MARTINHO JÚNIOR
No momento em que no Brasil ocorrem eleições, que trazem não só expectativas optimistas, mas também esperanças renovadas para os caminhos alternativos que a humanidade precisa urgente e “emergentemente” de trilhar, os relatórios mais pessimistas (e também mais precisos) vão fazendo luz cada vez mais intensa sobre a chaga aberta do Congo, a mais decisiva região de todo o continente Africano e uma das mais decisivas para a “Mãe Terra”.
As alternativas que se poderão arquitectar a partir da emergência dos BRIC, mas sobretudo dum Brasil integrado no imenso espaço Americano – Africano – Latino são extremamente sensíveis também para a RDC, o Congo, o Uganda, o Ruanda e o Burundi, enquanto alguns dos estados mais fragilizados e mais manipulados da Mundo e desde logo para a sorte deste pulmão tropical da margem leste do Atlântico, que com o Amazonas é fundamental para o equilíbrio ambiental do planeta.
O leste da RDC e a região dos Grandes Lagos de há décadas, (desde praticamente a independência do Congo há 50 anos) que em função de suas incomensuráveis riquezas, em função das tensões que se repercutem em todas as suas fragilizadas comunidades humanas, tem sido alvo da rapina das potências e das multinacionais, com ou sem o concurso dos estados da região, com ou sem o concurso das mais alucinadas quão doentias organizações rebeldes e numa barbárie constante que radia numa espiral sangrenta para as vastas regiões circunvizinhas, Angola incluída. (1)
Nesse espaço, querem fazer crer que as guerras são civis, mas as guerras têm-se interligado e as componentes externas têm a maior fatia das responsabilidades históricas. (2)
Poderiam ser muitos os exemplos de quanto toda essa imensa região tem sido vítima de manipulações ao sabor dos interesses e conveniências de outros, quer quando existem confrontações armadas, quer quando se respira um ambiente de ausência de tiros, (normalmente um intervalo entre os combates): mas para ser sintético e breve, basta recordar que nenhum país da região Central de África é produtor de armamento!
O poder daqueles que a partir do exterior do continente instigam às rebeliões contra natura e às guerras injustas em África, joga com a fragilidade dos Estados e das instituições políticas Africanas, pondo à prova os regimes, inclusive aqueles que à risca procuram empenhar-se em acordo com os cânones das “democracias representativas”, conforme se está a tentar na RDC.
O traficante de armas russo Vítor Bout teve ligações para fornecimento de armamento em toda a região e, em suporte das iniciativas de Savimbi, os seus meios correram aeroportos e pistas de Angola, particularmente nos vales do Cuango (por exemplo Cafunfo) e do Cuanza (Andulo). (3)
Victor Bout foi um dos “jogadores” importantes no âmbito do “tráfico dos diamantes de sangue de Savimbi”, assim como um dos homens das conexões de tráfico de riquezas naturais com base no Ruanda, onde possuía a “Compagnie Aérienne des Grands Lacs” e a “Great Lakes Business Company”.
Enquanto ele apenas se cingiu ao comércio de sangue e da barbárie em África, poucos se importaram que ele fizesse parte das grandes manipulações: os poderes que actuam à escala global, entre eles os poderes concentrados nos Estados Unidos e em França, não se envergonharam sequer que as aeronaves de Victor Bout circulassem impunes em todos os espaços aéreos, desde França à África do Sul, a distância que colocava bem no seu centro geográfico toda a região afectada pela “Primeira Guerra Mundial Africana”!...
Homens como Kwame N’Krumah, Patrice Lumumba, Che Guevara, Thomas Sankara, Laurent Kabila, foram em África dos primeiros a perceberem o que tinha origem na lógica capitalista que se impunha pela via da colonização, ou sob as bandeiras das deliberadamente mascaradas independências e por isso arriscaram tudo para através da luta procurar alterar o curso dessa tendência apontada para um abismo irreversível, que parece não ter fim.
Eles pagaram, duma maneira ou de outra, bem caro a ousadia de terem constituído a vanguarda da consciência crítica e rebelde em nome da humanidade e no sentido da vida.
