domingo, 28 de novembro de 2010

Mário Sérgio: 'Vencemos. Trouxemos a paz para a comunidade do Alemão'

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Comboios com centenas de policiais participaram da invasão ao conjunto de favelas do Complexo do Alemão Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia

O DIA – 28 novembro 2010

Polícia encontra 'mansão'
de chefe do tráfico Alexander Mendes da Silva, o Polegar

Rio - "Vencemos. Trouxemos a paz para a comunidade do Alemão". Com estas palavras, o comandante geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, comemorou a vitória das forças de segurança sobre traficantes do conjunto de favelas mais perigoso do Rio.

Por volta de 8h, policiais militares, civis e federais com ajuda das Forças Armadas, iniciaram a ocupação do Complexo do Alemão. Muitos tiros foram ouvidos e vinte pessoas acabaram detidas - um deles já tinha mandado de prisão por homicídio. Quatro toneladas de maconha, 16 fuzis, uma metralhadora calibre .30, granadas e munição em grande quantidade foram apreendidos.

Em uma residência do traficante Alexander Mendes da Silva, o Polegar, três fuzis, armas desmontadas, 15 coletes do Exército e grande quantidade de armas. Policiais da 27ª DP (Vila da Penha) conseguiram prender quatro pessoas na Favela da Grota. Os policiais informaram que não houve resistência ou mesmo barreiras do tráfico no caminho até o local.

A polícia também prendeu um homem conhecido como 'Do Mal', que seria gerente do tráfico do Morro do Adeus. Com ele, a polícia também prendeu uma mulher, que seria sua companheira. Foram apreendidos uma farda do Exército e uma granada.

Aproximadamente 2,7 mil homens - entre policiais civis e militares, membros das Forças Armadas estão no Alemão como parte do esforço para livrar as 15 comunidades das garras de traficantes. Blindados da Marinha e do Exército, assim como helicópteros da Aeronáutica, da Polícia Civil e caveirões deram apoio às tropas no solo.

Após o sucesso na incursão, o coronel Mário Sérgio pediu cuidado aos policiais, pois mesmo após a tomada do território bandidos e armas ainda podem estar escondidos.

"Apenas retomamos o território, mas agora é que vem a parte mais difícil e cansativa. Temos que revistar todas as casas. Muitos deles (bandidos) ainda devem estar dentro destas comunidades e precisamos ter muito cuidado", disse Mário Sérgio.

Em meio ao intenso confronto, moradores do Alemão gritaram palavras de apoio aos policiais e muitos se arriscavam nas janelas com máquinas fotográficas e panos brancos que representavam pedidos de paz.

Militares ocupam o Complexo do Alemão: 'Vencemos. Trouxemos a paz para a comunidade', comemora o comandante geral da PM Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia

Ataques começaram no domingo ao meio-dia

A onda de ataques violentos no Rio e Grande Rio começou no domingo 21 de novembro, por volta do meio-dia, na Linha Vermelha, quando seis bandidos armados com cinco fuzis e uma granada fecharam a pista sentido Centro, altura de Vigário Geral. Os criminosos, em dois carros, levaram pertences de passageiros e queimaram dois veículos, após expulsarem os ocupantes. Para o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, as ações criminosas são uma reação contra a política de ocupação de territórios do tráfico, por meio das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e a transferências de bandidos para presídios federais em outros estados.

Na manhã da segunda-feira, cinco bandidos armados atacaram motoristas no Trevo das Margaridas, próximo à Avenida Brasil, em Irajá, também na Zona Norte. Os criminosos roubaram e incendiaram três veículos. No mesmo dia, criminosos armados com fuzis atiraram em uma cabine da PM na rua Monsenhor Félix, em frente ao Cemitério de Irajá. A PM acredita que o incidente tenha sido provocado pelos mesmos bandidos que haviam incendiado os três carros na mesma manhã. À noite, traficantes incendiaram dois carros na Rodovia Presidente Dutra, na altura da Pavuna. Foi o quinto ataque a motoristas em menos de 48 horas. Na Zona Norte, outra cabine da Polícia Militar foi metralhada.

No dia seguinte, as polícias Militar e Civil se uniram para reforçar o patrulhamento pelas ruas do Rio. O efetivo foi redobrado para controlar os ataques dos bandidos. A operação, que se chamou 'Fecha Quartel', suspendeu todas as folgas dos policiais militares do Rio de Janeiro. Mais de 20 favelas foram invadidas e armas e drogas foram apreendidas. Bandidos foram presos e alguns criminosos mortos em confronto com agentes.

Na quarta-feira 24 de novembro, novos ataques: ônibus, van e carros foram incendiados na Zona Norte do Rio, Baixada Fluminense e Niterói. Sérgio Cabral, governador do Rio, desafiou os bandidos: 'Não há paz falsa. Não negociamos'. Em uma reunião de cúpula da Segurança Pública do Estado, ficou decidido que a Marinha daria apoio logístico às operações de resposta aos ataques de bandidos.

Em mais um dia de veículos incendiados espalhados pela cidade, mais de 450 homens - entre polícias Militar e Civil e fuzileiros da Marinha, com o apoio de blindados de guerra da força naval, tomaram a Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. Emissoras de tv mostraram, ao vivo, centenas de bandidos armados fugindo para comunidades vizinhas. Cenas históricas que mostraram a atual situação do Rio de Janeiro. Na sexta-feira 26 de novembro, o Exército e a Polícia Federal entraram na batalha.

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