
ORLANDO CASTRO - NOTÍCIAS LUSÓFONAS
Quanto mais lhe batem mais ele parece gostar. São um povo imbecilizado e resignado, incapaz de um mostrar de dentes ou a energia dum coice. E é disso que os donos do poder gostam
O primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, afirmou hoje que só agora tomou medidas de corte de salários e de novos aumentos de impostos quando entendeu em consciência que não lhe restava qualquer outra alternativa. Os 700 mil desempregados, os 20 por cento de pobres e os outros 20 por cento que têm a pobreza a bater à porta agradecem, embora de barriga vazia, a simpatia de José Sócrates.
Quanto mais lhe batem mais ele parece gostar. São um povo imbecilizado e resignado, incapaz de um mostrar de dentes ou a energia dum coice. E é disso que os donos do poder gostam
O primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, afirmou hoje que só agora tomou medidas de corte de salários e de novos aumentos de impostos quando entendeu em consciência que não lhe restava qualquer outra alternativa. Os 700 mil desempregados, os 20 por cento de pobres e os outros 20 por cento que têm a pobreza a bater à porta agradecem, embora de barriga vazia, a simpatia de José Sócrates.
Citando Eça de Queiroz, os portugueses continuam a ser um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes ou a energia dum coice.
E, é claro, José Sócrates e os seus companheiros de aventura que vão aprovar o Orçamento de Estado, caso do PSD, sabem que os portugueses são mesmo assim, mesmo quando já estão sem a corda no pescoço... por já não terem pescoço.
Sócrates & companhia sabem que o povo já nem com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; que está em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo que sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
José Sócrates & companhia sabem também que – continuemos com Eça de Queiroz – em Portugal existe uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
José Sócrates & companhia sabem que o poder legislativo é esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
PS e PSD, como bem sabem José Sócrates e Passos Coelho, são dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.
De concreto, todos os portugueses (a esmagadora maioria) que já não usam cinto (a tanga não precisa) sabem que José Sócrates & restante companhia social-democrata, são fuba do mesmo saco, são pares no tango que põe o país de tanga, que gostam – com tonalidades muito similares – de gozar com a chipala dos portugueses, julgado que todos eles são matumbos.
"O que temos hoje no país é impostos a mais, endividamento a mais, despesa pública a mais, riqueza a menos, poder de compra a menos, dificuldades a mais para as famílias e para as empresas", declarou recentemente (Julho deste ano) o líder parlamentar do PSD, Miguel Macedo, durante o debate do (mau) “Estado da Nação”, no Parlamento.
Tudo isto é verdade. Mas o que o país precisa não é de diagnósticos do PSD ou placebos do PS, ou de diagnósticos do PS e placebos do PSD. Precisa de tratamento eficaz e, pelo andar da carruagem, não parece existir no reino lusitano quem seja capaz de passar das palavras à acção.
O PSD tem garganta suficiente para ir dizendo algumas verdades mas, até agora, apresenta-se como um partido castrado ou, pelo menos, detentor de tomates amovíveis. Sendo que a maior parte das vezes os deixa na gaveta, tal como Mário Soares deixou o socialismo.
"Desculpe que lhe diga, senhor primeiro-ministro, está a insultar a dificuldade de 600 mil portugueses que estão no desemprego", disse na altura o líder parlamentar do PSD, acusando José Sócrates de ter demonstrado "insensibilidade social e de autismo político" e de ter feito uma intervenção de quem vive no "país da fantasia".
Mais uma vez o PSD esquece-se que ladrão tanto é o que entra em casa como o que fica à porta. E em Portugal, nesta fase, é o PS quem entra na casa dos portugueses, mas quem fica à porta é o PSD. Tem sido assim, alternadamente ou não, que o país tem sido (des)governado nas últimas décadas.
Segundo o líder parlamentar do PSD, "os portugueses hoje não vivem melhor depois de cinco anos de Governo socialista" e Portugal é "um país com mais pobres, mais excluídos e mais desigualdades", ao contrário do que alegou o primeiro-ministro.
Só faltou dizer que os portugueses que estão a aprender a viver sem comer são cidadãos de terceira. De primeira, e sem esses problemas, são os do PS, de segunda e também sem grandes problemas são os do PSD, e os de terceira são todos aqueles que trabalham, todos os que pensam pela sua própria cabeça e que não têm nem coluna vertebral nem tomates amovíveis.
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