sábado, 6 de novembro de 2010

O QUE É CHINÊS (AFINAL) TAMBÉM É BOM PARA OS PORTUGUESES

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NOTÍCIAS LUSÓFONAS

Hu Jintao visita Portugal e está disposto a abrir os cordões à bolsa para ligar a luz ao fundo do túnel lusitano. E, como convém, Lisboa abre todas as portas ao bom e grande amigo presidente

O presidente chinês, Hu Jintao, hoje esperado em Lisboa, foi considerado "a personalidade mais poderosa do mundo" pela revista norte-americana Forbes, à frente de Barack Obama e do rei da Arábia Saudita, noticiou o jornal China Daily. Disposto a abrir os cordões à bolsa, Hu Jintao prepara-se assim para voltar a acender a luz ao fundo do túnel de Portugal. Afinal, dirão os portugueses, os chineses são mais alguma coisa do que aqueles cidadãos que têm lojas de produtos baratos por tudo quanto é esquinas.

A distinção de Hu Jintao está associada ao elevado crescimento económico da China (10,5 por cento em 2010, segundo prevê o Fundo Monetário Internacional) e à contribuição do país para a recuperação global.

As trocas comerciais entre a China e Portugal estão a subir este ano 40,70 por cento nas contas da alfândega chinesa entre Janeiro e Setembro, indicam dados oficiais divulgados em Macau.

De acordo com os mesmos dados, conhecidos a uma semana da realização da terceira conferência ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que contará com a presença de Wen Jiabao e José Sócrates, chefes dos Governos da China e Portugal, traduzem ainda uma balança muito mais favorável à República Popular.

Apesar de ser o terceiro parceiro comercial lusófono da China, Portugal comprou a Pequim mercadorias no valor de 1,85 mil milhões de dólares (1,31 mil milhões de euros) contra compras chinesas de 546,9 milhões de dólares (388 milhões de euros).

No entanto, enquanto as exportações chinesas subiam 35,60 por cento, as vendas de Portugal aumentaram 61,40 por cento.

A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o fórum que reúne ao nível ministerial de três em três anos.

Entretanto, o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC), a maior instituição bancária da China, está a negociar com o Banco Comercial Português (BCP), com vista à entrada no capital do grupo português.

A notícia é avançada pelo Público, que refere que, num primeiro momento, o ICBC estará interessado em adquirir 10 por cento do capital do BCP.

No entanto, admite-se que o banco chinês venha a acompanhar a dimensão dos interesses angolanos no BCP, representados pela Sonangol. Actualmente, a empresa angolana detém 10 por cento da instituição liderada por Carlos Santos Ferreira, mas já pediu autorização para reforçar essa posição até 20 por cento. Essa será também a quota que o ICBC poderá vir a alcançar.

A concretizar-se o negócio – que será um dos temas-chave da visita do presidente chinês Hu Jintao a Portugal – o BCP transformar-se-ia num projecto de interesse para três Estados: o português (que mantém uma posição através da Caixa Geral de Depósitos); o angolano (através da Sonangol) e o chinês (o ICBC tem capitais públicos).
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