segunda-feira, 1 de novembro de 2010

NA CASA PORTUGUESA JÁ NÃO HÁ PÃO E VINHO SOBRE A MESA

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ORLANDO CASTRO, jornalista – NOTÍCIAS LUSÓFONAS

O jornal alemão “Frankfurter Allgemeine” afirma hoje que "quem tem na mão as chaves da governação em Portugal" já não é José Sócrates, mas sim Pedro Passos Coelho. Assim, no país que é cada vez mais o dono da União Europeia, o sentimento é que muda o “carrasco” mas – é claro – os “escravos” continuam a ser os mesmos: 700 mil desempregados, 20% de pobres e mais outros 20% com a pobreza a bater à porta.

Diz o jornal que Passos Coelho “terá de escolher entre a peste e a cólera”, se deixar passar o Orçamento do Estado (OE) para 2011 no Parlamento, na votação na generalidade na quarta-feira, como anunciou. É claro que, como sempre, os donos de Portugal estão imunes à cólera e à peste.

O jornal lembra, e nunca é demais fazê-lo, que o PSD vai viabilizar um OE que prevê um aumento do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) de 21 para 23 por dento, contrariando a palavra dada por Passos Coelho de não permitir mais impostos.

Por outro lado, se travar o Orçamento, “mergulhará o país numa situação económica precária, e também numa crise política”, afirma o “Frankfurter Allgemeine”. Ou seja, os portugueses têm de escolher entre um prato vazio e um prato sem nada. Tudo porque, mais uma vez, são governados por quem apenas pensa nos poucos que têm milhões e não nos milhões que têm pouco ou nada.

“Ele (Pasos Coelho) apoiou o rumo de austeridade de Sócrates e aumentos de impostos no pacto de estabilidade anterior, e para os portugueses, colocou-se ao mesmo nível do primeiro-ministro”, acrescenta o jornal. Sendo farinha do mesmo saco, ambos vão insistir na tese de que os portugueses conseguirão viver sem comer.

No perfil de Passos Coelho, o jornal sublinha ainda que o presidente do PSD quer ser considerado um social democrata liberal, “com a tónica no liberal”, que não esconde as críticas à situação do país. E acrescenta: “No entanto, fá-lo com um sorriso que Sócrates já perdeu, após cinco duros anos de governação”.

Assim sendo, numa casa que é portuguesa, com certeza, já deixou de haver pão e vinho sobre a mesa. Mas os responsáveis, esses continuam a cantar e a rir, antes, durante e depois das pelo menos três refeições que têm por dia.

01.11.2010 - orlando.s.castro@gmail.com
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