quinta-feira, 7 de outubro de 2010

CABO VERDE EM QUARTO LUGAR ENTRE OS PAÍSES MELHOR GOVERNADOS

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Angola é último dos PALOP - Índice Mo Ibrahim

JSD – LUSA

Cidade da Praia, 05 out (Lusa) - Cabo Verde é o país africano de expressão portuguesa melhor classificado, ocupando o quarto lugar, no Índice Mo Ibrahim 2010, em que São Tomé e Príncipe está em 11.º, Moçambique em 20.º, Guiné-Bissau em 41.º e Angola em 43.º.

No índice de 53 países, divulgado segunda feira, Cabo Verde desceu, porém, dois lugares em relação a 2009, ficando agora atrás das Maurícias, que mantém o primeiro posto, Seicheles e Botsuana, com a África do Sul a fechar o "top 5". Os últimos da lista são a Eritreia, Zimbabué, RD Congo, Chade e Somália.

A tabela avalia quatro critérios de governação - Desenvolvimento Humano, Participação e Direitos Humanos, Segurança e Estado de Direito, Oportunidades de Sustentabilidade Económica.

Numa pontuação de 0 a 100, Cabo Verde surge com 73.83 pontos, seguido, entre os Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), por São Tomé e Príncipe (desceu uma posição em relação a 2009 - 57,05 pontos), Moçambique (52,39), Guiné-Bissau (42,09) e Angola (39,29).

Na apreciação global do continente, o documento reconhece que muitos povos africanos têm hoje em dia mais acesso a oportunidades económicas, mas estão a ver os seus direitos políticos ignorados.

"Existe um risco de os direitos dos cidadãos serem negligenciados na altura em que a África procura o desenvolvimento económico", afirmou o tanzaniano Salim Ahmed Salim, antigo secretário geral da extinta Organização da Unidade Africana (OUA, hoje União Africana) e um dos administradores da Fundação Mo Ibrahim.

Segundo Ahmed Salim, nos últimos dois anos, a Fundação Mo Ibrahim, criada por um milionário de origem sudanesa, que fez fortuna no ramo das telecomunicações, decidiu não atribuir o seu prémio anual a um estadista africano que se tenha particularmente distinguido pela sua boa governação.

O prémio, de cinco milhões de dólares, foi atribuído na edição inaugural, em 2008, a Joaquim Chissano, ex-presidente de Moçambique, e, no ano seguinte, a Festus Mogae, ex-chefe de Estado do Botsuana.

As regras ditam que os candidatos podem ser considerados durante três anos após o fim do exercício de funções, o que inclui os ex-presidentes sul-africano, Thabo Mbeki, ganês, John Kufuor, e nigeriano, Olusegun Obasanjo.

Os membros do comité, presidido pelo ex-secretário geral das Nações Unidas, Kofi Annan, e que tem entre os seus membros a moçambicana Graça Machel, presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), optaram, assim, por não atribuir o prémio, "apesar da existência de candidatos credíveis".

O Prémio Ibrahim para o Sucesso na Liderança Africana visa reconhecer líderes africanos que tenham dado provas de excelência na liderança política, e está aberto a ex-chefes de Estado ou de Governo de países da África Austral que tenham deixado de exercer funções nos últimos três anos e dado provas de liderança exemplar.

Fundador da empresa de telecomunicações africana Celtel International, Mo Ibrahim, nascido no Sudão em 1946, é considerado um modelo de cidadão africano bem sucedido, que privilegiou uma gestão ética do negócio. Vendeu a empresa em 2005 - sete anos depois de a ter criado - a um operador do Kuwait por 3,4 mil milhões de dólares, fortuna que financia a Fundação e o prémio.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
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