Eles sabiam, conforme um dia sintetizou Agostinho Neto, que a “África é um corpo inerte onde cada abutre vem depenicar o seu pedaço”, à custa do sangue, do suor e das lágrimas de milhões de Africanos apanhados pelo sorvedouro que tem sido sistematicamente instrumentalizado a partir sobretudo das potências ocidentais e das multinacionais que compõem a imensa colmeia que dá substância ao poderoso “lobby dos minerais”, em África tão estrategicamente elitista e estruturado a partir do pensamento e da obra de Cecil John Rhodes. (4)
Outros fora do Continente Africano têm também a mesma percepção que esses maiores e entre eles destaco Fidel de Castro, enquanto dirigente, estadista e filósofo incontornável e com ele o Povo Cubano, pelo seu exemplo sem paralelo, enfrentando com dignidade e perseverança tantos infortúnios, na expectativa de que a humanidade seja mais sadia e coerente.
Eles estão sempre com África no resgate da dignidade perdida…
A muito Britânica Universidade de Oxford tem sido uma das escolas obrigatórias para a formação das elites do Império Anglo Saxónico e também de algumas elites Africanas de feição.
Foi lá onde Cecil John Rhodes projectou a sua filosofia eminentemente imperialista e neo colonial e para que essa filosofia se perpetuasse no seu essencial muito para além de sua própria existência, formou a “Rhodes Scholarship”, apta à entrega de bolsas de estudos para eleitos que dessem continuidade à sua “engenharia e arte”, aglutinando o aprofundamento do conhecimento científico e tecnológico que cresceu a partir do início da Revolução Industrial. (5)
É com os olhos em Oxford que, a partir da “nação arco íris”, uma figura com tantas responsabilidades históricas como Nelson Mandela fomentou a “Mandela Rhodes Scholarship”, talvez por que se tornou necessário que às elites brancas e de olhos azuis, para se “perpetuar” a lógica que vem do berço, se acrescentassem outras elites de tez mais escura… (6)
Não é por acaso que quer o “lobby dos minerais”, quer os Bancos de família nele implicados (como os interesses dos Rockefeller, ou dos Rothschield, ou dos Morgan), quer homens da envergadura do clã Oppenheimer, ou de Maurice Tempelsman, ou de Étienne D’Avignon, suportam uma parte da vértebra humana fundamental através da qual se norteia tanto o Partido Democrata nos Estados Unidos, quanto o cartel dos diamantes à escala global, quanto algumas das implicações estratégicas que se vão reflectindo também na África Austral e Central, a começar na África do Sul…
Não é por acaso que o Democrata Bill Clinton é um “Rhodes Scholarship”, como não é por acaso que Thomas A. Shannon, que cursou em Oxford, é o Embaixador-delfim da Administração Democrata de Barack Hussein Obama para o Brasil! (7)
No momento em que fervem as eleições no decisivo colosso que constitui, do outro lado do Atlântico, o Brasil, dois contenciosos (para além de muitos outros que poderíamos enumerar) se esbatem especialmente sobre a RDC e os Grandes Lagos:
- Todos os relatórios sobre a fome no Mundo apontam que é nessa região onde subsistem dramaticamente os índices mais elevados de miséria humana, num pântano misto de terror, de guerra, de doença, de migração forçada e de morte. (8)
- É sobre essa região que se está a chegar à conclusão de se tornar “impraticável” apesar dos milhões de mortos e “deserdados da Terra”, até levar ao Tribunal Penal Internacional os crimes de toda a natureza praticados pelos contendores nos Kivus e nos países dos Grandes Lagos. (9)
De certo modo está-se já na decisiva batalha pelo acesso à água do interior do continente Africano e de todos os interessados e presentes, estão a ser os Africanos os que mais estão a perder, pelos impactos directos que sofrem, mas com eles, está também a perder toda a humanidade e também as próprias elites que se tornaram rapaces forjadas na lógica capitalista que tem estigmatizado a cultura humana após o início da Revolução Industrial, ao ponto de pôr em risco a vida tal qual a conhecemos sobre a Terra, senão o próprio planeta.
Se a França, no quadro das políticas neo coloniais do “pré carré” havia instrumentalizado o regime hutu de Juvenal Habiarinama, foi particularmente a Administração Democrata de Bill Clinton que jogou a cartada contraditória tutsi a partir do empenhamento Yoweri Museveni – Paul Kagame e é com base nessas tensões, desse artifício, que uma parte importante da desestabilização e manipulação de África se tem expandido: quanto mais poder elitista, quanto mais miséria, quanto mais morte, quanto mais guerra, quanto mais sangue, mais fácil e instrumentalizada é feita a rapina, numa escala sem precedentes e com lucros incomensuráveis!
