ORLANDO CASTRO, jornalista – NOTÍCIAS LUSÓFONAS
É parecido com o Período Revolucionário em Curso (PREC) mas, no âmbito do Simplex, passou a chamar-se Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC). Nas suas várias versões, das quais a mais recente é o próprio Orçamento do Estado socialista de Portugal, o P(R)EC de José Sócrates tem duas variantes incontestáveis: estabilidade (para os socialistas e seus acólitos) e crescimento (para os socialistas e seus acólitos). Já não é mau... para eles.
Um paradigma de todos estes P(R)EC é que foram apresentados como sendo a obra-prima do mestre (Sócrates), embora vistos e sentidos pelos portugueses de segunda (os que não são socialistas) como a prima do mestre de obras que, mesmo assim, também ela é, pelo sim e pelo não, socialista.
E por falar no P(R)EC socialista, ainda se lembram de uma coisita chamada “Face Oculta”? Ainda se lembram que Pedro Silva Pereira reagiu então (12 de Fevereiro deste ano) à notícia do semanário "Sol" que dava conta de um plano do Executivo socialista em criar um grupo de media, apoiado na PT, favorável ao Governo, dizendo ser "totalmente falso que o primeiro-ministro ou o Governo tenha ou tenha tido qualquer plano de controlo da comunicação social"?
Silva Pereira tinha e continua a ter toda a razão. Como se viu quando a TVI mandou a Manuela Moura Guedes pentear macacos (não socialistas), quem tinha esse plano era a mulher que faz a limpeza quer nas instalações do PS, quer nas do Governo e que, ainda por cima, pertence a uma empresa externa, não sendo por isso filiada no PS.
Segundo a dona Maria, a tal empregada de limpeza, o primeiro-ministro nada teve ver, ou a haver, com o assunto até porque, tanto quanto se recorda, ele sempre disse desde que chegou a secretário-geral (2004) do PS, citando o que Santana Lopes suspostamente fizera a Marcelo Rebelo de Sousa na TVI, que não havia nada de mais sagrado do que a liberdade de imprensa.
Quando muito, como disse o Jornal do Pau, “Sócrates limitou-se a chamar a secretária, que chamou o chefe de gabinete, que chamou o assessor, que chamou o Pedro Silva Pereira, que chamou o Armando Vara, que chamou o Paulo Penedos, que chamou o Rui Pedro Soares, que chamou o Zeinal Bava, que chamou o Henrique Granadeiro”.
Seja como for, e fazendo minhas (isto é como quem diz) as palavras de Pedro Silva Pereira, "Portugal tem uma comunicação social inteiramente livre". Eu diria mesmo, totalmente livre. Ou até, mais livre do que a própria liberdade. É claro que a organização não governamental Repórteres Sem Fronteira (RSF), que nada percebe da poda, diz que Portugal passou – em matéria de liberdade de imprensa – do 30º lugar em 2009 para o 40º em 2010.
Para além da atribuir na altura a paternidade do plano ao pai errado (era mãe e era a dona Maria), o "Sol" estava a tapar-se com uma peneira, esquecendo-se de dizer que se em relação à TVI o plano visaria o controlo da estação, em alguns jornais já há muito se concretizara.
"Se a divulgação das escutas é criticável, não é porque o Governo possa ter receios na divulgação das escutas, mas porque se trata da divulgação de actos criminosos e da violação do segredo de justiça", justificou Silva Pereira que – na minha opinião muito bem – veio a terreiro defender (apesar de tudo) os direitos constitucionais da mulher da limpeza.
Seja como for, Portugal cimenta todos os dias a sua imagem de um país “feio, porco e mau”. Basta ver, já para não falar dos P(R)EC, os casos Face Oculta, Casa Pia, Free Port, BPN, BPP etc. etc. etc. Não há mulheres da limpeza que cheguem para arcar com todos eles.
Desde logo porque, por experiência própria, até as mulheres de limpeza sabem que às segundas, quartas e sextas o dono do país (José Sócrates) diz uma coisa diferente do que diz às terças, quintas e sábados. Salva-se o domingo, dia em que o primeiro-ministro decide que tudo o que disse até aí é da mais pura coerência política.
24.10.2010 - orlando.s.castro@gmail.com
.
