MARTINHO JÚNIOR
“O camaleão vai atrás da borboleta, permanece camuflado por muito tempo, para depois avançar lenta e gentilmente: primeiro coloca uma perna, depois outra. Por fim, quando menos se espera, ele lança o dardo de sua língua e a borboleta desaparece – a Inglaterra é o camaleão e eu sou a borboleta” – Rei Lobengula.
Muito provavelmente esta lição, transmitida pelo Rei Lobengula quando o Imperialismo Britânico dava início ao seu projecto avassalador pelo interior do Continente Africano, triturando todas as resistências que encontrou pelo caminho, é ainda hoje a lição mais fiel do destino das Nações Africanas face às conjunturas Capitalistas que se desencadearam a partir da Revolução Industrial, desde os finais do século XIX e tendo como marco histórico a Conferência de Berlim, realizada entre 1884 e 1885.
No princípio, o mapa Africano foi redesenhado, partilhado pelas Potências de então, fragmentado em função do Colonialismo, medido no espaço e no tempo do Continente, com os olhos postos nas suas imensas e ainda não exploradas riquezas, à custa da vida de seus Povos e de suas culturas, terrivelmente subjugados e o idealismo dum Cecil John Rhodes, servia inequívoca e expressamente aos processos de domínio sócio cultural Anglo-Saxónico, inibindo todas as outras possíveis alternativas, mesmo que elas se viessem a tornar suas subjacentes.
Naquela altura, em que o músculo humano passou a ser gradualmente substituído pela máquina, a conquista dos territórios do interior Africano, “do Cabo ao Cairo”, segundo a “grande ideia” Imperialista de Cecil John Rhodes, tornara-se na pedra de toque para quem comandava a economia e as finanças no Mundo e ao mesmo tempo, em função dos progressos tecnológicos, tornava óbvia a exploração cada vez mais desenfreada das imensas riquezas disponíveis do Continente, que serviam da matérias primas para a grande indústria e estabelecer o bem estar das Potências coloniais emergentes.
Passados pouco mais de cem anos, a nova Revolução Capitalista, fundamentalmente alicerçada em novas Tecnologias e nos progressos da Ciência, confirma praticamente os mesmos grupos tutores e mentores, ainda mais poderosos que antes e compondo um círculo mais restrito de interesses financeiros, num novo projecto, mais rendoso, até por que já não necessita de dominar fisicamente tantos territórios, bastando para o efeito a sua predominância no mercado e o exercício Hegemónico dum poder que se tem imposto Global, arregimentando a nível Regional e Nacional todos os seus automáticos servidores, aproveitando a ascensão das novas elites Africanas.
A síntese que marca o regresso em força, em nome da “Nova Era Global” de ideologias conservadoras e ultra conservadoras que provocam muitos lucros, pondo em causa extensivamente os equilíbrios sociais até agora tão duramente conquistados, foi fundamentalmente expressa por um grupo de professores de Chicago reunidos à volta da figura de Milton Friedman, linearmente com a seguinte doutrina:
“Vivemos uma fase extraordinária da história do Mundo. Depois de milénios de pobreza ele está a tornar-se rico. Isso foi obtido por que inventámos um motor eficaz, o Capitalismo e a livre Empresa, com um carburante super potente, o lucro e, se provocarmos ainda mais lucro, o sistema tornar-se-á ainda mais rentável. Desembaracemo-nos dos impostos, dos entraves ao mercado, que são os serviços públicos e a segurança social e as múltiplas regras que limitam os lucros que se podem acumular pela via das Empresas. Qualquer que seja a actividade em causa, o equilíbrio advém do mercado é, por si, o melhor possível e, qualquer que seja a intervenção pública, nada mais faz que o deteriorar”.
Tal como nos velhos tempos da Revolução Industrial, na “Nova Era Global”, com essa filosofia ultra conservadora, simplista e errónea, que promove os ganhos, provoca a baixa de impostos e a diminuição da influência do Estado, tem vindo a conquistar a adesão dos poderosos da economia e das finanças Mundiais em tempo “record”, arrastando consigo substratos importantes das sociedades consideradas mais Desenvolvidas (caso dos Estados Unidos, do Japão, da Europa Ocidental e na África Sub Sahariana, os elementos decisórios da África do Sul , “Nação Arco Íris”), enquanto os desgastes do desemprego, do sub emprego, da doença, da pobreza e dos impulsos no sentido das restrições à vida (inclusive no campo ambiental), não atingem as suas classes médias e os seus interesses.
O que acontecerá um dia quando essas classes médias, acomodadas ao sistema, conservadoras começarem também a registar as falências do sistema, como tem acontecido nas periferias económicas de menor sustentabilidade, como por exemplo, alguns Países da América Latina, tendo como expoente mais evidente a Argentina?