É legítimo a África procurar na emergência dos BRIC os socorros institucionais, políticos, económicos, financeiros e humanos de que tanto precisa, pois o que a “civilização ocidental” tem historicamente trazido é por si um beco sem saída, a acrescentar ao beco sem saída da lógica capitalista que advém do que tem sido feito particularmente a partir do início da Revolução Industrial.
Fidel de Castro e Michel Chossudovski, diretor do Centro de Pesquisas sobre Globalização e editor em chefe do site Global Research, reuniram-se agora em Havana de forma a encontrar fórmulas de maior activismo em prol da legítima paz mundial, por mais utópica que ela se desenhe nos horizontes contemporâneos; Fidel, com a autoridade que lhe assiste produziu a “Mensagem Contra a Guerra Nuclear e Convencional” e decerto foi com o seu profundo conhecimento sobre a história de África que ele foi para além do manifesto contra a guerra nuclear.
Enviei justamente o seguinte em substantivo apoio à Mensagem de Fidel: (10)
ÁFRICA SEMPRE COM FIDEL!
No momento em que no Brasil ocorrem eleições, que trazem não só expectativas optimistas, mas também esperanças renovadas para os caminhos alternativos que a humanidade precisa urgente e “emergentemente” de trilhar, os relatórios mais pessimistas (e também mais precisos) vão fazendo luz cada vez mais intensa sobre a chaga aberta do Congo, a mais decisiva região de todo o continente Africano e uma das mais decisivas para a “Mãe Terra”.
As alternativas que se poderão arquitectar a partir da emergência dos BRIC, mas sobretudo dum Brasil integrado no imenso espaço Americano – Africano – Latino são extremamente sensíveis também para a RDC, o Congo, o Uganda, o Ruanda e o Burundi, enquanto alguns dos estados mais fragilizados e mais manipulados da Mundo e desde logo para a sorte deste pulmão tropical da margem leste do Atlântico, que com o Amazonas é fundamental para o equilíbrio ambiental do planeta.
O leste da RDC e a região dos Grandes Lagos de há décadas, (desde praticamente a independência do Congo há 50 anos) que em função de suas incomensuráveis riquezas, em função das tensões que se repercutem em todas as suas fragilizadas comunidades humanas, tem sido alvo da rapina das potências e das multinacionais, com ou sem o concurso dos estados da região, com ou sem o concurso das mais alucinadas quão doentias organizações rebeldes e numa barbárie constante que radia numa espiral sangrenta para as vastas regiões circunvizinhas, Angola incluída. (1)
Nesse espaço, querem fazer crer que as guerras são civis, mas as guerras têm-se interligado e as componentes externas têm a maior fatia das responsabilidades históricas. (2)
Poderiam ser muitos os exemplos de quanto toda essa imensa região tem sido vítima de manipulações ao sabor dos interesses e conveniências de outros, quer quando existem confrontações armadas, quer quando se respira um ambiente de ausência de tiros, (normalmente um intervalo entre os combates): mas para ser sintético e breve, basta recordar que nenhum país da região Central de África é produtor de armamento!
O poder daqueles que a partir do exterior do continente instigam às rebeliões contra natura e às guerras injustas em África, joga com a fragilidade dos Estados e das instituições políticas Africanas, pondo à prova os regimes, inclusive aqueles que à risca procuram empenhar-se em acordo com os cânones das “democracias representativas”, conforme se está a tentar na RDC.
O traficante de armas russo Vítor Bout teve ligações para fornecimento de armamento em toda a região e, em suporte das iniciativas de Savimbi, os seus meios correram aeroportos e pistas de Angola, particularmente nos vales do Cuango (por exemplo Cafunfo) e do Cuanza (Andulo). (3)
Victor Bout foi um dos “jogadores” importantes no âmbito do “tráfico dos diamantes de sangue de Savimbi”, assim como um dos homens das conexões de tráfico de riquezas naturais com base no Ruanda, onde possuía a “Compagnie Aérienne des Grands Lacs” e a “Great Lakes Business Company”.
