JEREMIAS LANGA - O PAÍS online (Moçambique)
O maior problema da Renamo é ela mesma. Por isso, se quiser fazer parte do futuro, tem que aprender a ver os seus próprios erros antes dos erros dos outros.
A política doméstica foi, esta semana, surpreendida com a notícia de que a Comissão Política da Renamo reuniu-se em Nampula, na presença do seu líder, e deliberou constituir uma Comissão para renegociar com o Governo moçambicano alguns aspectos do Acordo Geral de Paz. A primeira grande novidade desta notícia é a Comissão Política da Renamo reunir-se, de tão inusitado que é, efectivamente, um órgão social deste partido reunir-se formalmente. A segunda grande novidade é o líder do partido orientar essas mesmas reuniões. Na verdade, já há muito que Afonso Dhlakama se demitira de liderar o seu partido. Nós os outros, pensávamos mesmo que Dhlakama se estava a proporcionar um período sabático, que era, mais ou mesmo, um ensaio de um abandono destas coisas de política.
Por tudo isto, o facto mais relevante da reunião de Nampula da Comissão Política da Renamo é mais o encontro em si do que propriamente o quer tiver sido decidido. Em abono da verdade, Afonso Dhlakama transformou-se num líder da oposição sui generis, que merece ser estudado pelos melhores cientistas políticos deste país. Foge da capital, do protagonismo e do poder de uma forma absolutamente impressionante para quem aspira(va) governar.
Se é certo que o maior vitorioso desta desarticulação da Renamo e a ausência prolongada do seu líder é o partido no poder, não é menos verdade que o maior perdedor desta decadência é a nossa democracia. Enquanto fez política a sério, e não agora que se enclausurou numa inexplicável prisão domiciliária em Nampula, Afonso Dhlakama era, para todos os efeitos, mesmo com disparatadas intervenções amiúde, um mal necessário para a nossa política. É um líder como poucos: tem carisma e um extraordinário dom de arrastar multidões para um líder que perde 4 eleições consecutivas. O problema é que nunca ninguém, dentro do seu partido, conseguiu tirar proveito das suas qualidades. A consequência disso é que os defeitos se sobrepuseram em demasia às virtudes e mataram, precocemente, um político, que deveria ter dado mais do que se permitiu dar.
Os líderes dos partidos são determinantes para a sua afirmação, são o farol das organizações, mas um partido que faça do seu líder um monarca, que tudo sabe e sozinho decide, não tem como se afirmar. Este foi o erro da Renamo. Viveu sempre à sombra do seu líder e nunca percebeu que um partido é a soma das partes que o constituem, partes essas que são os seus membros.
A Renamo, na verdade, foi sempre o partido do Sr. Afonso Dhlakama. Tudo sempre girou em torno do líder e está difícil acordar disso. Os seus membros sempre estiveram mais divididos do que mobilizados à volta do seu líder. Sempre se sujeitaram a clientelismos e a jogos de pequenos poderes e influências para ganharem a simpatia do líder e assim se manterem, mais ou menos, em lugares privilegiados no partido. Os que a isto resistiram, as gentes capazes, honestas e bem intencionadas que havia no partido, a seguir ao fim da guerra, sucumbiram. Aparelhos partidários como estes são assim mesmo: premeiam os caciques e mantegueiros e castigam ou amulam gente capaz.
Qual senhor feudal, com esta estratégia, Afonso Dhlakama tem sobrevivido politicamente como líder do partido, mesmo que isso seja às custas do próprio partido e do sacrifício de quadros competentes. Desaparece um tempo prolongado e, num ápice, reaparece com discursos populistas, que desviam o verdadeiro debate que se impõe dentro do partido: a necessidade de uma reflexão interna profunda que há muito deixou de existir na Renamo. Até agora, tem dado certo. São sempre os outros a caírem e o líder a sobreviver, sem nunca ter surgido uma oposição interna séria e credível para lhe fazer face.
Mas o certo é que o tempo urge para a Renamo. Ela já esperou tudo o que havia a esperar de Afonso Dhlakama. Agora, é momento de perceber que acabou o tempo de viver dos devaneios políticos do seu líder. É tempo de começar a encarar a sua própria realidade, por mais dura que seja; é tempo de perceber que o seu maior problema não é a Frelimo, não é a partidarização do Estado, da Polícia, das Forças Armadas, como propala todos os dias. O maior problema da Renamo é ela mesma. Por isso, se quiser fazer parte do futuro, tem que aprender a ver os seus próprios erros antes dos erros dos outros.
A Renamo anunciou a criação de uma comissão para renegociar com o Governo os termos de alguns aspectos do Acordo Geral de Paz. É um absurdo político 18 anos depois querer reavivar Roma. É negar todo o percurso feito pelo país desde 1992. Ao longo deste 18 anos, enquanto a Renamo adormecia, o país criou uma ordem jurídica e política própria que, felizmente, funciona e é exemplar em África. Esta ordem deve ser respeitada por todos, sem nenhuma exclusão. Não pode haver cidadãos ou instituições que se regem pela ordem normal vigente e outros pelo Acordo Geral de Paz. Mesmo que essas instituições sejam partidos políticos que lutaram e “libertaram” o paz. O AGP é agora apenas uma parte marcante da história deste país. Nada mais do que isso.
Ao evocar o AGP, hoje, a Renamo e o seu líder mostram que vivem ainda ancorados ao seu passado. Os seus discursos, invariavelmente, só sabem evocar o passado. Do presente, e sobretudo do futuro, nada se ouve deles. Um partido assim não se pode constituir alternativa de poder!
