ORLANDO CASTRO – NOTÍCIAS LUSÓFONAS
O que tem andado a fazer Cavaco Silva, para além de indicar a Sócrates onde está o interruptor?
O Presidente da República de Portugal defende que a preocupação dominante no debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2011 deverá ser a “repartição justa dos sacrifícios”, insistindo na necessidade de se explicar aos portugueses as medidas propostas. Correspondendo ao repto de Cavaco Silva, o governo socialista de José Sócrates já explicou aos portugueses que, tendo em consideração a actual situação das contas públicas e como medida de contenção de despesas, a luz ao fundo do túnel será desligada...
A situação é grave, dizem agora os peritos dos peritos, sobretudo socialistas e sociais-democratas. A essa conclusão chegaram há muito, muito, tempo os portugueses a quem o governo (entre outros) está a obrigar a viver sem comer.
Convenhamos, contudo, que este problema não é exactamente uma preocupação nem de Cavaco Silva, nem de José Sócrates, nem de Pedro Passos Coelho.
Cavaco Silva achou também por bem, recordam-se?, apelar aos portugueses para que façam férias “cá dentro”, para ajudar a inverter e ultrapassar a difícil situação em que o país se encontra.
E ainda bem que fez esse apelo. É que, se o não tivesse feito, certamente os 700 mil desempregados, os 20% de miseráveis e os outros 20% de pobres estariam todos a pensar fazer férias nas Caraíbas.
“Se não estivesse preocupado com a situação geral do país, não teria feito um apelo forte e veemente para que os portugueses passem férias no seu próprio país”, sublinhou o Presidente, esquecendo que quem não tem o que comer... fica em casa.
“Cada um de nós deve pensar no contributo que pode dar para inverter esta situação, e iniciar um movimento sustentável de recuperação económica e parar o agravamento do desemprego”, disse Cavaco Silva.
Creio que o contributo dos portugueses de segunda (todos os que não são do PS) já foi dado, embora não tenha sido escutado por Cavaco Silva. Todos os dias, desde há muito, eles dizem que este Governo não é uma solução para o problema mas, antes, um problema para a solução.
Cavaco Silva afirma que o mal da economia portuguesa está nas finanças públicas, mas que o "medo" dos políticos dificulta a sua correcção, malgrado defender um quase poder de veto para o ministro das Finanças.
O ex-primeiro-ministro, hoje presidente e candidato a presidente, considerou que Portugal tem no máximo um ano e meio para inverter a tendência de degradação da situação económica.
"Parece-me que as medidas que têm de ser tomadas para inverter a situação de marasmo e evitar grandes preocupações quanto ao que acontecerá na proximidade do alargamento da União Europeia e da redução dos apoios estruturais da Comunidade requerem um apoio parlamentar maioritário", afirmou o ex-primeiro-ministro.
"Se não for assim, estou pessimista", acrescentou no final de um conferência na faculdade de Economia do Porto, intitulada "Política Orçamental: Passado, Presente e Futuro".
Para o também economista e professor universitário, será, contudo, "muito complicado" para o próximo Governo resolver "o problema mais grave" que afecta a economia portuguesa: a crise nas finanças públicas.
"Os políticos, como pessoas normais que são, têm medo, e será precisa muita coragem política para adoptar políticas necessárias, mas cuja viabilidade política é duvidosa", afirmou, sublinhando: "Não será nada fácil".
Recorde-se, apenas por mera curiosidade, que lembrando que o Ecofin "está a olhar de forma muito particular para Portugal", Cavaco Silva defendeu que a solução passa, necessariamente, por "reforçar os poderes do ministro das Finanças", que deve contar com o apoio incondicional do primeiro-ministro e dispor "de um poder quase de veto sobre os restantes ministérios".
O objectivo é assegurar a concretização de medidas que se antevêem impopulares, como as reformas da saúde - apostando na gestão privada dos hospitais públicos - e educação, a extinção de alguns serviços públicos, a contenção nas transferências para as autarquias, o equilíbrio das contas externas e o assegurar de "disciplina" nas empresas públicas.
Neste particular, o ex-primeiro-ministro considerou ser necessário acompanhar "quase à semana o endividamento de determinadas empresas públicas, nomeadamente no sector dos transportes e do audiovisual”.
Quanto à evasão e fraude fiscais, apontou como única solução viável, "um claro levantamento do sigilo bancário" sustentando que, mesmo face ao risco de fuga de capitais, "em situação de crise" esta medida se impõe.
Imperativo é, também, "restituir a credibilidade à política orçamental" portuguesa, cuja "imagem de facilitismo e laxismo influenciou negativamente a actuação das empresas e agentes económicos e acabou também por estimular o adiamento de certas reformas estruturais".
"A nossa política orçamental continua a ser a grande fonte de ineficiência económica" em Portugal e é a "primeira razão do mau comportamento da produtividade", considerou, defendendo a realização de orçamentos plurianuais.
Se tudo isto foi dito por Cavaco Silva em Março. Março de... 2002 (sim, de 2002), o que andou o actual presidente a fazer desde essa data?