A aristocracia financeira Mundial para realizar o seu projecto no quadro da Revolução Industrial nos finais do século XIX e depois no quadro da nova Revolução Tecnológica e Científica nos finais do século XX, necessitava em relação a África de:
- Criar no arranque da sua perspectiva uma base económica e fisicamente consolidada de implantação no parte Austral do Continente pelo que, para esse efeito, estimulou o surgimento da União Sul Africana e, explorando suas linhas geo estratégicas de força, a expansão dos seus interesses até à Federação da Rodésia e Niassalândia e ao coração da África Central, à então colónia do Congo, território do Rei Balduíno, encadeando pouco a pouco todos os interesses no quadro das Potências coloniais como a Grã Bretanha, Portugal e a Bélgica, herdeira do Rei Balduíno.
Essa situação foi prevalecendo até à década de 70 do século XX e sofreu as alterações mais importantes, em resultado do Movimento de Libertação na África Sub Sahariana, até ao início da década de 90.
- Estabelecer uma evolução no miolo dessa geo estratégica que garantisse a vinculação, ao longo do século XX e princípios do século XXI, do essencial do poder segundo a óptica e a lógica Capitalista, (o poder económico e tendo como eixo a miríade de interesses articulados a partir do poderoso “lobby” dos minerais, tendo em conta a prioridade conferida para a exploração das riquezas naturais do Continente) mesmo que se tivesse que pôr fim aos regimes coloniais e ao execrável regime do “apartheid” e conferir espaço a uma mais aparente que real Democracia, com base na premissa de “um homem, um voto”, o que aliás garantia a ilusão duma maior Liberdade e Independência daqueles que estavam historicamente condenados a constituírem-se nos Países mais explorados do Planeta.
Esse encargo foi essencialmente garantido nos Estados Unidos pelo suporte histórico ao Partido Democrata e tiveram em alguns Presidentes, como John F. Kennedy e William J. Clinton, alguns dos seus principais mentores, em termos de relacionamentos para com a África Sub Sahariana e figuras como Maurice Tempelsman, ou os seguidores filosóficos de Cecil John Rhodes, os Oppenheimer, como alguns dos mais importantes “executivos”.
- Aproveitar a ascensão da Potência Hegemónica à escala Global a fim de melhor articular os interesses geo estratégicos no quadro dos “lobbies” da energia e das conexões de inteligência e de segurança, particularmente em relação às Regiões Africanas produtoras de petróleo na orla do Golfo da Guiné, determinando os processos e métodos de sua gestão, tendo em conta a evolução da situação noutras partes do Globo implicadas na produção do petróleo e, nesse sentido, jogando com oportunidade com a paz e a guerra no Continente. Esse encargo coube fundamentalmente aos suportes históricos do Partido Republicano e foram-se tornando decisivos nos relacionamentos para com África, com Ronald Reagan, George Bush (pai) e George Bush (filho, a actual Administração no poder). Algumas personalidades como Henry Kissinger, Chester Crocker, James Baker, Herman Cohen e Walter Kansteiner foram-se tornando nos seus principais “executivos”, assumindo o domínio dos principais processos que foram desencadeados a contento, chegando-se até aos actuais conceitos expressos pelo “Africa Oil Policy Innitiative Group” (“AOPIG”), pelo início do acesso e controlo da Bacia do Congo, bem como aos termos aplicáveis a África, por parte da Doutrina Bush.
- Estimular no quadro do projecto de Globalização o neo liberalismo Capitalista nos termos do grupo de Chicago, aproveitando os fenómenos de gestação das novas elites Africanas e tirando partido do fim do Colonialismo e da caducidade do “apartheid”, de forma a que todo o processo Africano lhe ficasse, “naturalmente”, seu subsidiário, ainda que à custa duma contínua fragilização sócio cultural de todos os Povos Africanos votados ao pântano cada vez mais pântano da marginalidade e do Subdesenvolvimento, em função da natureza artificiosa dos interesses omnipresentes em jogo, impostos pela via da Globalização.
A aristocracia financeira Mundial formada por Bancos de famílias tradicionais que cresceram com os progressos do Capitalismo, jogando em todas as frentes e latitudes, jogando com os mais importantes “lobbies” que sustentam as duas principais tendências políticas Norte Americanas, mesmo que houvessem condições de conflito ou de guerra onde quer que fosse, conseguiu com sua gestão secular passar do quadro típico da Revolução Industrial ao qual se referia a lição do Rei Lobengula, para a nova Revolução Tecnológica Contemporânea e, transferir a sua conduta das políticas coloniais típicas de controlo de imensos territórios e Povos, para as políticas de controlo extensivo do mercado Globalizado, quaisquer que fossem as bandeiras , com reflexos convulsivos ao longo de toda a década de 90 no Continente Africano, em especial na África Austral e Central, um processo aliás que não só não terminou, como tende a agravar-se à medida que os recursos naturais poderão tornar-se cada vez mais escassos, ou de mais difícil acesso e à medida que a água interior do Continente, cada vez mais escassa, se for tornando no bem mais precioso para a vida.
