quarta-feira, 13 de abril de 2011

Perda de direitos dos militares pode conduzir a uma nova revolução - Otelo

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DESTAK - LUSA - 13 abril 2011

Para o "capitão de abril" Otelo Saraiva de Carvalho bastam 800 militares para derrubar um governo, mas "um novo 25 de Abril" só deverá acontecer com a perda de direitos dos militares.

Em entrevista à Agência Lusa, a propósito do livro "O dia inicial", que conta o 25 de Abril "hora a hora", Otelo reconhece que, ao contrário da sociedade em geral, os militares não têm demonstrado grande indignação pelo estado do país.

E justifica: "Os militares pertencem à classe burguesa, estão bem, estão bem instalados, têm o seu vencimento, vão para fora e ganham ajudas de custo, são voluntários e os que estão reformados ainda não viram a sua reforma diminuída".

Mas a situação pode mudar, na perspetiva deste obreiro da "revolução dos cravos", para quem "a coisa começará a apertar, no dia em que os militares perderem os seus direitos".

"Se isso acontecer", sublinhou, "é possível que se criem as tais condições necessárias para que haja um novo 25 de abril".

Otelo Saraiva de Carvalho lembrou que o movimento dos capitães iniciou-se precisamente por "razões corporativistas", nomeadamente quando "os militares de carreira viram-se de repente ultrapassados nas suas promoções por antigos milicianos que, através de um decreto-lei de um governo desesperado por não ter mais capitães para mandar para a guerra colonial, permite a entrada desses antigos milicianos".

"Esses capitães são rapidamente promovidos a majores e ultrapassam os capitães que estavam a dar no duro e tinham quatro anos de curso", adiantou.

Otelo lembra que, "quando tocam nos interesses da oficialidade, ela começa a reagir. Há 37 anos, essa reação foi o movimento de capitães", que culminou no derrube de um regime com 48 anos.

Este "capitão de abril" chama a atenção para a mudança de circunstâncias que se registou nos últimos 37 anos, nomeadamente o facto das forças armadas ao nível das praças – soldados, cabos e sargentos – serem hoje voluntários.

"Se a esta gente voluntária cortarem direitos adquiridos, então o caldo está entornado", avisou.

Questionado sobre a existência de condições para os militares protagonizarem uma revolução, Otelo é perentório: "Para derrubar um governo basta, como se viu, 800 militares. Chegam, desde que estejam empenhados nisso".

1 comentário:

Anónimo disse...

AS FAP CADA VEZ MAIS MERCENÁRIAS!!!

1 ) Esquece Otelo que uma das razões íntimas de Portugal estar na OTAN, com encargos cada vez maiores (o que não acontecia por razões óbvias durante a ditadura de Salazar), é precisamente a de "amarrar curto" Portugal ao "diktat" das potências Atlânticas, sobretudo as anglo-saxónicas.

2 ) Isso quer dizer que, para os oficiais portugueses, mesmo que sua posição seja fragilizada em relação ao estado português, há uma posição garantida no quadro da OTAN, que cada vez mais absorve os efectivos profissionais recrutados em Portugal.

3 ) A outra "ponte" é o AFRICOM: há uma cada vez maior interconexão de filosofias e os portugueses estão bem presentes em África, ao abrigo dos relacionamentos bilaterais, mas corespondendo aos interesses, estímulos e manipulações do Pentágono...

4 ) O FELINO 2011 realizado em Cabo Ledo, Angola, é um exemplo flagrante da interconexão de filosofias com esse sinal!

5 ) Dessa forma, com esse "enquadramento", as FAP estão a tornar-se cada vez mais MERCENÁRIAS!

PAZ SIM, NATO NÃO!

Martinho Júnior.

Luanda.