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O que tem andado a fazer Cavaco Silva, para além de indicar a Sócrates onde está o interruptor?
O Presidente da República de Portugal defende que a preocupação dominante no debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2011 deverá ser a “repartição justa dos sacrifícios”, insistindo na necessidade de se explicar aos portugueses as medidas propostas. Correspondendo ao repto de Cavaco Silva, o governo socialista de José Sócrates já explicou aos portugueses que, tendo em consideração a actual situação das contas públicas e como medida de contenção de despesas, a luz ao fundo do túnel será desligada...
A situação é grave, dizem agora os peritos dos peritos, sobretudo socialistas e sociais-democratas. A essa conclusão chegaram há muito, muito, tempo os portugueses a quem o governo (entre outros) está a obrigar a viver sem comer.
Convenhamos, contudo, que este problema não é exactamente uma preocupação nem de Cavaco Silva, nem de José Sócrates, nem de Pedro Passos Coelho.
Cavaco Silva achou também por bem, recordam-se?, apelar aos portugueses para que façam férias “cá dentro”, para ajudar a inverter e ultrapassar a difícil situação em que o país se encontra.
E ainda bem que fez esse apelo. É que, se o não tivesse feito, certamente os 700 mil desempregados, os 20% de miseráveis e os outros 20% de pobres estariam todos a pensar fazer férias nas Caraíbas.
“Se não estivesse preocupado com a situação geral do país, não teria feito um apelo forte e veemente para que os portugueses passem férias no seu próprio país”, sublinhou o Presidente, esquecendo que quem não tem o que comer... fica em casa.
“Cada um de nós deve pensar no contributo que pode dar para inverter esta situação, e iniciar um movimento sustentável de recuperação económica e parar o agravamento do desemprego”, disse Cavaco Silva.
Creio que o contributo dos portugueses de segunda (todos os que não são do PS) já foi dado, embora não tenha sido escutado por Cavaco Silva. Todos os dias, desde há muito, eles dizem que este Governo não é uma solução para o problema mas, antes, um problema para a solução.
Cavaco Silva afirma que o mal da economia portuguesa está nas finanças públicas, mas que o "medo" dos políticos dificulta a sua correcção, malgrado defender um quase poder de veto para o ministro das Finanças.
O ex-primeiro-ministro, hoje presidente e candidato a presidente, considerou que Portugal tem no máximo um ano e meio para inverter a tendência de degradação da situação económica.
"Parece-me que as medidas que têm de ser tomadas para inverter a situação de marasmo e evitar grandes preocupações quanto ao que acontecerá na proximidade do alargamento da União Europeia e da redução dos apoios estruturais da Comunidade requerem um apoio parlamentar maioritário", afirmou o ex-primeiro-ministro.
"Se não for assim, estou pessimista", acrescentou no final de um conferência na faculdade de Economia do Porto, intitulada "Política Orçamental: Passado, Presente e Futuro".
Para o também economista e professor universitário, será, contudo, "muito complicado" para o próximo Governo resolver "o problema mais grave" que afecta a economia portuguesa: a crise nas finanças públicas.
"Os políticos, como pessoas normais que são, têm medo, e será precisa muita coragem política para adoptar políticas necessárias, mas cuja viabilidade política é duvidosa", afirmou, sublinhando: "Não será nada fácil".
Recorde-se, apenas por mera curiosidade, que lembrando que o Ecofin "está a olhar de forma muito particular para Portugal", Cavaco Silva defendeu que a solução passa, necessariamente, por "reforçar os poderes do ministro das Finanças", que deve contar com o apoio incondicional do primeiro-ministro e dispor "de um poder quase de veto sobre os restantes ministérios".
O objectivo é assegurar a concretização de medidas que se antevêem impopulares, como as reformas da saúde - apostando na gestão privada dos hospitais públicos - e educação, a extinção de alguns serviços públicos, a contenção nas transferências para as autarquias, o equilíbrio das contas externas e o assegurar de "disciplina" nas empresas públicas.
Neste particular, o ex-primeiro-ministro considerou ser necessário acompanhar "quase à semana o endividamento de determinadas empresas públicas, nomeadamente no sector dos transportes e do audiovisual”.
Quanto à evasão e fraude fiscais, apontou como única solução viável, "um claro levantamento do sigilo bancário" sustentando que, mesmo face ao risco de fuga de capitais, "em situação de crise" esta medida se impõe.
Imperativo é, também, "restituir a credibilidade à política orçamental" portuguesa, cuja "imagem de facilitismo e laxismo influenciou negativamente a actuação das empresas e agentes económicos e acabou também por estimular o adiamento de certas reformas estruturais".
"A nossa política orçamental continua a ser a grande fonte de ineficiência económica" em Portugal e é a "primeira razão do mau comportamento da produtividade", considerou, defendendo a realização de orçamentos plurianuais.
Se tudo isto foi dito por Cavaco Silva em Março. Março de... 2002 (sim, de 2002), o que andou o actual presidente a fazer desde essa data?
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