Enquanto ele apenas se cingiu ao comércio de sangue e da barbárie em África, poucos se importaram que ele fizesse parte das grandes manipulações: os poderes que actuam à escala global, entre eles os poderes concentrados nos Estados Unidos e em França, não se envergonharam sequer que as aeronaves de Victor Bout circulassem impunes em todos os espaços aéreos, desde França à África do Sul, a distância que colocava bem no seu centro geográfico toda a região afectada pela “Primeira Guerra Mundial Africana”!...
Homens como Kwame N’Krumah, Patrice Lumumba, Che Guevara, Thomas Sankara, Laurent Kabila, foram em África dos primeiros a perceberem o que tinha origem na lógica capitalista que se impunha pela via da colonização, ou sob as bandeiras das deliberadamente mascaradas independências e por isso arriscaram tudo para através da luta procurar alterar o curso dessa tendência apontada para um abismo irreversível, que parece não ter fim.
Eles pagaram, duma maneira ou de outra, bem caro a ousadia de terem constituído a vanguarda da consciência crítica e rebelde em nome da humanidade e no sentido da vida.
Eles sabiam, conforme um dia sintetizou Agostinho Neto, que a “África é um corpo inerte onde cada abutre vem depenicar o seu pedaço”, à custa do sangue, do suor e das lágrimas de milhões de Africanos apanhados pelo sorvedouro que tem sido sistematicamente instrumentalizado a partir sobretudo das potências ocidentais e das multinacionais que compõem a imensa colmeia que dá substância ao poderoso “lobby dos minerais”, em África tão estrategicamente elitista e estruturado a partir do pensamento e da obra de Cecil John Rhodes. (4)
Outros fora do Continente Africano têm também a mesma percepção que esses maiores e entre eles destaco Fidel de Castro, enquanto dirigente, estadista e filósofo incontornável e com ele o Povo Cubano, pelo seu exemplo sem paralelo, enfrentando com dignidade e perseverança tantos infortúnios, na expectativa de que a humanidade seja mais sadia e coerente.
Eles estão sempre com África no resgate da dignidade perdida…
A muito Britânica Universidade de Oxford tem sido uma das escolas obrigatórias para a formação das elites do Império Anglo Saxónico e também de algumas elites Africanas de feição.
Foi lá onde Cecil John Rhodes projectou a sua filosofia eminentemente imperialista e neo colonial e para que essa filosofia se perpetuasse no seu essencial muito para além de sua própria existência, formou a “Rhodes Scholarship”, apta à entrega de bolsas de estudos para eleitos que dessem continuidade à sua “engenharia e arte”, aglutinando o aprofundamento do conhecimento científico e tecnológico que cresceu a partir do início da Revolução Industrial. (5)
É com os olhos em Oxford que, a partir da “nação arco íris”, uma figura com tantas responsabilidades históricas como Nelson Mandela fomentou a “Mandela Rhodes Scholarship”, talvez por que se tornou necessário que às elites brancas e de olhos azuis, para se “perpetuar” a lógica que vem do berço, se acrescentassem outras elites de tez mais escura… (6)
Não é por acaso que quer o “lobby dos minerais”, quer os Bancos de família nele implicados (como os interesses dos Rockefeller, ou dos Rothschield, ou dos Morgan), quer homens da envergadura do clã Oppenheimer, ou de Maurice Tempelsman, ou de Étienne D’Avignon, suportam uma parte da vértebra humana fundamental através da qual se norteia tanto o Partido Democrata nos Estados Unidos, quanto o cartel dos diamantes à escala global, quanto algumas das implicações estratégicas que se vão reflectindo também na África Austral e Central, a começar na África do Sul…
Não é por acaso que o Democrata Bill Clinton é um “Rhodes Scholarship”, como não é por acaso que Thomas A. Shannon, que cursou em Oxford, é o Embaixador-delfim da Administração Democrata de Barack Hussein Obama para o Brasil! (7)
No momento em que fervem as eleições no decisivo colosso que constitui, do outro lado do Atlântico, o Brasil, dois contenciosos (para além de muitos outros que poderíamos enumerar) se esbatem especialmente sobre a RDC e os Grandes Lagos:
- Todos os relatórios sobre a fome no Mundo apontam que é nessa região onde subsistem dramaticamente os índices mais elevados de miséria humana, num pântano misto de terror, de guerra, de doença, de migração forçada e de morte. (8)
- É sobre essa região que se está a chegar à conclusão de se tornar “impraticável” apesar dos milhões de mortos e “deserdados da Terra”, até levar ao Tribunal Penal Internacional os crimes de toda a natureza praticados pelos contendores nos Kivus e nos países dos Grandes Lagos. (9)
De certo modo está-se já na decisiva batalha pelo acesso à água do interior do continente Africano e de todos os interessados e presentes, estão a ser os Africanos os que mais estão a perder, pelos impactos directos que sofrem, mas com eles, está também a perder toda a humanidade e também as próprias elites que se tornaram rapaces forjadas na lógica capitalista que tem estigmatizado a cultura humana após o início da Revolução Industrial, ao ponto de pôr em risco a vida tal qual a conhecemos sobre a Terra, senão o próprio planeta.