É parecido com o Período Revolucionário em Curso (PREC) mas, no âmbito do Simplex, passou a chamar-se Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC). Nas suas várias versões, das quais a mais recente é o próprio Orçamento do Estado socialista de Portugal, o P(R)EC de José Sócrates tem duas variantes incontestáveis: estabilidade (para os socialistas e seus acólitos) e crescimento (para os socialistas e seus acólitos). Já não é mau... para eles.
Um paradigma de todos estes P(R)EC é que foram apresentados como sendo a obra-prima do mestre (Sócrates), embora vistos e sentidos pelos portugueses de segunda (os que não são socialistas) como a prima do mestre de obras que, mesmo assim, também ela é, pelo sim e pelo não, socialista.
E por falar no P(R)EC socialista, ainda se lembram de uma coisita chamada “Face Oculta”? Ainda se lembram que Pedro Silva Pereira reagiu então (12 de Fevereiro deste ano) à notícia do semanário "Sol" que dava conta de um plano do Executivo socialista em criar um grupo de media, apoiado na PT, favorável ao Governo, dizendo ser "totalmente falso que o primeiro-ministro ou o Governo tenha ou tenha tido qualquer plano de controlo da comunicação social"?
Silva Pereira tinha e continua a ter toda a razão. Como se viu quando a TVI mandou a Manuela Moura Guedes pentear macacos (não socialistas), quem tinha esse plano era a mulher que faz a limpeza quer nas instalações do PS, quer nas do Governo e que, ainda por cima, pertence a uma empresa externa, não sendo por isso filiada no PS.
Segundo a dona Maria, a tal empregada de limpeza, o primeiro-ministro nada teve ver, ou a haver, com o assunto até porque, tanto quanto se recorda, ele sempre disse desde que chegou a secretário-geral (2004) do PS, citando o que Santana Lopes suspostamente fizera a Marcelo Rebelo de Sousa na TVI, que não havia nada de mais sagrado do que a liberdade de imprensa.
Quando muito, como disse o Jornal do Pau, “Sócrates limitou-se a chamar a secretária, que chamou o chefe de gabinete, que chamou o assessor, que chamou o Pedro Silva Pereira, que chamou o Armando Vara, que chamou o Paulo Penedos, que chamou o Rui Pedro Soares, que chamou o Zeinal Bava, que chamou o Henrique Granadeiro”.
Seja como for, e fazendo minhas (isto é como quem diz) as palavras de Pedro Silva Pereira, "Portugal tem uma comunicação social inteiramente livre". Eu diria mesmo, totalmente livre. Ou até, mais livre do que a própria liberdade. É claro que a organização não governamental Repórteres Sem Fronteira (RSF), que nada percebe da poda, diz que Portugal passou – em matéria de liberdade de imprensa – do 30º lugar em 2009 para o 40º em 2010.
Para além da atribuir na altura a paternidade do plano ao pai errado (era mãe e era a dona Maria), o "Sol" estava a tapar-se com uma peneira, esquecendo-se de dizer que se em relação à TVI o plano visaria o controlo da estação, em alguns jornais já há muito se concretizara.
"Se a divulgação das escutas é criticável, não é porque o Governo possa ter receios na divulgação das escutas, mas porque se trata da divulgação de actos criminosos e da violação do segredo de justiça", justificou Silva Pereira que – na minha opinião muito bem – veio a terreiro defender (apesar de tudo) os direitos constitucionais da mulher da limpeza.
Seja como for, Portugal cimenta todos os dias a sua imagem de um país “feio, porco e mau”. Basta ver, já para não falar dos P(R)EC, os casos Face Oculta, Casa Pia, Free Port, BPN, BPP etc. etc. etc. Não há mulheres da limpeza que cheguem para arcar com todos eles.
Desde logo porque, por experiência própria, até as mulheres de limpeza sabem que às segundas, quartas e sextas o dono do país (José Sócrates) diz uma coisa diferente do que diz às terças, quintas e sábados. Salva-se o domingo, dia em que o primeiro-ministro decide que tudo o que disse até aí é da mais pura coerência política.
24.10.2010 - orlando.s.castro@gmail.com
.
Sem comentários:
Enviar um comentário