A base de sustentação dos novos fenómenos característicos dos processos de Globalização foram-se estabelecendo ao longo de todo o século XX nos Estados Unidos e tornaram-se possíveis a partir do momento que a economia e as finanças da ascendente Potência Hegemónica foram ficando irreversivelmente nas mãos dos credores privados constituídos na aristocracia financeira oriunda da Europa , os principais interessados no neo liberalismo e nas “novas tendências” da economia de mercado absorvendo, antes de quaisquer outros interessados, esse poder cada vez mais determinante e conservador.
Esse processo que foi estimulado por dentro da economia dos chamados Países Desenvolvidos tendo os Estados Unidos como centro de maior incidência e impacto, estimulou-se por dentro dos sistemas bancários capitalistas e atingiu cada vez mais o essencial das manipulações financeiras Internacionais, tornando-se muitas vezes opaca , em resultado dos autênticos “biombos” que foram constituindo os próprios Bancos das poderosas famílias, a realidade geográfica dos Continentes (a Europa não escapa a essa regra conforme atesta a “ilha” Suiça), as iniciativas e os seus resultados muitos dos quais foram cuidadosamente sendo mantidos pouco conhecidos pelo grande público.
Efectivamente as políticas relativas aos preços das matérias primas, ou aquelas que conduziam ao endividamento contínuo dos Países em vias de Desenvolvimento, foram apenas aqueles resultados mais conhecidos e até mais denunciados, mas nas Potências Capitalistas os incentivos aos processos característicos das Democracias ditas Representativas funcionaram às mil maravilhas para esconder os cada vez mais enfáticos métodos de controlo do poder económico, financeiro e sócio cultural, por um punhado de poderosos grupos de famílias, ao mesmo tempo que um eficiente neo colonialismo cultural, de raiz Anglo Saxónica, a cavalo nos interesses que deram essencialmente substância ao Imperialismo Britânico dos anos da Revolução Industrial, se foi distendendo “imperioso” com os fenómenos da própria Globalização.
Enquanto o poder dessa aristocracia se reforçava nas bases filosóficas das culturas judaico – cristãs, Anglo Saxónicas, recorrendo a ideias ultra conservadoras e a lógicas próprias da Idade Média, todo um processo controlado de desinformação foi elaboradamente sendo posto em prática, cuidando de manter longe do conhecimento da maioria dos habitantes da Terra o percurso cada vez mais perigoso do Capitalismo, tendo como argumento o sentido da irreversibilidade da concentração desse poder, no fundo o fosso que se abre cada vez mais, entre um punhado cada vez mais reduzido de poderosos, ricos e omnipresentes e a restante Humanidade em grande parte entregue aos mais candentes problemas de luta pela sobrevivência e completamente manipulada (ao ponto de não medrar qualquer ideia considerada de esquerda, ou mesmo de Nacionalista nas Nações-alvo dessa ofensiva).
As desigualdades foram crescendo e atingindo uma escala sem paralelo, sem precedentes e, à medida que o fosso entre os ricos e os pobres foi aumentando, as leis características do Capitalismo mercantilista neo liberal estão a tornar cada vez mais insuportáveis as condições de sobrevivência dessa parte da Humanidade em relação à qual o exercício das novas Tecnologias e os progressos da Ciência, se tornaram determinantes na envolvência do avassalador domínio , no quadro da “Nova Era Global”, sem melhor ideologia que aquela que é ostentada pelo poder acumulado das elites conservadoras, em alguns casos ultra conservadoras, em ascensão e o efectivo estado de escravização da multidão.
A África Austral e Central foi assistindo ao longo da década de 90 , ao exacerbar dessas situações anacrónicas :
Enquanto o poderoso “lobby” dos minerais integrando o cartel tradicional de diamantes procurava no quadro dos Países da “Commonwealth” e da SADC capacidades para se fortalecer e ao seu papel no espaço geo estratégico da Região, ainda que a África do Sul começasse a sua fase decadente no fornecimento de matérias primas como o ouro, a platina e os diamantes, as transformações então iniciadas que estão a colocar às latitudes da África Austral e Central o Botswana como charneira de toda a sua manobra, provocaram através de autênticas guerras de rapina o colapso sistemático de Países como o Uganda, o Ruanda, o Zaire – Congo e Angola.
A História Contemporânea desses Países e desses Povos, alguns dos quais haviam suportado estoicamente os sacrifícios impostos por penosos esforços em prol da Libertação e da Independência, tem sido alvo das mais severas manipulações voltadas para o desencadear duma multiplicidade sincronizada de objectivos funcionais que deverão prevalecer a curto, médio e longo prazos, de acordo com o modelo de Globalização que vigora, (após uma década de guerras devastadoras), a ser persuasivamente imposto sem outras alternativas:
- Obter as capacidades ideais e mais rentáveis de acesso às riquezas naturais incentivando as procurações de seus agentes no sentido de promover artificiosos, manipulados e manipuladores conflitos e, com isso, fortalecer o papel financeiro no quadro de domínio da corrente Globalização por parte da aristocracia financeira Mundial com todas as vias à sua disposição, particularmente aquelas que lhe foram tradicionalmente fieis .
