sexta-feira, 12 de novembro de 2010

DE JOELHOS PERANTE O MPLA

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NOTÍCIAS LUSÓFONAS

Ribeiro e Castro, deputado português, descobriu, em Luanda, que afinal tudo está bem no reino de José Eduardo dos Santos

O presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros da Assembleia da República Portuguesa, José Ribeiro e Castro, disse hoje, em Luanda, trazer por ocasião dos 35 anos de independência de Angola, uma mensagem solene de grande confiança e de fé no futuro e de desenvolvimento do país. Falando à Angop, o deputado do CDS-PP disse acreditar no crescimento económico, na paz, na reconstrução nacional, no fortalecimento da democracia e do Estado de Direito em Angola. Nenhum deputado do regime teria dito melhor. Sobretudo quando a miopia, a subserviência e a coluna vertebral amomível se juntam para dar lugar a um bom servo do regime.

José Castro, em visita oficial de sete dias a Angola, desde domingo, disse ainda acreditar na reconstrução e reconciliação nacional, na unidade do país, no enraizamento da democracia e do Estado de direito.

Ribeiro Castro disse igualmente, segundo a agência de informação do regima, esperar que Angola seja cada vez mais forte, mais próspera, com justiça para todos e que o desenvolvimento económico chegue para todos recantos de Angola.

"Queria abraçar o povo angolano neste dia que é de festa e desejar os maiores sucessos ao futuro deste país irmão", afirma Ribeira e Castro, acrescetando que a paz, alcançada em 2002, trouxe muitos avanços para Angola.

Para este deputado português, a paz representa, não só o fim do flagelo da guerra, do sofrimento, das famílias e da dor, mas também a abertura de grandes "avenidas" de crescimento e da possibilidade de a prosperidade chegar a todo o lado.

Tão lesto a criticar outros políticos, recorde-se por exemplo que no dia 23 de Outubro de 2008, Ribeiro e Castro acusou o primeiro-ministro português, José Sócrates, de ser "lambe-botas" do presidente venezuelano Hugo Chavez e de prosseguir uma "política externa de cócoras", o deputado do CDS parece agora ter tido uma daquelas oportunas crises de memória. Se calhar foi da água do Bengo.

Não teria ficado mal (isso é que era bom!), até porque corresponde à verdade, que Ribeiro e Castro tivesse feito mesmo que de forma ténue e sem os epítetos que utilizou para o primeiro-ministro do seu país uma alusão ao presidente de Angola, que só está no poder – sem ter sido eleito – há 31 anos.

Se durante o debate sobre "perseguições políticas na Venezuela" no Parlamento Europeu, Estrasburgo, Ribeiro e Castro lamentou que "Portugal esteja a ser transformado na sala de visitas do tirano", o que dirá ele do presidente de Angola?

Pelos vistos nada. É que há turanos bons e mais, sendo que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, é um dos maus... apesar de ter sido eleito. Pelo contrário, o de Angola é dos bons... mesmo sem estar legitimado pelo voto dos angolanos.

Na altura, Ribeiro e Castro considerou fundamental que a Europa adopte uma resposta mais clara e eficaz e não mostre "indiferença, senão cumplicidade", diante de situações em que "listas de nomes de opositores ao regime de Hugo Chavez têm sido usadas para impedir candidaturas às eleições regionais".

Nada disto se aplica a Angola, país em que – como bem sabe Ribeiro e Castro - nas eleições legislativas até os mortos votaram (no MPLA, é claro)?

Também não seria mau, embora o MPLA não goste, que Ribeiro e Castro fosse olhando para aquele território a norte de Angola que, como sabe, está ocupado pelos norte-americanos e pelos angolanos e que dá pelo nome de Cabinda.

De vez em quando olhar para Cabinda já não seria mau. Sem esquecer, obviamente, a Venezuela.
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