Se a França, no quadro das políticas neo coloniais do “pré carré” havia instrumentalizado o regime hutu de Juvenal Habiarinama, foi particularmente a Administração Democrata de Bill Clinton que jogou a cartada contraditória tutsi a partir do empenhamento Yoweri Museveni – Paul Kagame e é com base nessas tensões, desse artifício, que uma parte importante da desestabilização e manipulação de África se tem expandido: quanto mais poder elitista, quanto mais miséria, quanto mais morte, quanto mais guerra, quanto mais sangue, mais fácil e instrumentalizada é feita a rapina, numa escala sem precedentes e com lucros incomensuráveis!
É legítimo a África procurar na emergência dos BRIC os socorros institucionais, políticos, económicos, financeiros e humanos de que tanto precisa, pois o que a “civilização ocidental” tem historicamente trazido é por si um beco sem saída, a acrescentar ao beco sem saída da lógica capitalista que advém do que tem sido feito particularmente a partir do início da Revolução Industrial.
Fidel de Castro e Michel Chossudovski, diretor do Centro de Pesquisas sobre Globalização e editor em chefe do site Global Research, reuniram-se agora em Havana de forma a encontrar fórmulas de maior activismo em prol da legítima paz mundial, por mais utópica que ela se desenhe nos horizontes contemporâneos; Fidel, com a autoridade que lhe assiste produziu a “Mensagem Contra a Guerra Nuclear e Convencional” e decerto foi com o seu profundo conhecimento sobre a história de África que ele foi para além do manifesto contra a guerra nuclear.
Enviei justamente o seguinte em substantivo apoio à Mensagem de Fidel: (10)
ÁFRICA SEMPRE COM FIDEL!
África berço do homem e continente que se declarou livre de armas nucleares, sabe avaliar como continente mártir da escravatura, do colonialismo, do “apartheid e da “moderna” barbárie de sangue produzida pelo capitalismo, quanto acabar com todo o tipo de guerras é o único caminho a seguir para benefício da humanidade e do planeta!
Em África, só a África do Sul é produtor de armas e no entanto, com as armas vindas de outros continentes, genocídios não cessam de ocorrer e largos milhões continuam a morrer em consequência directa e indirecta das guerras encadeadas pela posse da riqueza, que parecem não ter fim!
É pois também legítimo a África estruturar desde já os imensos espaços vazios, polvilhá-los de estradas, de pontes, de ferrovias, de cidades modernas, de indústria respeitadora das condições do planeta, para que as comunidades humanas tenham outra esperança de vida, resgatem conhecimento e saúde, capacidades que nunca tiveram.
É legítimo a África cuidar da vida e do ambiente, respeitar a “Mãe Terra” e muito em especial quando a “civilização ocidental”, apesar dos contributos ao conhecimento científico e tecnológico (ou também por causa disso), se tornou tão depredadora.
Os relacionamentos de África com os BRIC abre expectativas fundamentadas de alguns dos colossos Africanos se tornarem também emergentes, entre eles Angola e os dois Congo, assim como regiões inteiras onde tanta precariedade tem subsistido, como a dos Grandes Lagos.