- Neutralizar por dentro os restos do Movimento de Libertação, particularmente após o colapso do regime do “apartheid”, esvaziando-o do seu sentido programático a médio e longo prazo pela via da reciclagem do modelo económico e financeiro Capitalista e inibindo por completo o que restou do Movimento de Libertação na sua capacidade de mobilização humana nos termos que dão acesso a políticas sociais revitalizadoras (reduzindo através da economia de mercado Globalizado e neo liberal o papel dos substratos sociais de base a meros clientes potenciais do sistema, à espera do seu alargamento e da distribuição dos acessos às novas Tecnologias e Ciências, conforme as conveniências dos ricos e dos poderosos da Terra).
- Introduzir tão profundamente a lógica neo liberal Capitalista de forma a, através das economias de mercado, manipular as elites Nacionais e colocá-las , pela via dum processo Democrático perverso e pervertido, (que apresentando a aparência de “um homem , um voto” , na realidade é uma “ascendente” manipulação dos ricos), ao dispor do essencial dos seus interesses e marginalizando do enquadramento do poder as enormes massas de deserdados, nem que para tal se tivesse de passar pela destruição das estruturas e infra estruturas de Países-alvo, culturalmente fragilizados e dependentes, como os casos do Congo e de Angola.
As guerras que eclodiram na África Central e Austral ao longo da década de 90 do século XX, foram essencialmente guerras que resultaram de manipulações com sinal destrutivo em Países culturalmente identificados com as expressões latinas a Norte da SADC, enquanto sincronizadamente as manipulações de sinal construtivo foram sendo incentivadas nos Países de expressão cultural Anglo-Saxónica a Sul da SADC e tendo o Botswana como a base de expansão para os projectos do corrente século, levando em consideração o acesso às riquezas naturais do Continente tão essencial para quem tutela os poderes desta Globalização.
Em qualquer dos casos foram alternadamente os “lobbies” que correspondem aos suportes do Partido Republicano (energia, armamento e segurança) e do Partido Democrata (minerais e cartel tradicional do ouro, platina e diamantes) dos Estados Unidos que acabaram por jogar alguns dos papeis mais decisivos e, tirando partido do fim do Movimento de Libertação, desencadearam os convulsivos processos de transformação dos Países dos Grandes Lagos , do Congo e de Angola , precisamente os Países com maioria cultural de expressão latina na África Sub Sahariana, em função de suas próprias raízes históricas e sócio-culturais.
Assumir a consciência histórica da evolução desse tenebroso processo cujos resultados são aliás, a título de exemplo, profundamente espelhados nos sucessivos Relatórios do “PNUD” que ajudam a identificar um autêntico “apartheid” político e sócio-cultural que se impõe no miolo das economias de mercado Contemporâneas na África Austral, é um dever para aqueles que com os óculos dos Países do Sul , em estado de Subdesenvolvimento crónico, assumem a necessidade premente de alterar o actual quadro que nos traz esta Globalização: o aumento em ordem geométrica do fosso entre um cada vez mais diminuto grupo que detém o acesso às riquezas e o poder Global e aqueles que têm sido condenados às Leis mais execráveis, impostas pela via dum anacrónico Subdesenvolvimento que se arrasta desde os tempos em que a África foi sujeita à Escravatura e ao Colonialismo e sem que hoje se vislumbrem de fact, apesar dos progressos da Tecnologia e da Ciência, melhores alternativas.
“O camaleão vai atrás da borboleta, permanece camuflado por muito tempo, para depois avançar lenta e gentilmente: primeiro coloca uma perna, depois outra. Por fim quando menos se espera ele lança o dardo de sua língua e a borboleta desaparece”.
A esse aproveitamento das palavras do Rei Lobengula , podemos hoje reinterpretar actualizando a sua lição: “a cultura Anglo-Saxónica, no seu relacionamento com as outras culturas, por via desta Globalização, substituiu a Inglaterra enquanto camaleão e cada um dos Países mais Subdesenvolvidos da África Austral, particularmente os que possuem culturas de raiz latina, tendo como referência a centenária Conferência de Berlim, são a mais apetitosa borboleta que os tutores e mentores desta Globalização poderiam desejar”.
Sem dúvida que podemos hoje ainda afirmar como o primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto e isto apesar do fim do Colonialismo e do “apartheid”:
“A África é um corpo inerte, onde cada abutre vem depenicar o seu pedaço”.
Nota:
Artigo publicado no último número do ACTUAL, o nº 419, surgido em Novembro de 2004.
Foi também publicado no Página Um Blogspot - pagina-um.blogspot.com/.../globalizacao-o-camaleao-voraz.html – edição retirada da Internet e substituída pela presente.
O artigo continua a ser oportuno.
