sexta-feira, 5 de novembro de 2010

"Nunca votarei de olhos fechados, serei implacável contra a corrupção"...

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... aviso de Seguro à direção da bancada do PS

PMF – LUSA

Lisboa, 04 nov (Lusa) - O deputado socialista António José Seguro avisou hoje a direção parlamentar liderada por Francisco Assis que nunca aceitará votar leis de "olhos fechados" e que será "implacável" na questão do combate à corrupção.

De acordo com vários deputados socialistas contactados pela agência Lusa, António José Seguro tomou esta posição na reunião de hoje de manhã do Grupo Parlamentar do PS para "sinalizar" a sua atitude na questão das alterações à lei de financiamento dos partidos.

Na quarta-feira, em plenário, António José Seguro viu ser rejeitado pelo PS, PSD e PCP, um pedido para adiar a votação da lei do financiamento dos partidos - requerimento que, porém, mereceu o voto favorável de 36 deputados socialistas e que gerou a maior fratura dos últimos anos na bancada do PS.

A alteração à lei do financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais foi depois aprovada em votação final global com os votos favoráveis do PS e do PSD, com nove deputados socialistas a optarem pela abstenção. PCP, BE e PEV votaram contra e o CDS-PP absteve-se.

Após este episódio, o ex-ministro de António Guterres foi hoje de manhã à reunião do Grupo Parlamentar do PS e deixou um aviso: "Não voto leis de olhos fechados".

"Nem voto leis contra os meus princípios. Serei implacável no combate à corrupção", disse Seguro, citado por deputados da sua bancada.

Na questão das alterações à lei de financiamento dos partidos, vários vice-presidentes da bancada socialista, entre eles Strecht Ribeiro e Sérgio Sousa Pinto, também observaram que não tiveram conhecimento prévio do teor das alterações finais introduzidas na lei de financiamento dos partidos.

Na bancada do PS, este processo foi conduzido pelo vice-presidente do Grupo Parlamentar Ricardo Rodrigues, que na reunião de hoje explicou o alcance das alterações introduzidas.

Para vários deputados do PS, no entanto, essas explicações de Ricardo Rodrigues chegaram "tarde".

De resto, logo na quarta-feira, António José Seguro afirmou aos jornalistas que apenas recebeu o texto ao final da tarde de terça-feira.

"Eu não compreendo porque é que as leis do financiamento dos partidos ou aparecem na véspera no final da tarde como foi este, ou aparecem no próprio dia, como aconteceu o ano passado [quando votou contra]. Não estou a dizer que foi de propósito, eu é que não aceito este tipo de regras e de funcionamento", disse Seguro.

Hoje, António José Seguro também fez questão de repudiar o rumor segundo o qual os deputados socialistas que votaram ao seu lado se organizaram "pela calada".

O ex-ministro de Guterres disse ter colocado as suas reservas ao próprio Ricardo Rodrigues e que as comunicou também por telefone ao líder parlamentar Francisco Assis.

Tanto António José Seguro, como o presidente do Grupo Parlamentar do PS, Francisco Assis, são apontados como potenciais candidatos à sucessão de José Sócrates na liderança deste partido.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
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