre um suposto ataque no Golfo de Tonkin), o fizeram quase como algo passageiro: para ajudar um aliado europeu que havia sido derrotado (França), e em apoio ao que estudiosos e analistas chamaram de "teoria do dominó", como se, no caso da "queda" do Vietnã, toda a Ásia fosse imediatamente cair - como em uma fileira de dominós.
Essa teoria, como muitas outras que apoiam guerras imperiais, era falsa. Décadas depois, um dos mais importantes falcões da guerra, o secretário da Defesa Robert McNamara, o Estranho, admitiria que os norte-americanos sabiam pouco, quase nada, sobre o Vietnã, sua língua, história e cultura, e que tal ignorância tornara a vitória praticamente impossível.
Depois, a Somália. Depois... o Iraque.
E agora a Líbia. Quantos de nós sabem algo sobre a guerra interna na Líbia por causa de conflitos tribais? Que uma das maiores tribos do leste, os Senussi, perdeu o poder e a influência quando o rei Idris foi derrotado, em 1969, pelo Movimento dos Oficiais Livres, do qual o coronel Kadafi fazia parte? Quantos sabem que muitos deles não querem democracia, e sim restaurar a velha monarquia?
Que durante as rebeliões iniciais muitas bandeiras tremularam na Casa de Idris - uma marionete do Ocidente como foram Farouk do Egito ou o xá do Irã?
Não lhes parece estranho que as chamadas democracias odicentais estejam lutando em defesa de reis?
Ah, a atrasada e pobre Líbia. Sabiam que a Líbia tem o mais alto PIB per capita da África - mais alto que o da África do Sul? Ou que tem um dos mais baixos índices de analfabetismo do mundo árabe? (Quase 20% menos que o Egito.)
Eu também não sabia. Li em alguma publicação britânica relativamente obscura. E para comprovar as informações, pesquisei.
Nós não sabemos porque não é do interesse das forças corporativas que são donas e usam os meios, ou porque não é importante que saibamos.
Dez anos depois do início da guerra no Afeganistão, e oito anos depois do início da guerra no Iraque, não aprendemos absolutamente nada!
*Artigo publicado originalmente no site Cubadebate
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1 comentário:
A LÍBIA E O NÍGER.
1 ) São dois países limítrofes: a Líbia a norte (com petróleo, gas e água fóssil no deserto líbio), o Níger a sul (com urânio).
2 ) Verifiquem via "google earth" o modo de vida na Líbia, as suas cidades, os seus portos, as instalações petrolíferas e constatem quão longe está a Líbia, em termos de riqueza da sua população e do país, do resto de África e isso apesar do carácter do regime de Kadafi (ou do que em parte "pintam" dele)...
3 ) Façam o mesmo exercício com o "google earth" nas cidades do Níger, um país onde a multinacional AREVA vai buscar o urânio para as centrais nucleares francesas: as cidades espelham a miséria mais abjecta e, nas regiões das minas, os problemas levaram o "Greenpeace" a manifestar-se, pois o ambiente está contaminado com consequências imprevisíveis para toda a região...
4 ) A partir daí pesquisem uma das razões por que a França de Sarkozy está a ser tão "intempestiva" contra o regime de Kadafi: para além do petróleo, do gas e da água fóssil do interior do deserto líbio que cobiçam, a França e com ela a AREVA, estão incapazes de se aproximar sequer do que o regime de Kadafi conseguiu, transformando tribos nómadas que sobreviviam em pleno feudalismo, em gente que nunca teve outro nível de vida como agora, superior a qualquer outro país africano!
5 ) Façam o mesmo exercício com o "google earth" no Chade (onde a França continua a fazer ingerências atrás de ingerências), para melhor o comprovarem.
6 ) Para que o neo colonialismo francês se exerça em África, é necessário extirpar os "maus exemplos" como o de Kadafi em relação ao seu próprio povo!
7 ) As ingerências francesas estão a suceder-se uma após a outra e agora, para além da Costa do Marfim, outras se esperam em África!
8 ) Uma coisa é certa: fantoches como o assassino Blaise Campaoré estão a salvo...
Martinho Júnior.
Luanda.
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