Dos 4 BRIC, 3 deles foram também colonizados e se levarmos em conta o peso histórico dessa situação reflectida neste início de século XXI em África, as pontes humanas que se têm de estabelecer em função desses relacionamentos, tenderão a encontrar outros condimentos e disponibilidades, outras formas comuns de pensar e de agir, outros processos e métodos de integração, de solidariedade e de respeito para com o próximo e para com a natureza.
O continente Africano é pujante de recursos e qualquer um dos BRIC, particularmente o Brasil que está mais próximo, é de expressão Latina e está preocupado com as duas Amazónias e a China por que sua emergência implica também impactos construtivos em todo o sul global em socorro das aspirações e sensibilidades do sul, tem outras possibilidades de relacionamento, o que as culturas Anglo Saxónicas têm desperdiçado.
África não precisa de esforços militares para combater os fantasmas do terrorismo, conforme a ementa que estão a tentar protagonizar AFRICOM e agentes-pares como Museveni ou Kagame!
África precisa de, ganhando consciência crítica sobre os traumas de quase todos os Povos do Continente, se construírem respostas que nunca antes foram encontradas, no âmbito dum amplo renascimento cultural, actuando sobre as causas profundas do entorpecimento típico do subdesenvolvimento em que, por imposição duma lógica tão perversa como a do capitalismo, tem sido obrigada a se arrastar!
As expectativas no que diz respeito aos relacionamentos com os BRIC, por parte dos Africanos, merecem um novo tipo de respostas; para além de Cuba com sua solidariedade humana excepcional, muito em particular o Brasil, a Venezuela e a China poderão ser intérpretes de filosofias distintas do passado, libertas do seu peso histórico e de suas heranças de rapina e sangue e isto apesar de, por exemplo, a China de Pequim não ser precisamente a mesma coisa do que a China de Hong Kong!
Sem deslocar um único homem com farda, a China encontrou fórmulas de relacionamento que se impõem aos Africanos pelo simples facto de nunca a “civilização ocidental” se ter preocupado em dinamizar! (11)
Construir a vida moderna no âmbito dos Programas de Reconstrução e Reconciliação Nacional para Angola é também beber dessa filosofia que agora está mais disponível que antes, inclusive nos processos de inteligência que se poderão projectar no que diz respeito a questões tão estratégicas como a água e a energia.
Angola não se pode deixar enredar nas manipulações que se desenham para que sua força militar se adeqúe aos interesses e conveniências de outros de fora do continente, quando suas estratégias se tornaram redutoras ao ponto de andarem obcecados atrás de fantasmas “terroristas” que parecem emergir das pedras e dos desertos e por osmose se expandem do Médio Oriente para dentro do Continente Africano.
Angola sabe avaliar que a luta contra colonialismo e “apartheid” foi para resgatar justiça histórica e para tal imensos sacrifícios se tiveram de fazer… e sabe avaliar também que as guerras por causa das disputas sobre as riquezas naturais, conforme por exemplo a “Primeira Guerra Mundial Africana”, são guerras que se voltarão sempre contra os interesses estratégicos dos Africanos, da humanidade e do planeta.
Angola deve potenciar uma contribuição saudável, construtiva e dinâmica, em prol do resgate e da emergência de valores que dêem continuidade ao sentido de vida que bebe do seu próprio movimento de libertação e lembrar isso é tanto mais importante quanto com o “mercado” se torna ainda mais perceptível o que se perdeu em termos de solidariedade, de procura de justiça social, de internacionalismo, de conceitos abrangentes que interessam para os benefícios que há que trazer para com o Povo Angolano, para com todos os Povos Africanos das regiões Austral e Central do Continente, para com todos os Povos do Mundo.
Cuidar da segurança de África e para África conforme ao interesse e conveniência dos Povos Africanos é imprescindível para, no meio de tantas manipulações, de tanta mentira, de tantas guerras, de tanta miséria, de tantos traumas e também de tanto elitismo alienado, se encontrar o caminho para o equilíbrio humano respeitador da natureza, uma caminho que conduza à justiça social, ao desenvolvimento sustentável, que resulte no aprofundamento da democracia, traga paz e saiba cuidar desse outro imenso pulmão tropical da Terra que constitui a bacia do grande Congo!