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“O camaleão vai atrás da borboleta, permanece camuflado por muito tempo, para depois avançar lenta e gentilmente: primeiro coloca uma perna, depois outra. Por fim, quando menos se espera, ele lança o dardo de sua língua e a borboleta desaparece – a Inglaterra é o camaleão e eu sou a borboleta” – Rei Lobengula.
Muito provavelmente esta lição, transmitida pelo Rei Lobengula quando o Imperialismo Britânico dava início ao seu projecto avassalador pelo interior do Continente Africano, triturando todas as resistências que encontrou pelo caminho, é ainda hoje a lição mais fiel do destino das Nações Africanas face às conjunturas Capitalistas que se desencadearam a partir da Revolução Industrial, desde os finais do século XIX e tendo como marco histórico a Conferência de Berlim, realizada entre 1884 e 1885.
No princípio, o mapa Africano foi redesenhado, partilhado pelas Potências de então, fragmentado em função do Colonialismo, medido no espaço e no tempo do Continente, com os olhos postos nas suas imensas e ainda não exploradas riquezas, à custa da vida de seus Povos e de suas culturas, terrivelmente subjugados e o idealismo dum Cecil John Rhodes, servia inequívoca e expressamente aos processos de domínio sócio cultural Anglo-Saxónico, inibindo todas as outras possíveis alternativas, mesmo que elas se viessem a tornar suas subjacentes.
Naquela altura, em que o músculo humano passou a ser gradualmente substituído pela máquina, a conquista dos territórios do interior Africano, “do Cabo ao Cairo”, segundo a “grande ideia” Imperialista de Cecil John Rhodes, tornara-se na pedra de toque para quem comandava a economia e as finanças no Mundo e ao mesmo tempo, em função dos progressos tecnológicos, tornava óbvia a exploração cada vez mais desenfreada das imensas riquezas disponíveis do Continente, que serviam da matérias primas para a grande indústria e estabelecer o bem estar das Potências coloniais emergentes.
Passados pouco mais de cem anos, a nova Revolução Capitalista, fundamentalmente alicerçada em novas Tecnologias e nos progressos da Ciência, confirma praticamente os mesmos grupos tutores e mentores, ainda mais poderosos que antes e compondo um círculo mais restrito de interesses financeiros, num novo projecto, mais rendoso, até por que já não necessita de dominar fisicamente tantos territórios, bastando para o efeito a sua predominância no mercado e o exercício Hegemónico dum poder que se tem imposto Global, arregimentando a nível Regional e Nacional todos os seus automáticos servidores, aproveitando a ascensão das novas elites Africanas.
A síntese que marca o regresso em força, em nome da “Nova Era Global” de ideologias conservadoras e ultra conservadoras que provocam muitos lucros, pondo em causa extensivamente os equilíbrios sociais até agora tão duramente conquistados, foi fundamentalmente expressa por um grupo de professores de Chicago reunidos à volta da figura de Milton Friedman, linearmente com a seguinte doutrina:
“Vivemos uma fase extraordinária da história do Mundo. Depois de milénios de pobreza ele está a tornar-se rico. Isso foi obtido por que inventámos um motor eficaz, o Capitalismo e a livre Empresa, com um carburante super potente, o lucro e, se provocarmos ainda mais lucro, o sistema tornar-se-á ainda mais rentável. Desembaracemo-nos dos impostos, dos entraves ao mercado, que são os serviços públicos e a segurança social e as múltiplas regras que limitam os lucros que se podem acumular pela via das Empresas. Qualquer que seja a actividade em causa, o equilíbrio advém do mercado é, por si, o melhor possível e, qualquer que seja a intervenção pública, nada mais faz que o deteriorar”.
Tal como nos velhos tempos da Revolução Industrial, na “Nova Era Global”, com essa filosofia ultra conservadora, simplista e errónea, que promove os ganhos, provoca a baixa de impostos e a diminuição da influência do Estado, tem vindo a conquistar a adesão dos poderosos da economia e das finanças Mundiais em tempo “record”, arrastando consigo substratos importantes das sociedades consideradas mais Desenvolvidas (caso dos Estados Unidos, do Japão, da Europa Ocidental e na África Sub Sahariana, os elementos decisórios da África do Sul , “Nação Arco Íris”), enquanto os desgastes do desemprego, do sub emprego, da doença, da pobreza e dos impulsos no sentido das restrições à vida (inclusive no campo ambiental), não atingem as suas classes médias e os seus interesses.
O que acontecerá um dia quando essas classes médias, acomodadas ao sistema, conservadoras começarem também a registar as falências do sistema, como tem acontecido nas periferias económicas de menor sustentabilidade, como por exemplo, alguns Países da América Latina, tendo como expoente mais evidente a Argentina?
