terça-feira, 31 de agosto de 2010

Apoio de Angola é indispensável para estabilidade da Guiné

Cônsul Geral da Guiné-Bissau em Angola - Fotografia: Francisco Bernardo

JORNAL DE ANGOLA

O cônsul geral da Guiné-Bissau em Angola disse ontem, em Luanda, que a presidência angolana da CPLP pode ser crucial para estabilizar a Guiné-Bissau. José Isaac Monteiro Silva colocou Angola entre os “melhores amigos da Guiné-Bissau”, razão pela qual diz confiar num envolvimento angolano no esforço de estabilização do seu país.

O chefe da missão consular guineense acrescentou, em declarações à Angop, que embora defenda que os problemas da Guiné-Bissau “devem ser resolvidos pelos próprios guineenses”, a ajuda de Angola é “indispensável”, em nome dos laços de irmandade e de solidariedade que unem os dois povos.

José Isaac Monteiro Silva comentou ainda a indicação do académico Sebastião Izata para representante do presidente da Comissão da União Africana (UA) na Guiné-Bissau. “É uma pessoa credível. Tenho de agradecer por ser uma pessoa amiga e acredito no seu bom desempenho e ajuda na estabilização da Guiné-Bissau”, afirmou o chefe da Missão Consular guineense, realçando o facto de Izata ser um diplomata (já foi vice-ministro das Relações Exteriores) e quadro oriundo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

Quando da sua passagem por Luanda no final do passado mês de Julho, o Chefe de Estado cabo-verdiano afirmou que a situação na Guiné-Bissau deve ser tratada com “pragmatismo e cautela” e comparou a Guiné-Bissau a “um terreno extremamente movediço”. Pedro Pires disse, no entanto, estar esperançado que se encontre uma solução para a situação daquele país, o que é susceptível de ser alcançado através de “um trabalho sério com os guineenses”.

“Não diria que já se vê uma pequena luz ao fundo do túnel, mas estou esperançado que sim, que podemos lá chegar através de um trabalho sério com os guineenses, com pragmatismo, sempre buscando consenso, sempre buscando da parte deles que estejam de acordo connosco”, apontou.

Após assumir a presidência da CPLP, o Chefe de Estado angolano José Eduardo dos Santos realçou que a primeira aposta é no diálogo “construtivo e dinâmico”, para restaurar a confiança entre os diversos actores da Guiné-Bissau. “A nossa primeira ‘demarche´ é na busca de uma solução consensual no plano político para restabelecer a confiança e para que as autoridades competentes realizem a missão que lhes compete no âmbito da Constituição da República. Qualquer esforço externo será sempre complementar e esse esforço pode ser de natureza política, militar ou económica e financeira”, referiu.

As autoridades políticas e militares da Guiné-Bissau mostram-se receptivas com o envio de uma força de estabilização. A aceitação da futura força vem na sequência dos apelos nesse sentido feitos à Guiné-Bissau nas recentes cimeiras de chefes de Estado e Governo realizadas na ilha do Sal, Cabo Verde, na cimeira da CPLP que se realizou em Luanda, e as decisões da cimeira da União Africana, que se realizou em Kampala.

Guiné-Bissau busca avançar nas áreas de saúde infantil e materna

ECO DESENVOLVIMENTO

Não é bonito o cartão de visita que apresenta a Guiné-Bissau quando o tema é saúde. Menos ainda quando se fala de proteção das crianças, de saúde infantil e materna. Segundo o último relatório sobre a situação da criança no mundo, este país, com 1,6 milhão de habitantes, figura no grupo dos Estados onde há mais mortes de crianças até os cinco anos.

As crianças morrem de malária ou com diarreias provocadas por doenças como a cólera, também por causa das fragilidades dos hospitais. Consequências de fatores tão diversos como os anos de instabilidade política e militar, a falta de infraestruturas básicas e até de uma rede de estradas no país.