Notas e consultar:
- (1) – Kivu – Wikipedia – http://en.wikipedia.org/wiki/Kivu ; http://en.wikipedia.org/wiki/Nord-Kivu ; http://en.wikipedia.org/wiki/Sud-Kivu ; http://en.wikipedia.org/wiki/Kivu_conflict
- (2) – Primeira guerra mundial africana – Jornal de Angola – General José Maria – http://jornaldeangola.sapo.ao/20/0/as_missoes_estrategicas_para_a_paz_no_continente ; O Congo é aqui? – http://www.baguete.com.br/colunistas/colunas/49/nelson-franco-jobim/10/07/2007/o-congo-e-aqui ; Maior floresta tropical africana perde 1,5 mil ha / ano – Vida Global – http://nelsonfrancojobim.blogspot.com/2008/08/maior-floresta-tropical-africana-perde.html ; Riquezas malditas - Davide Malacaria – http://www.30giorni.it/br/articolo_stampa.asp?id=20909 ; Ruanda crisis could expose US role in DRC genocide – Glen Ford – África Great Lakes Democracy Watch – http://greatlakesdemocracy.blogspot.com/2010/09/rwanda-crisis-could-expose-us-role-in.html
- (3) – Le flux d’armes à destination de l’est – Amnisty International – http://www.amnesty.org/en/library/asset/AFR62/006/2005/en/26fba74b-d4d2-11dd-8a23-d58a49c0d652/afr620062005fr.pdf ; New names surface as linked to Victor Bout – http://www.ruudleeuw.com/vbout29.htm ; Victor Bout - Wikipedia – http://en.wikipedia.org/wiki/Viktor_Bout ; Who is Victor Bout – Umoya – http://www.umoya.org/index.php?option=com_content&view=article&id=2913%3Awho-is-viktor-bout&catid=22%3Aactualidad-en-ingl&Itemid=42&lang=es
- (4) – O camaleão voraz que espreita todas as fragilizadas borboletas de África – Martinho Júnior – Página Um –
- (5) – The Rhodes Schollarships – http://www.rhodesscholar.org/ ; Wikipedia – http://en.wikipedia.org/wiki/Rhodes_Scholarship ; Lista dos Rhodeschollarships – http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_Rhodes_Scholars
- (6) – The Mandela Rhodes Schollarships – Building exceptional leadership in Africa – http://www.mandelarhodes.org/
- (7) – William Jeferson Clinton – Wikipedia – http://en.wikipedia.org/wiki/Bill_Clinton ; Thomas A. Shannon – Wikipedia – http://en.wikipedia.org/wiki/Thomas_A._Shannon,_Jr.
- (8) – Fome toma proporções inquietantes em países africanos – Africanidade – http://www.africanidade.com/articles/4233/1/Fome-toma-proporAAes-inquietantes-em-paAses-africanos/Paacutegina1.html ; World Hunger and Poverty Facts and Statistics 2010 – http://www.worldhunger.org/articles/Learn/world%20hunger%20facts%202002.htm ; World hunger – Stop the hunger – http://www.stopthehunger.com/
- (9) – UN report on rights violations in DR Congo to be released next month – http://www.un.org/apps/news/story.asp?NewsID=35801&Cr=democrafic&Cr1=congo ; Who was behind the Rwandan genocide –Christopher Black – Global Research – http://www.globalresearch.ca/PrintArticle.php?articleId=21030 ; Ruanda ainda luta pela democracia? – Sarah Boseley – Mail & Guardian – http://www.correiointernacional.com/?p=2853 ; Quem são os criminosos de Guerra? – O PRAVDA ilhéu – http://pravdailheu.blogs.sapo.pt/278034.html
- (10) – Mensagem de Fidel: en una Guerra nuclear el dano collateral seria la vida de la humanidad – Cubadebate – http://www.cubadebate.cu/fidel-castro-ruz/2010/10/21/mensaje-comandante-jefe-fidel-castro-contra-guerra-nuclear/comment-page-2/#comment-124998
- (11) – China’s roads in DRC: good, bad, or ugly? – China in Africa: the real story – http://www.chinaafricarealstory.com/2010/07/chinas-roads-in-drc-good-bad-or-ugly.html ; China’s rising role in Africa – Princeton N. Lyman – CFR – http://www.cfr.org/publication/8436/chinas_rising_role_in_africa.html ; China and the Congo Wars: AFRICOM. America's New Military Command – F. William Engdahl – Global Research – http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=11173
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