A aristocracia financeira Mundial para realizar o seu projecto no quadro da Revolução Industrial nos finais do século XIX e depois no quadro da nova Revolução Tecnológica e Científica nos finais do século XX, necessitava em relação a África de:
- Criar no arranque da sua perspectiva uma base económica e fisicamente consolidada de implantação no parte Austral do Continente pelo que, para esse efeito, estimulou o surgimento da União Sul Africana e, explorando suas linhas geo estratégicas de força, a expansão dos seus interesses até à Federação da Rodésia e Niassalândia e ao coração da África Central, à então colónia do Congo, território do Rei Balduíno, encadeando pouco a pouco todos os interesses no quadro das Potências coloniais como a Grã Bretanha, Portugal e a Bélgica, herdeira do Rei Balduíno.
Essa situação foi prevalecendo até à década de 70 do século XX e sofreu as alterações mais importantes, em resultado do Movimento de Libertação na África Sub Sahariana, até ao início da década de 90.
- Estabelecer uma evolução no miolo dessa geo estratégica que garantisse a vinculação, ao longo do século XX e princípios do século XXI, do essencial do poder segundo a óptica e a lógica Capitalista, (o poder económico e tendo como eixo a miríade de interesses articulados a partir do poderoso “lobby” dos minerais, tendo em conta a prioridade conferida para a exploração das riquezas naturais do Continente) mesmo que se tivesse que pôr fim aos regimes coloniais e ao execrável regime do “apartheid” e conferir espaço a uma mais aparente que real Democracia, com base na premissa de “um homem, um voto”, o que aliás garantia a ilusão duma maior Liberdade e Independência daqueles que estavam historicamente condenados a constituírem-se nos Países mais explorados do Planeta.
Esse encargo foi essencialmente garantido nos Estados Unidos pelo suporte histórico ao Partido Democrata e tiveram em alguns Presidentes, como John F. Kennedy e William J. Clinton, alguns dos seus principais mentores, em termos de relacionamentos para com a África Sub Sahariana e figuras como Maurice Tempelsman, ou os seguidores filosóficos de Cecil John Rhodes, os Oppenheimer, como alguns dos mais importantes “executivos”.
- Aproveitar a ascensão da Potência Hegemónica à escala Global a fim de melhor articular os interesses geo estratégicos no quadro dos “lobbies” da energia e das conexões de inteligência e de segurança, particularmente em relação às Regiões Africanas produtoras de petróleo na orla do Golfo da Guiné, determinando os processos e métodos de sua gestão, tendo em conta a evolução da situação noutras partes do Globo implicadas na produção do petróleo e, nesse sentido, jogando com oportunidade com a paz e a guerra no Continente. Esse encargo coube fundamentalmente aos suportes históricos do Partido Republicano e foram-se tornando decisivos nos relacionamentos para com África, com Ronald Reagan, George Bush (pai) e George Bush (filho, a actual Administração no poder). Algumas personalidades como Henry Kissinger, Chester Crocker, James Baker, Herman Cohen e Walter Kansteiner foram-se tornando nos seus principais “executivos”, assumindo o domínio dos principais processos que foram desencadeados a contento, chegando-se até aos actuais conceitos expressos pelo “Africa Oil Policy Innitiative Group” (“AOPIG”), pelo início do acesso e controlo da Bacia do Congo, bem como aos termos aplicáveis a África, por parte da Doutrina Bush.
- Estimular no quadro do projecto de Globalização o neo liberalismo Capitalista nos termos do grupo de Chicago, aproveitando os fenómenos de gestação das novas elites Africanas e tirando partido do fim do Colonialismo e da caducidade do “apartheid”, de forma a que todo o processo Africano lhe ficasse, “naturalmente”, seu subsidiário, ainda que à custa duma contínua fragilização sócio cultural de todos os Povos Africanos votados ao pântano cada vez mais pântano da marginalidade e do Subdesenvolvimento, em função da natureza artificiosa dos interesses omnipresentes em jogo, impostos pela via da Globalização.
A aristocracia financeira Mundial formada por Bancos de famílias tradicionais que cresceram com os progressos do Capitalismo, jogando em todas as frentes e latitudes, jogando com os mais importantes “lobbies” que sustentam as duas principais tendências políticas Norte Americanas, mesmo que houvessem condições de conflito ou de guerra onde quer que fosse, conseguiu com sua gestão secular passar do quadro típico da Revolução Industrial ao qual se referia a lição do Rei Lobengula, para a nova Revolução Tecnológica Contemporânea e, transferir a sua conduta das políticas coloniais típicas de controlo de imensos territórios e Povos, para as políticas de controlo extensivo do mercado Globalizado, quaisquer que fossem as bandeiras , com reflexos convulsivos ao longo de toda a década de 90 no Continente Africano, em especial na África Austral e Central, um processo aliás que não só não terminou, como tende a agravar-se à medida que os recursos naturais poderão tornar-se cada vez mais escassos, ou de mais difícil acesso e à medida que a água interior do Continente, cada vez mais escassa, se for tornando no bem mais precioso para a vida.
