domingo, 28 de novembro de 2010

RECOMEÇA O TIROTEIO NO COMPLEXO DO ALEMÃO

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Vestidos com roupas brancas, moradores do Complexo do Alemão fazem um silencioso protesto pela paz Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia

O DIA – 27 novembro 2010

Rio - Um intenso tiroteio voltou a tomar conta do Complexo do Alemão na noite deste sábado. Além dos tiros, é possível ver balas traçantes, além do barulho de explosões de granadas. Os disparos são feitos do alto do morro e a polícia já fechou a entrada da rua Joaquim Queiroz e está preparada para invadir a favela. Todo o Complexo está cercado e não há luz na comunidade.

No final da tarde deste sábado, o relações públicas da Polícia Militar, coronel Lima Castro, deu um último prazo para que os traficantes do Complexo do Alemão se rendessem: até o sol se pôr. Porém, até este momento, nenhum dos bandidos se dirigiu ao posto montado pela PM na entrada da favela.

Comandante-geral dá primeiro ultimato ainda pela manhã

Na manhã deste sábado, o comandante geral da Polícia Militar, Mario Sergio, já havia dado um ultimato para que os traficantes se entregassem sem resistência e orientou os moradores a se trancarem em casa e evitarem circular pelas ruas. Mario Sergio também determinou que os bandidos saíssem com as mãos para o alto e entregassem suas armas.

“Não vamos recuar da decisão de pacificar o Rio. Estamos com tudo pronto para fazer o resgate deste território e chegando aos momentos finais para alcançar os traficantes que estão no Alemão”, afirmou Duarte, que fez um apelo para que os criminosos se rendam. "Eu peço e ordeno para que eles se rendam. Quem quiser se entregar, faça-o agora", completou.

Ataques começaram no domingo ao meio-dia

A onda de ataques violentos no Rio e Grande Rio começou no domingo 21 de novembro, por volta do meio-dia, na Linha Vermelha, quando seis bandidos armados com cinco fuzis e uma granada fecharam a pista sentido Centro, altura de Vigário Geral. Os criminosos, em dois carros, levaram pertences de passageiros e queimaram dois veículos, após expulsarem os ocupantes. Para o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, as ações criminosas são uma reação contra a política de ocupação de territórios do tráfico, por meio das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e a transferências de bandidos para presídios federais em outros estados.

Na manhã da segunda-feira, cinco bandidos armados atacaram motoristas no Trevo das Margaridas, próximo à Avenida Brasil, em Irajá, também na Zona Norte. Os criminosos roubaram e incendiaram três veículos. No mesmo dia, criminosos armados com fuzis atiraram em uma cabine da PM na rua Monsenhor Félix, em frente ao Cemitério de Irajá. A PM acredita que o incidente tenha sido provocado pelos mesmos bandidos que haviam incendiado os três carros na mesma manhã. À noite, traficantes incendiaram dois carros na Rodovia Presidente Dutra, na altura da Pavuna. Foi o quinto ataque a motoristas em menos de 48 horas. Na Zona Norte, outra cabine da Polícia Militar foi metralhada.

No dia seguinte, as polícias Militar e Civil se uniram para reforçar o patrulhamento pelas ruas do Rio. O efetivo foi redobrado para controlar os ataques dos bandidos. A operação, que se chamou 'Fecha Quartel', suspendeu todas as folgas dos policiais militares do Rio de Janeiro. Mais de 20 favelas foram invadidas e armas e drogas foram apreendidas. Bandidos foram presos e alguns criminosos mortos em confronto com agentes.

Ônibus incendiado

Na quarta-feira 24 de novembro, novos ataques: ônibus, van e carros foram incendiados na Zona Norte do Rio, Baixada Fluminense e Niterói. Sérgio Cabral, governador do Rio, desafiou os bandidos: 'Não há paz falsa. Não negociamos'. Em uma reunião de cúpula da Segurança Pública do Estado, ficou decidido que a Marinha daria apoio logístico às operações de resposta aos ataques de bandidos.

Em mais um dia de veículos incendiados espalhados pela cidade, mais de 450 homens - entre polícias Militar e Civil e fuzileiros da Marinha, com o apoio de blindados de guerra da força naval, tomaram a Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. Emissoras de tv mostraram, ao vivo, centenas de bandidos armados fugindo para comunidades vizinhas. Cenas históricas que mostraram a atual situação do Rio de Janeiro. Na sexta-feira 26 de novembro, o Exército e a Polícia Federal entraram na batalha. A estratégia é ocupar também o Complexo do Alemão.
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