sábado, 23 de outubro de 2010

SORRIA. ESTÁ A SER ROUBADO! (XI)

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ORLANDO CASTRO, jornalista – NOTÍCIAS LUSÓFONAS

O dirigente do PSD, Miguel Relvas, considerou no passado dia 7 de Julho, reagindo a criticas do PS, que a política não pode “baixar de nível” insistindo que os políticos portugueses devem dar uma melhor imagem, mesmo em situações de “desespero”. Será essa a imagem que deu Agostinho Branquinho, deputado do PSD, ao aceitar a Oferta Pública de Aquisição (OPA) da Ongoing?

É certo que os políticos portugueses dão o que têm. E quem dá o que tem a mais não é obrigado. E se não têm nem imagem, nem conteúdo, nem honorabilidade... o bacanal vai continuar.

“A política não pode baixar a um nível mesmo que o desespero o justifique. É altura do PS regressar à tranquilidade e naturalidade que a vida pública exige a um partido que alinda tem responsabilidades de governo”, afirmou na altura Miguel Relvas à Lusa em Navacerra, Espanha.

“A vida pública tem que manter um certo nível de educação e de equilíbrio em que os responsáveis públicos devem medir as palavras”, acrescentou o dirigente do PSD. Só as palavras ou também os actos?

De facto, a OPA sobre Agostinho Branquinho, considerado um especialista do PSD em matéria de comunicação social, mostra que é opaca, ou inexistente, a suposta transparência entre a política, os negócios, a comunicação social e a prostituição.

Reconheço, contudo, que há OPAs que são irresistíveis. De joelhos, de cócoras, com a mão, com a boca, de pé ou na horizontal... é o reino lusitano no seu melhor.

É evidente que nesta questão prostibular o mercado é global e cada um ajoelha-se perante quem quer. E a cada dia que passa sucedem-se os exemplos que demonstram que, no fim de contas, o que importa é o dinheiro, seja ele conseguido da forma que for (de joelhos, de cócoras, com a mão, com a boca, de pé ou na horizontal).

Já não sei o que é mais grave. Se um deputado que rouba gravadores aos jornalistas; se um primeiro-ministro que diz a um deputado: "Manso é a tua tia, pá!"; se um ministro que faz uns cornos para um deputado, se um Parlamento onde se fala de “espionagem política”, “sujeira”, “coscuvilhice”, “política de fechadura”, ou um deputado que aceita uma OPA deste género.

Agostinho Branquinho foi relator da comissão de inquérito à actuação do Governo na tentativa de compra da TVI pela PT – na qual foram ouvidos administradores da Ongoing, grupo que falhou a compra de uma participação minoritária na Media Capital.

Na altura, Agostinho Branquinho disse que as publicações da Ongoing tinham uma natureza editorial que sustentava posições próximas do Governo. Tão próximas do Governo que, agora, a Ongoing contrata o deputado do PSD. O bacanal está cada vez a baixar mais de nível.

Questionado pelos jornalistas no Parlamento sobre se considera existir algum problema ético, uma vez que a Ongoing foi uma das empresas visadas na comissão de inquérito sobre o negócio da TVI, o deputado recusou a ideia de existir qualquer conflito e sublinhou existir total “lisura e transparência” neste processo.

Se isto é “lisura e transparência”, José Sócrates é o melhor governante de sempre e a maior puta à face da terra é a mulher mais séria e honesta do mundo.

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