A base de sustentação dos novos fenómenos característicos dos processos de Globalização foram-se estabelecendo ao longo de todo o século XX nos Estados Unidos e tornaram-se possíveis a partir do momento que a economia e as finanças da ascendente Potência Hegemónica foram ficando irreversivelmente nas mãos dos credores privados constituídos na aristocracia financeira oriunda da Europa , os principais interessados no neo liberalismo e nas “novas tendências” da economia de mercado absorvendo, antes de quaisquer outros interessados, esse poder cada vez mais determinante e conservador.
Esse processo que foi estimulado por dentro da economia dos chamados Países Desenvolvidos tendo os Estados Unidos como centro de maior incidência e impacto, estimulou-se por dentro dos sistemas bancários capitalistas e atingiu cada vez mais o essencial das manipulações financeiras Internacionais, tornando-se muitas vezes opaca , em resultado dos autênticos “biombos” que foram constituindo os próprios Bancos das poderosas famílias, a realidade geográfica dos Continentes (a Europa não escapa a essa regra conforme atesta a “ilha” Suiça), as iniciativas e os seus resultados muitos dos quais foram cuidadosamente sendo mantidos pouco conhecidos pelo grande público.
Efectivamente as políticas relativas aos preços das matérias primas, ou aquelas que conduziam ao endividamento contínuo dos Países em vias de Desenvolvimento, foram apenas aqueles resultados mais conhecidos e até mais denunciados, mas nas Potências Capitalistas os incentivos aos processos característicos das Democracias ditas Representativas funcionaram às mil maravilhas para esconder os cada vez mais enfáticos métodos de controlo do poder económico, financeiro e sócio cultural, por um punhado de poderosos grupos de famílias, ao mesmo tempo que um eficiente neo colonialismo cultural, de raiz Anglo Saxónica, a cavalo nos interesses que deram essencialmente substância ao Imperialismo Britânico dos anos da Revolução Industrial, se foi distendendo “imperioso” com os fenómenos da própria Globalização.
Enquanto o poder dessa aristocracia se reforçava nas bases filosóficas das culturas judaico – cristãs, Anglo Saxónicas, recorrendo a ideias ultra conservadoras e a lógicas próprias da Idade Média, todo um processo controlado de desinformação foi elaboradamente sendo posto em prática, cuidando de manter longe do conhecimento da maioria dos habitantes da Terra o percurso cada vez mais perigoso do Capitalismo, tendo como argumento o sentido da irreversibilidade da concentração desse poder, no fundo o fosso que se abre cada vez mais, entre um punhado cada vez mais reduzido de poderosos, ricos e omnipresentes e a restante Humanidade em grande parte entregue aos mais candentes problemas de luta pela sobrevivência e completamente manipulada (ao ponto de não medrar qualquer ideia considerada de esquerda, ou mesmo de Nacionalista nas Nações-alvo dessa ofensiva).
As desigualdades foram crescendo e atingindo uma escala sem paralelo, sem precedentes e, à medida que o fosso entre os ricos e os pobres foi aumentando, as leis características do Capitalismo mercantilista neo liberal estão a tornar cada vez mais insuportáveis as condições de sobrevivência dessa parte da Humanidade em relação à qual o exercício das novas Tecnologias e os progressos da Ciência, se tornaram determinantes na envolvência do avassalador domínio , no quadro da “Nova Era Global”, sem melhor ideologia que aquela que é ostentada pelo poder acumulado das elites conservadoras, em alguns casos ultra conservadoras, em ascensão e o efectivo estado de escravização da multidão.
A África Austral e Central foi assistindo ao longo da década de 90 , ao exacerbar dessas situações anacrónicas :
Enquanto o poderoso “lobby” dos minerais integrando o cartel tradicional de diamantes procurava no quadro dos Países da “Commonwealth” e da SADC capacidades para se fortalecer e ao seu papel no espaço geo estratégico da Região, ainda que a África do Sul começasse a sua fase decadente no fornecimento de matérias primas como o ouro, a platina e os diamantes, as transformações então iniciadas que estão a colocar às latitudes da África Austral e Central o Botswana como charneira de toda a sua manobra, provocaram através de autênticas guerras de rapina o colapso sistemático de Países como o Uganda, o Ruanda, o Zaire – Congo e Angola.
A História Contemporânea desses Países e desses Povos, alguns dos quais haviam suportado estoicamente os sacrifícios impostos por penosos esforços em prol da Libertação e da Independência, tem sido alvo das mais severas manipulações voltadas para o desencadear duma multiplicidade sincronizada de objectivos funcionais que deverão prevalecer a curto, médio e longo prazos, de acordo com o modelo de Globalização que vigora, (após uma década de guerras devastadoras), a ser persuasivamente imposto sem outras alternativas:
- Obter as capacidades ideais e mais rentáveis de acesso às riquezas naturais incentivando as procurações de seus agentes no sentido de promover artificiosos, manipulados e manipuladores conflitos e, com isso, fortalecer o papel financeiro no quadro de domínio da corrente Globalização por parte da aristocracia financeira Mundial com todas as vias à sua disposição, particularmente aquelas que lhe foram tradicionalmente fieis .