Dados do Unfpa revelam que em cada mil crianças nascidas na Guiné-Bissau, 110 morrem nas primeiras horas de vida, o que equivale a dois bebês mortos por dia. O país tem um dos mais altos índices de mortalidade neo-natal do mundo.

"Somos todos um bocadinho responsáveis por essas coisas terríveis, mesmo que essas situações desumanas estejam a muitos quilômetros de distância.", afirmou a embaixadora da Boa Vontade do Fundo da ONU para as Populações (Unfpa), a portuguesa Catarina Furtado (foto). A também apresentadora de televisão tem alertado o mundo para o drama das crianças e mães da Guiné-Bissau.

"Acho que falta mostrar às pessoas como é a vida das mulheres guineenses. Às vezes, trago imagens e tenho tido respostas de médicos e enfermeiros de Portugal que não faziam ideia que as mulheres morrem ao dar à luz naquele país", destacou Catarina.

O desafio de alinhar os resultados da Guiné-Bissau com o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio para esta área é grande, sobretudo porque só faltam cinco anos para a meta de 2015. No entanto, vale destacar que tem sido dados passos significativos para se mudar a situação.
Mudanças

Um exemplo desses passos foi a abertura de um hospital para as grávidas que precisam de uma cesariana na região de Gabu, há um ano. "Apenas neste ano, houve uma redução muito significativa da mortalidade materna e neo-natal. Já têm estatísticas e já mostraram o livro de registros das mães que deixaram de morrer porque puderam ser operadas. A taxa baixou em 6% naquela região", relatou Catarina.

O coordenador-adjunto dos representantes do Unfpa na Guiné-Bissau, Joaquim Vicente Gomes, acrescentou alguns resultados positivos: "O atendimento e a assistência nos partos por pessoas especializadas aumentaram. Também há investimento em estradas, formação de pessoal médico e estruturas sanitárias para oferecer um serviço de qualidade na área da saúde reprodutiva, que vai contribuir para a redução da mortalidade materna."

Para Catarina Furtado está provado que se investir em saúde materna é uma grande ferramenta no combate à pobreza extrema, pois os resultados são sempre positivos.

Mortalidade Materna

"Em apoio ao governo, temos um programa de saúde reprodutiva que consiste na formação e capacitação dos quadros técnicos da saúde, reforço da capacidade institucional, equipar os centros de saúde e ainda recuperar ou construir hospitais. Já o fizemos em Bafatá e Gabu", informou Vicente Gomes.

A ONU e as autoridades guineenses sabem que só haverá redução da mortalidade infantil e materna se a sociedade civil estiver envolvida. Com este intuito, muitas organizações contribuem com ações sociais. O Conselho Nacional da Juventude guineense é uma delas.

"O nosso trabalho é no sentido de levar informação e sensibilizar os jovens para conhecerem os centros de saúde e de aconselhamento como forma de prevenir essas mortes que muitas vezes acontecem por negligência e falta de informação", explicou o presidente da instituição, Emanuel Santos.

"Dar à luz é um ato tão natural. Como é possível que haja tantas mortes entre mulheres em razão de um ato tão simples e tão bonito?", questionou Catarina.

Produção e reportagem: João Rosário e Eduardo Costa Mendonça/Rádio ONU.

Guiné-Bissau: Pedidos de asilo político a Portugal têm aumentado

DIÁRIO DIGITAL – LUSA

Os pedidos de asilo político de cidadãos guineenses a Portugal têm vindo a aumentar desde os mais recentes acontecimentos políticos na Guiné-Bissau, tendo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras recebido oito processos desde o início do ano.

Mas muitos dos guineenses também fazem de Portugal um tranpolim de saída para outros países.Contactada pela Lusa, a embaixada dos Estados Unidos em Lisboa disse que, só em 2009 recebeu 20 pedidos de vistos não imigrantes de cidadãos guineenses.

De acordo com dados do SEF, em 2007 foram dois os requerentes guineenses de asilo político a Lisboa. Em 2008, o número subiu para quatro.

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