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O maior problema da Renamo é ela mesma. Por isso, se quiser fazer parte do futuro, tem que aprender a ver os seus próprios erros antes dos erros dos outros.
A política doméstica foi, esta semana, surpreendida com a notícia de que a Comissão Política da Renamo reuniu-se em Nampula, na presença do seu líder, e deliberou constituir uma Comissão para renegociar com o Governo moçambicano alguns aspectos do Acordo Geral de Paz. A primeira grande novidade desta notícia é a Comissão Política da Renamo reunir-se, de tão inusitado que é, efectivamente, um órgão social deste partido reunir-se formalmente. A segunda grande novidade é o líder do partido orientar essas mesmas reuniões. Na verdade, já há muito que Afonso Dhlakama se demitira de liderar o seu partido. Nós os outros, pensávamos mesmo que Dhlakama se estava a proporcionar um período sabático, que era, mais ou mesmo, um ensaio de um abandono destas coisas de política.
Por tudo isto, o facto mais relevante da reunião de Nampula da Comissão Política da Renamo é mais o encontro em si do que propriamente o quer tiver sido decidido. Em abono da verdade, Afonso Dhlakama transformou-se num líder da oposição sui generis, que merece ser estudado pelos melhores cientistas políticos deste país. Foge da capital, do protagonismo e do poder de uma forma absolutamente impressionante para quem aspira(va) governar.
Se é certo que o maior vitorioso desta desarticulação da Renamo e a ausência prolongada do seu líder é o partido no poder, não é menos verdade que o maior perdedor desta decadência é a nossa democracia. Enquanto fez política a sério, e não agora que se enclausurou numa inexplicável prisão domiciliária em Nampula, Afonso Dhlakama era, para todos os efeitos, mesmo com disparatadas intervenções amiúde, um mal necessário para a nossa política. É um líder como poucos: tem carisma e um extraordinário dom de arrastar multidões para um líder que perde 4 eleições consecutivas. O problema é que nunca ninguém, dentro do seu partido, conseguiu tirar proveito das suas qualidades. A consequência disso é que os defeitos se sobrepuseram em demasia às virtudes e mataram, precocemente, um político, que deveria ter dado mais do que se permitiu dar.
Os líderes dos partidos são determinantes para a sua afirmação, são o farol das organizações, mas um partido que faça do seu líder um monarca, que tudo sabe e sozinho decide, não tem como se afirmar. Este foi o erro da Renamo. Viveu sempre à sombra do seu líder e nunca percebeu que um partido é a soma das partes que o constituem, partes essas que são os seus membros.
A Renamo, na verdade, foi sempre o partido do Sr. Afonso Dhlakama. Tudo sempre girou em torno do líder e está difícil acordar disso. Os seus membros sempre estiveram mais divididos do que mobilizados à volta do seu líder. Sempre se sujeitaram a clientelismos e a jogos de pequenos poderes e influências para ganharem a simpatia do líder e assim se manterem, mais ou menos, em lugares privilegiados no partido. Os que a isto resistiram, as gentes capazes, honestas e bem intencionadas que havia no partido, a seguir ao fim da guerra, sucumbiram. Aparelhos partidários como estes são assim mesmo: premeiam os caciques e mantegueiros e castigam ou amulam gente capaz.
Qual senhor feudal, com esta estratégia, Afonso Dhlakama tem sobrevivido politicamente como líder do partido, mesmo que isso seja às custas do próprio partido e do sacrifício de quadros competentes. Desaparece um tempo prolongado e, num ápice, reaparece com discursos populistas, que desviam o verdadeiro debate que se impõe dentro do partido: a necessidade de uma reflexão interna profunda que há muito deixou de existir na Renamo. Até agora, tem dado certo. São sempre os outros a caírem e o líder a sobreviver, sem nunca ter surgido uma oposição interna séria e credível para lhe fazer face.
Mas o certo é que o tempo urge para a Renamo. Ela já esperou tudo o que havia a esperar de Afonso Dhlakama. Agora, é momento de perceber que acabou o tempo de viver dos devaneios políticos do seu líder. É tempo de começar a encarar a sua própria realidade, por mais dura que seja; é tempo de perceber que o seu maior problema não é a Frelimo, não é a partidarização do Estado, da Polícia, das Forças Armadas, como propala todos os dias. O maior problema da Renamo é ela mesma. Por isso, se quiser fazer parte do futuro, tem que aprender a ver os seus próprios erros antes dos erros dos outros.
A Renamo anunciou a criação de uma comissão para renegociar com o Governo os termos de alguns aspectos do Acordo Geral de Paz. É um absurdo político 18 anos depois querer reavivar Roma. É negar todo o percurso feito pelo país desde 1992. Ao longo deste 18 anos, enquanto a Renamo adormecia, o país criou uma ordem jurídica e política própria que, felizmente, funciona e é exemplar em África. Esta ordem deve ser respeitada por todos, sem nenhuma exclusão. Não pode haver cidadãos ou instituições que se regem pela ordem normal vigente e outros pelo Acordo Geral de Paz. Mesmo que essas instituições sejam partidos políticos que lutaram e “libertaram” o paz. O AGP é agora apenas uma parte marcante da história deste país. Nada mais do que isso.
Ao evocar o AGP, hoje, a Renamo e o seu líder mostram que vivem ainda ancorados ao seu passado. Os seus discursos, invariavelmente, só sabem evocar o passado. Do presente, e sobretudo do futuro, nada se ouve deles. Um partido assim não se pode constituir alternativa de poder!
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