- Neutralizar por dentro os restos do Movimento de Libertação, particularmente após o colapso do regime do “apartheid”, esvaziando-o do seu sentido programático a médio e longo prazo pela via da reciclagem do modelo económico e financeiro Capitalista e inibindo por completo o que restou do Movimento de Libertação na sua capacidade de mobilização humana nos termos que dão acesso a políticas sociais revitalizadoras (reduzindo através da economia de mercado Globalizado e neo liberal o papel dos substratos sociais de base a meros clientes potenciais do sistema, à espera do seu alargamento e da distribuição dos acessos às novas Tecnologias e Ciências, conforme as conveniências dos ricos e dos poderosos da Terra).
- Introduzir tão profundamente a lógica neo liberal Capitalista de forma a, através das economias de mercado, manipular as elites Nacionais e colocá-las , pela via dum processo Democrático perverso e pervertido, (que apresentando a aparência de “um homem , um voto” , na realidade é uma “ascendente” manipulação dos ricos), ao dispor do essencial dos seus interesses e marginalizando do enquadramento do poder as enormes massas de deserdados, nem que para tal se tivesse de passar pela destruição das estruturas e infra estruturas de Países-alvo, culturalmente fragilizados e dependentes, como os casos do Congo e de Angola.
As guerras que eclodiram na África Central e Austral ao longo da década de 90 do século XX, foram essencialmente guerras que resultaram de manipulações com sinal destrutivo em Países culturalmente identificados com as expressões latinas a Norte da SADC, enquanto sincronizadamente as manipulações de sinal construtivo foram sendo incentivadas nos Países de expressão cultural Anglo-Saxónica a Sul da SADC e tendo o Botswana como a base de expansão para os projectos do corrente século, levando em consideração o acesso às riquezas naturais do Continente tão essencial para quem tutela os poderes desta Globalização.
Em qualquer dos casos foram alternadamente os “lobbies” que correspondem aos suportes do Partido Republicano (energia, armamento e segurança) e do Partido Democrata (minerais e cartel tradicional do ouro, platina e diamantes) dos Estados Unidos que acabaram por jogar alguns dos papeis mais decisivos e, tirando partido do fim do Movimento de Libertação, desencadearam os convulsivos processos de transformação dos Países dos Grandes Lagos , do Congo e de Angola , precisamente os Países com maioria cultural de expressão latina na África Sub Sahariana, em função de suas próprias raízes históricas e sócio-culturais.
Assumir a consciência histórica da evolução desse tenebroso processo cujos resultados são aliás, a título de exemplo, profundamente espelhados nos sucessivos Relatórios do “PNUD” que ajudam a identificar um autêntico “apartheid” político e sócio-cultural que se impõe no miolo das economias de mercado Contemporâneas na África Austral, é um dever para aqueles que com os óculos dos Países do Sul , em estado de Subdesenvolvimento crónico, assumem a necessidade premente de alterar o actual quadro que nos traz esta Globalização: o aumento em ordem geométrica do fosso entre um cada vez mais diminuto grupo que detém o acesso às riquezas e o poder Global e aqueles que têm sido condenados às Leis mais execráveis, impostas pela via dum anacrónico Subdesenvolvimento que se arrasta desde os tempos em que a África foi sujeita à Escravatura e ao Colonialismo e sem que hoje se vislumbrem de fact, apesar dos progressos da Tecnologia e da Ciência, melhores alternativas.
“O camaleão vai atrás da borboleta, permanece camuflado por muito tempo, para depois avançar lenta e gentilmente: primeiro coloca uma perna, depois outra. Por fim quando menos se espera ele lança o dardo de sua língua e a borboleta desaparece”.
A esse aproveitamento das palavras do Rei Lobengula , podemos hoje reinterpretar actualizando a sua lição: “a cultura Anglo-Saxónica, no seu relacionamento com as outras culturas, por via desta Globalização, substituiu a Inglaterra enquanto camaleão e cada um dos Países mais Subdesenvolvidos da África Austral, particularmente os que possuem culturas de raiz latina, tendo como referência a centenária Conferência de Berlim, são a mais apetitosa borboleta que os tutores e mentores desta Globalização poderiam desejar”.
Sem dúvida que podemos hoje ainda afirmar como o primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto e isto apesar do fim do Colonialismo e do “apartheid”:
“A África é um corpo inerte, onde cada abutre vem depenicar o seu pedaço”.
Nota:
Artigo publicado no último número do ACTUAL, o nº 419, surgido em Novembro de 2004.
Foi também publicado no Página Um Blogspot - pagina-um.blogspot.com/.../globalizacao-o-camaleao-voraz.html – edição retirada da Internet e substituída pela presente.
O artigo continua a ser oportuno.
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1 comentário:
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